Em uma edição marcada pela aposta em novos nomes, João Jardim, de 46 anos, desponta inesperadamente como o mais experiente diretor da mostra competitiva do 43º Festival de Brasília de Cinema Brasileiro. Consagrado por "Janela da Alma", "Pro dia nascer feliz" e "Lixo extraordinário" - que ganhou o prêmio da audiência nos festivais de Berlim e Sudance e chega aos cinemas do país em fevereiro -, Jardim curiosamente também é um novato em Brasília e participa pela primeira vez do festival. "Já participei de vários festivais, mas não de Brasília. Estou ansioso, não sei como o filme vai bater no público."
No longa "Amor?", exibido neste domingo (28), Jardim volta a brincar com as fronteiras entre ficção e documentário, desta vez para investigar como um relacionamento que começa amoroso pode se tornar violento. Um grande elenco que inclui Lilia Cabral, Eduardo Moskovis, Leticia Collin, Ângelo Antônio e Julia Lemmertz interpreta depoimentos verídicos de pessoas envolvidas em relacionamentos física e emocionalmente abusivos.
"Todo mundo já teve uma história de amor que se transformou em muito passional", diz Jardim, destacando que não chegou a conclusões definitivas e que caberá ao público julgar as razões que poderiam explicar a lógica dos relacionamentos violentos.
Mas as oito histórias retratadas convergem para uma característica comum: uma sutil cumplicidade entre os envolvidos, que acabam por permitir pequenos abusos. "A relação começa sempre com duas pessoas. O sinal da violência vem rápido e as pessoas não estão atentas. Você acaba sendo cúmplice, porque você acaba permitindo. Você permite a pequena coisa, que teoricamente tudo bem permitir."
Também foram exibidos os curtas "Café aurora", de Pablo Polo, sobre o relacionamento extremamente sensorial entre um barista e uma artista plástica, e "A mula teimosa e o controle remoto", de Hélio Villela Nunes, que retrata o nascimento, sem palavras, da amizade entre dois meninos.
Na segunda-feira (29), encerrando a mostra competitiva, serão exibidos o longa "Os vigias", de Marcelo Lordello, e os curtas "Custo Zero", de Leonardo Pirovano, e a animação "O céu no andar de baixo", de Leonardo Cata Preta. Na terça-feira (30), serão conhecidos os vencedores do 43º FBCB, que vai distribuir R$ 550 mil em prêmios.
Por: Jamila Tavares
Sua avaliação é importante para entregarmos a melhor notícia
O Guiame utiliza cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência acordo com a nossa Politica de privacidade e, ao continuar navegando você concorda com essas condições