No terceiro dia do julgamento do ex-jogador de futebol Janken Ferraz Evangelista, de 30 anos, acusado de matar em março de 2009 a ex-mulher, a Promotoria refutou a tese de que o réu tenha agido em legítima defesa. Para os advogados de Janken, ele matou para não morrer e se excedeu no momento de se defender. O julgamento que acontece no Fórum da Barra Funda, na Zona Oeste de São Paulo, foi interrompido por volta das 23h de terça-feira (6) após o depoimento das testemunhas e do ex-jogador e retomado nesta quarta-feira (7). Além de homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima), a Promotoria quer que Janken seja punido por furto de um celular da vítima e por subtração de incapaz, pois o filho do casal foi levado pelo pai do local do crime. Na época, a mãe possuía a guarda exclusiva da criança.
O promotor Marcelo Rovere afirmou que Ana Cláudia Melo da Silva, de 18 anos, tinha o sonho de se casar com um jogador de futebol, mas teria sido enganada por Janken. Segundo Rovere, ele sempre demonstrou a intenção de ter a guarda da criança. Com esse intuito, teria levado a vítima e o filho do casal para morar na sua cidade, Teixeira de Freitas, na Bahia. Lá chegando, Ana Cláudia se viu envolvida por uma família de lunáticos. Na versão da acusação, Janken e a sua mãe provocavam a vítima a ponto de tirá-la do sério e fazer com que ela o agredisse a fim de usar essas a agressões posteriormente a seu favor.
Para Rovere, a versão do réu quanto às circunstâncias do crime não é comprovada pelo laudo da perícia científica. Embora Janken diga que a vítima pegou a faca para lhe atacar, ele teve apenas pequenos cortes nas mãos e escoriações, o que torna inverossímil, na análise do Ministério Público, a tese de que ele teria conseguido desarmá-la e desferido os golpes posteriormente. O promotor destaca que, pouco depois do crime, o ex-jogador deixou a casa com uma camisa branca, que ele arruma diante das câmeras do elevador do prédio, sem deixar marcas de sangue provocado pelo suposto ataque da vítima.
A Promotoria ainda destacou que o primeiro golpe teria atingido as costas da vítima. Cerca de outros dez feriram o pescoço, o que deixa clara a intenção de matar, segundo Rovere. Para a acusação, não restam dúvidas de que o filho do casal, que na época tinha menos de 2 anos, teria presenciado a cena, enquanto a defesa descarta essa possibilidade.
Para Mauro Nacif, advogado de Janken, é absurda a versão do desenvolvimento da briga apresentada pela Promotoria, pois o crime não foi premeditado. No dia do crime, Janken e Ana Cláudia foram a um jogo de Santos e Corinthians, no Estádio do Pacaembu. Na volta, ele acompanhou a ex-mulher o filho até o apartamento onde ela morava na Zona Sul de São Paulo.
Segundo ele, o casal estava se reconciliando e no dia do crime a confusão teria começado porque Janken quis ver uma mensagem no celular de Ana Cláudia. Ele quis ver. Ninguém tem sangue de barata, disse Nacif. A tragédia aconteceu porque ela pegou a faca. Ele matou para não morrer. Estava em tempestade psíquica, afirmou Nacif. Os advogados de Janken pediram para que os jurados, caso tenham dúvida sobre quem teria pegado a faca, que fossem favoráveis ao réu. O crime não teve testemunhas.
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