PT faz aniversário e entra na era "pós-Lula" com discurso de "dever cumprido"

PT faz aniversário e entra na era "pós-Lula" com discurso de "dever cumprido"

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:27

O PT completa hoje, 10 de fevereiro, 30 anos de sua fundação com o discurso de "dever cumprido", após ocupar a Presidência da República por oito anos - representado no poder pela sua principal liderança histórica: o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O grupo de dirigentes sindicais e intelectuais de esquerda, que criou o partido no dia 10 de fevereiro de 1980, avalia que, trinta anos depois, o PT se consolidou como partido que levou avanços ao país- especialmente, na área social.

Fundado com um viés socialista democrático, o PT priorizou nos oito anos de governo políticas voltadas para o social. As principais lideranças petistas sustentam, porém, que o partido também conseguiu promover avanços na área econômica - depois de enfrentar em 2009 a crise nos mercados internacionais.

"Criamos o modo petista de governar com participação popular, inversão de prioridades, governando para todos, mas sempre mais atentos às necessidades reais dos que mais precisam", afirmou o ministro Patrus Ananias (Desenvolvimento Social).

Para o presidente eleito do PT, José Eduardo Dutra, o partido mostrou que tinha capacidade para governar o país ao escolher um ex-líder sindical para ocupar a Presidência, com ênfase nas políticas para a população de baixa renda.

"Nosso partido conseguiu se enraizar no conjunto do povo brasileiro. O presidente Lula já tem o seu nome inscrito na história deste país como talvez o melhor presidente que esse país já teve. Conseguimos eleger um presidente que saiu do pau de arara, se transformou em líder sindical e presidente da República, superando preconceitos", afirmou.

O foco no "social" se encontra na origem do partido, como afirmam suas principais lideranças. "São 30 anos na história desse partido de luta, que teve a contribuição do que há de melhor na luta dos trabalhadores: da esquerda, da resistência, dos movimentos de liberdade, de expressão sexual, do direito das minorias do país", avalia a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), pré-candidata do PT ao Palácio do Planalto.

Escolhida como pré-candidata do PT para suceder Lula, Dilma sinalizou que vai dar destaque às políticas sociais se for eleita, comparando a gestão petista com a do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) - que também ficou oito anos no poder.

"Comparar, sim, se não comparar fica difícil. Vamos discutir quem fez o quê. E quem fará o que. Agora, nós não temos problema nenhum com comparação, sabe por que? Estamos vendo os dados."

Crises

No governo Lula, o PT enfrentou uma de suas maiores crises desde o surgimento do partido. O escândalo do mensalão (pagamento ilegal de parlamentares da base governista no Congresso) afastou lideranças históricas do comando da legenda, como o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil) e o deputado José Genoino (PT-SP).

O episódio, que completa cinco anos em 2010, teve reflexo do governo, afastando lideranças próximas ao presidente Lula e fundadoras do PT, como Dirceu e o ex-ministro Luiz Gushiken (Secretaria de Comunicação). A imagem do presidente, no entanto, foi preservada do escândalo e Lula concluiu o primeiro mandato sem grandes percalços.

Em 2006, Lula foi reeleito após quatro anos no poder para sua segunda gestão, que termina em dezembro.

"Quando fundamos o PT há 30 anos, o nosso compromisso era mudar o Brasil, superar dificuldades, dar oportunidade a todos. Esses compromissos, nós estamos cumprindo", disse o ministro Guilherme Cassel (Desenvolvimento Agrário).

Trinta anos depois de sua fundação, o PT agora caminha para encontrar novos rumos na era classificada entre os petistas como "pós-Lula". Um dos caminhos do partido, segundo Dutra, é buscar maior identidade com os jovens para ampliar a militância no país.

"Muito mais gente é petista, mas não é filiada ao PT. Hoje, o conceito de militância é diferente. Na internet, você convoca um ato com 1.000 pessoas numa fração de segundos. Vamos ter que ter a capacidade de atrair, ser uma espécie de 'guerrilheiros da blogosfera'. Especialmente os jovens vão fazer parte da política de comunicação do partido", afirmou.

Por: Gabriela Guerreiro

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