Réus do caso René Sena começam a ser ouvidos no RJ

Réus do caso René Sena começam a ser ouvidos no RJ

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:19

Julgamento é realizado no Tribunal do Júri de Rio

Bonito (Foto: Tássia Thum/G1) Os quatro réus acusados de matar o ganhador da Mega-Sena, René Sena , começaram a ser ouvidos no fim da noite desta quarta-feira (30), no Tribunal do Júri de Rio Bonito, na Baixada Litorânea do Rio, no terceiro dia de julgamento.

O primeiro réu a ser ouvido é o policial militar Ronaldo Amaral. Ele trabalhou como segurança de René Sena na época do crime. A viúva Adriana Almeida deverá ser a última a depor.

O depoimento de 16 das 52 testemunhas envolvidas inicialmente no julgamento terminou por volta de 23h desta quarta. O julgamento começou no fim da tarde de segunda-feira (28), com seis horas de atraso, e deve durar até o fim desta semana. A morte do milionário ocorreu em 2007.

O júri será presidido pela juíza Roberta dos Santos Braga Costa, da 2ª Vara de Rio Bonito. A decisão caberá a um júri popular, formado por cinco homens e duas mulheres.

Os ex-seguranças da vítima - o ex-policial militar Anderson Silva de Sousa e o funcionário público Ednei Gonçalves Pereira - já foram condenados a 18 anos de reclusão, cada um, pelo assassinato de René Sena e pelo crime de furto qualificado. O julgamento dos dois foi em julho de 2009, segundo o TJ.

Cunhado da viúva

O cunhado da cabeleireira Adriana Almeida, viúva de René Sena, prestou depoimento na tarde desta quarta-feira (30) no Fórum de Rio Bonito. Marcelo Braga negou trechos do depoimento dado à Divisão de Homicídios (DH) em 2007 e disse à Justiça que assinou o documento sem poder ler. Segundo ele, os policiais não o permitiram.

Marcelo trabalhou como administrador da fazenda de René de julho de 2006 a janeiro de 2008, cerca de um ano após a morte do milionário. Marcelo disse que foi demitido do cargo por Marcus Rangone, advogado de Renata, única filha de René Sena.

No caso do assassinato da juíza Patricia Acioli, o policial militar Jefferson Araújo, um dos acusados de envolvimento no crime, t ambém disse à Justiça que foi forçado por policiais da DH a assinar um depoimento já pronto.

Polêmica

Durante a sessão desta quarta, Marcelo não confirmou dois trechos do depoimento que ele teria prestado à DH. Em um dos trechos que consta nos autos, ele teria falado que Adriana não tinha condições de planejar o crime, já que ela era a principal beneficiada e controlava as finanças e os gastos, não passando as informações para René.

Ele também negou que havia dito à DH que no dia do crime René deixou a fazenda, informando que iria ao Bar do Penco, onde foi assassinado.

O cunhado de Adriana disse ainda que o novo administrador da fazenda ganha R$ 8 mil, sendo que quando ele administrava seu salário era de R$ 1 mil. Segundo Marcelo, a Justiça libera cerca de R$ 90 mil mensais da fortuna bloqueada de René para as despesas da fazenda.

Marcelo Braga foi a segunda pessoa a ser ouvida pela Justiça neste terceiro dia de audiência . Antes dele, sua esposa Valéria Almeida, irmã de Adriana, foi interrogada pela juíza. Cada depoimento durou cerca de uma hora e meia.

Disputa pela herança

A promotora Priscilla Naegelle acredita que a sentença será favorável à filha de René Sena, Renata Sena, que trava uma disputa com Adriana pela herança. "Nós temos várias provas, incluindo interceptações telefônicas que apontam a Adriana como mandante do crime", afirmou a promotora.

O assistente de acusação, o advogado Marcus Rangone, contratado pela filha da vítima, disse que após a sentença ser proferida, a filha do milionário pretende se mudar para fora do país. "Está mais do que provado que Adriana tinha interesse na morte do Renê", afirmou o advogado, confiante na condenação da viúva do milionário.

