Protesto no Rio de Janeiro termina com diálogo e sem violência

Protesto no Rio de Janeiro termina com diálogo e sem violência

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:06
protesto rio de janeiro
Um novo protesto marcado para esta quinta-feira (25) na porta do governador Sérgio Cabral, no Leblon, Zona Sul do Rio, teve um fim bem diferente do das últimas manifestações na cidade. Desta vez não teve coquetel molotov, bala de borracha ou vandalismo. Apenas uma bomba de gás lacrimogêneo foi disparada, já após a dispersão da grande maioria dos manifestantes, por volta de 1h, quando houve uma mudança no grupo de policiais que acompanhou o protesto.
Controversa por esconder o nome e exibir apenas letras e números na farda — além de fazer revistas —, a equipe de agentes mediou os desentendimentos com educação. Cerca de 100 policiais militares acompanharam os mais de 300 manifestantes até pouco depois da meia-noite. Foram quase oito quilômetros, do Leblon ao Leme, passando em paz por milhares de peregrinos que foram ver o Papa Francisco em Copacabana. 
Ao contrário de atos recentes que terminaram em confrontos e quebra-quebra, as armas desta vez foram as palavras contra o governo, a polícia e os gastos públicos com a Jornada Mundial da Juventude (JMJ). Arma propriamente dita só foi encontrada uma, apesar das dezenas de averiguações a mascarados. O dono de uma faca foi detido.
 
Pouco depois da meia-noite, quando este "novo" grupo de policiais deu o protesto por encerrado e se foi, o clima ficou tenso. Manifestantes usaram grades dos bloqueios da JMJ para fechar o acesso ao Túnel Novo, que liga Botafogo a Copacabana. Um policial militar respaldou a passagem de um ônibus pela via, apesar da rua ainda estar fechada pelo povo. O veículo bateu em alguns manifestantes, que se machucaram, e vários outros se revoltaram com a situação.
 
 
Policiais do Batalhão de Choque, que eram numerosos na Rua Aristides Espínola, na porta de Sérgio Cabral, e até então não haviam atuado, chegaram para liberar a via. Após diálogo com os manifestantes e sem tumulto, conseguiram liberar parcialmente a pista.
 
Pouco depois, já com o protesto disperso, PMs correram em direção ao túnel, supostamente em perseguição a um homem. Uma única bomba de gás foi lançada para impedir que os manifestantes corressem atrás. Depois de mais diálogo, as pistas foram totalmente liberadas e o ato acabou, por volta de 1h30.
 
Identificação alfa-numérica
As revistas aos manifestantes e acusações da presença de policiais infiltrados – os P2s – foram outros momentos tensos do ato, que começou por volta das 17h. Um jovem teve uma faca achada na mochila e chegou a ser retirado da multidão do Leblon por policiais, que disseram que o levariam para a 14ª DP (Leblon) para averiguação. A informação não foi confirmada pela Polícia Civil.
Outro tema recorrente no protesto foi o apoio à família do pedreiro Amarildo de Souza, conhecido como “Boi”, que desapareceu no dia 14 após prestar depoimento a policiais da Unidade de Polícia Pacificadora da Rocinha. A família dele - mulher e seis filhos - entrou nesta quinta no Programa de Proteção à Testemunha.
 
Os PMs que acompanharam a manifestação tinham uma identificação alfa-numérica nos uniformes, o que causou preocupação inicialmente, pela ausência do nome, mas a relação se manteve amistosa. Um exemplo dessa interação foi um policial teve a carteira de habilitação perdida. Um manifestante achou, gritou o nome na multidão e entregou ao PM, aos gritos bem humorados de “A PM aderiu”.
A atuação de diálogo entre PM e manifestantes acontece três dias depois de um grande tumulto em Laranjeiras, após ato no dia da chegada do Papa no Rio. Na ocasião, oito pessoas foram detidas e várias pessoas ficaram feridas.
No dia 17, houve vandalismo no Leblon após outro ato perto da casa de Sérgio Cabral. Nesta quinta o quebra-quebra foi lembrado com a celebração irônica "missa de sétimo dia dos manequins da Toulon", questionando a comoção popular em torno dos bonecos usados pela loja, saqueada e destruiída durante o protesto, para expor as roupas.
 

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