Recomeça julgamento de PMs acusados de matar juíza no RJ

Recomeça julgamento de PMs acusados de matar juíza no RJ

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:21

Recomeçou por volta das 9h30 desta sexta-feira (11), no Tribunal de Júri de Niterói, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, o julgamento dos 11 policiais militares acusados de participação na morte da juíza Patrícia Acioli. A primeira testemunha de acusação a ser ouvida é o servidor Dario Ferreira Leal, que era secretário da magistrada. Nesta sexta, oito testemunhas deverão prestar depoimento, sendo seis de acusação.

A primeira testemunha de defesa a depor será o ex-comandante geral da Polícia Militar do Rio de Janeiro, coronel Mario Sérgio Duarte. De acordo com a assessoria do TJ-RJ, ele foi arrolado pela defesa do coronel Cláudio Luiz Silva de Oliveira. A sessão prevista para acontecer na quinta-feira (10) foi suspensa depois que o governo do estado declarou ponto facultativo por causa do ato em defesa dos royalties, realizado na tarde de quinta-feira no Centro do Rio.

Patrícia foi morta no dia 11 de agosto, com 21 tiros, quando chegava em sua casa, em Niterói. A juíza tinha um histórico de condenações contra criminosos que atuavam em São Gonçalo. Entrem os alvos investigados por ela, estavam quadrilhas que agem na adulteração de combustíveis e no transporte alternativo, entre outros crimes. Investigações apontam que a ordem para o crime teria sido do tenente-coronel Cláudio Oliveira, na época comandante do batalhão de São Gonçalo, cidade onde Patrícia atuava como juíza criminal.

Testemunhas de acusação

Na noite de quarta (9), aconteceu a primeira Audiência de Instrução e Julgamento do caso. Sete testemunhas de acusação foram ouvidas durante 12 horas de depoimentos, entre elas o namorado de Patrícia, o PM Marcelo Poubel, além de delegados, policiais civis e promotores que acompanharam as investigações do caso. Com exceção de Poubel, todos foram ouvidos na condição de  testemunhas de acusação.   Último a falar, Poubel disse que desde o crime está de licença médica e sob tratamento psiquiátrico. O PM criticou os colegas de farda suspeitos de participação no crime.

“Eles não mataram apenas a juíza, e sim uma mãe que fazia caridade. Que tinha piedade deles e eles não tiveram um pingo por ela”, afirmou. Em seguida, o policial explicou que parentes de alguns dos PMs acusados já teriam se encontrado com Patrícia, para pedir que ela não os condenasse à prisão em outros processos. Nestes processos, segundo Poubel, a magistrada teria decidido por medidas protetivas.

Perseguição a enteado e ameaças de morte

A advogada Ana Cláudia Abreu Lourenço disse, também na quarta-feira (9), que a juíza Patrícia Acioli havia confidenciado a ela, dias antes de sua morte, que seu enteado estava sendo perseguido, como uma forma de retaliação às suas decisões na 4ª Vara Criminal de São Gonçalo.

Ana Cláudia explicou ao júri que mantinha uma relação de amizade com a magistrada, já que costuma ter como clientes policiais do 7º BPM (São Gonçalo), que eram julgados por Patrícia. “Ela dizia que seria morta, e eu não acreditava. Pela primeira vez, a vi desamparada e desesperada. Ela vinha ultimamente me falando: Ana, estão perseguindo o Mike, meu enteado”, comentou a advogada.

Em um outro processo, Ana Cláudia faz a defesa do PM Sammy Quintanilha, um dos policiais acusados de envolvimento na morte de Patrícia Acioli. No processo em que defende Sammy, ele é acusado de forjar um auto de resistência (mortes em confronto) no Morro do Salgueiro, em São Gonçalo.

Ana Cláudia também revelou que 15 dias antes da morte da juíza, ela teve um desentendimento com o tenente Benitez. Segundo ela, a briga foi motivada por mais um ato de resistência ter sido forjado por ele e sua equipe.

A advogada declarou que após essa discussão, ela passou a ouvir boatos de que o oficial teria planos de executá-la. Ana Paula afirmou ao juiz que descobriu, em 2007, que havia um plano de policiais do 7º BPM de sequestrá-la. No entanto, a trama não foi adiante porque ela teria sido avisada por um policial do mesmo batalhão sobre a suposta tentativa.

“Eu tenho medo do tenente Benitez. Na discussão que tive com ele, eu o chamei de ladrão de carteirinha, e ele me rebateu, dizendo que o coronel Cláudio me odiava. Todo mundo sabe que o tenente Benitez era o pimpolho, o afilhado do comandante Cláudio. Todo mundo sabe que o Cláudio passava a mão em tudo que o subordinado fazia”.          

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