Adriana chega acompanhada do advogado 

(Foto: Tássia Thum/G1) Alguns dos dez irmãos de René Sena também chegaram ao fórum nesta manhã para acompanhar o terceiro dia de sessão. Eles entraram com uma ação na Justiça para anular o testamento deixado por René que previa a divisão da fortuna apenas entre Renata e Adriana.

De acordo com o advogado contratado pelos irmãos, Sebastião Mendonça, o ex-lavrador tinha feito anteriormente um testamento que dividia a herança entre os irmãos, um sobrinho e a filha de Rene, Renata. "Estima-se que atualmente o patrimônio deixado pelo Rene seja de R$ 60 milhões entre fazendas, coberturas e imóveis de luxo. Além do mais, cerca de R$ 44 milhões em aplicações financeiras estão bloqueados pela Justiça", disse Mendonça.

Duas testemunhas ouvidas na terça

Na tarde de terça-feira (29), duas testemunhas foram ouvidas - o ex-administrador da fazenda onde morava René Senna e o ex-amante de Adriana.

O ex-administrador da fazenda disse que trabalhou apenas um mês para René Sena. Ele contou que acompanhou a chegada dos funcionários, que teriam sido contratados por Adriana para fazer a segurança do milionário. O homem disse ainda que a vítima era manipulada pela mulher.

Em seguida, prestou depoimento o motorista de van, que na época do crime era amante de Adriana Almeida. Ele contou que a cabelereira comprou um apartamento em Arraial do Cabo, na Região dos Lagos, enquanto René era vivo. Segundo o motorista, Adriana prometia que o levaria para morar com ela no imóvel. O homem também relatou à Justiça que ouvia comentários sobre constantes brigas entre Adriana e René Sena.

Atraso

O primeiro dia de julgamento começou com seis horas de atraso. A viúva do milionário chegou ao fórum pouco antes do início da sessão. Durante o julgamento, ela chegou a chorar e os réus foram advertidos pela juíza porque conversavam entre si. No primeiro dia foram ouvidas seis testemunhas, entre elas Renata Sena, filha da vítima. A previsão é de que a Justiça leve em torno de três dias para ouvir as testemunhas e anunciar a sentença.

Os ex-seguranças da vítima - o ex-policial militar Anderson Silva de Sousa e o funcionário público Ednei Gonçalves Pereira - já foram condenados a 18 anos de reclusão, cada um, pelo assassinato de René Senna e pelo crime de furto qualificado. O julgamento dos dois foi em julho de 2009, segundo o TJ.

Prêmio de R$ 52 milhões em 2005

Ex-lavrador, René Senna, ficou milionário em 2005, ao ganhar R$ 52 milhões no prêmio da Mega-Sena. Diabético, ele tinha perdido as duas pernas por causa de complicações da doença, e levava uma vida simples em Rio Bonito. Com o dinheiro, comprou casa para os irmãos, um quadriciclo para circular e uma fazenda na cidade, onde mantinha centenas de cabeças de gado. Com medo de sequestro, ele havia contratado seguranças. Apesar de ter enriquecido, René mantinha hábitos simples, como o de beber com amigos num bar próximo de sua fazenda.

Em 2006, começou a namorar a cabeleireira 25 anos mais nova que ele. Ela abandonou o emprego e foi morar com ele na fazenda, junto com dois filhos do primeiro casamento. Segundo parentes do milionário, ela passou a usar roupas caras e a circular num Mercedes-Benz, acompanhada de seguranças.

René Senna foi morto a tiros na manhã de 7 de janeiro de 2007, no Bar do Penco, perto de sua propriedade, por dois homens encapuzados, que estavam numa moto. Ele estava sem os seguranças. No dia do enterro, começaram as primeiras supeitas da família do ex-lavrador contra a viúva , que tinha passado o réveillon com um amante em Arraial do Cabo, na Região dos Lagos do Rio.        

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