'É revoltante', diz grávida na BA sobre clínicas fechadas por greve

'É revoltante', diz grávida na BA sobre clínicas fechadas por greve

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:23

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Aviso indicava aos pacientes

suspensão do atendimento

(Foto: Egi Santana / G1 Bahia) Clínicas que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em Salvador amanheceram fechadas na manhã desta terça-feira (25). Nas unidades, faixas e avisos informavam aos pacientes sobre a paralisação da categoria, prevista para durar até a próxima segunda-feira (31). Marcelo Britto, presidente da Associação de Hospitais e Serviços de Saúde do Estado da Bahia (AHSEB), explica que a paralisação na capital se deu por conta de um redirecionamento de recursos por parte da Secretaria de Saúde. “Fomos informados que parte dos recursos destinados às clínicas seriam repassados ao Hospital das Clínicas e que, por isso, as clínicas ficariam sem receber”, aponta.

De acordo com Britto, a paralisação deve afetar as atividades em 300 clínicas na capital, totalizando o atendimento a cerca de 40 mil pacientes por dia, como foi o caso das futuras mães Poliana Mendes Ferreira, de 19 anos, e Simone Brandão Amorim, de 22 anos. Ambas estão grávidas e foram na clínica Clirba, no bairro do Rio Vermelho, onde fazem exames do pré-natal para os filhos. “Eu vim de Cajazeiras, mais de uma hora de trânsito até aqui, e quando chego me deparo somente com uma placa informando quase nada. É revoltante”, avalia Poliana, grávida de seis meses, que espera pelo filho Davi. “Eu tenho de pegar o resultado dos meus exames que estão aí”, reclama Simone, grávida de dois meses. Na clínica, um cartaz avisava aos clientes sobre a paralisação.

Em Salvador, as clínicas são filantrópicas [administradas pela iniciativa privada], geridas pelo estado ou pela prefeitura. A Secretaria de Saúde do Estado informou que não há informações sobre unidades ligadas ao estado participando da paralisação e somente no final da tarde um levantamento deve ser divulgado. Já a Secretaria Municipal de Saúde informou em nota que de fato houve uma redução de 20% no valor repassado para as clínicas conveniadas, mas que essa ação ocorreu exclusivamente no mês de abril de 2011, "com o objetivo de equacionar um déficit financeiro do momento".

No Brasil

A Bahia é um dos 25 estados no país a adotar a paralisação nacional dos médicos que prestam serviço ao SUS. A paralisação é de 24 horas e compreende os serviços ambulatoriais prestados no estado. Somente os serviços de emergência vão funcionar nesta terça-feira (25), na Bahia.

Categoria médica se reuniu no Centro de Referência José Maria de Magalhães Neto, em Salvador

(Foto: Reprodução/ TVBA) Segundo José Caires, presidente do sindicato dos médicos no estado (Sindimed), os servidores iniciaram uma manifestação na manhã desta terça-feira em frente ao shopping Iguatemi, com carros de som, bandeiras, e dezenas de militantes em reivindicação às melhores condições do SUS e do serviço médico no país. Também pela manhã, a categoria se reuniu no Centro de Referência José Maria de Magalhães Neto, no Pau Miúdo.

“Hoje na Bahia o salário base do médico é de R$ 723,81, mais uma gratificação que chega aos R$ 2,3 mil, com um plantão de 24 horas por semana. É uma condição desumana para um profissional que cuida de vidas”, avalia. O médico afirma também que a manifestação quer cobrar dos governos a melhor distribuição das verbas destinadas à saúde no país. “O SUS é perfeito na teoria. Hoje o Brasil destina 40% a menos do que a maioria dos países no mundo destina à saúde”, diz Caires.

A paralisação foi sentida pela idosa Maria dos Santos, de 80 anos, que foi ao Insbot, no bairro do Barbalho, tentar fazer sessões de fisioterapia. No local, apenas o segurança informava aos pacientes que o atendimento não estava sendo realizado, sem passar mais esclarecimentos. “Eu saí de Pernambués, peguei dois ônibus para vir e não encontro nada, nem informações claras”, conta a aposentada que faz fisioterapia há três anos na unidade. A mesma situação é vivida por Elisabete Costa, de 65 anos, que se trata de um problema de ortrose há dois anos. “Ninguém informa, e nós ficamos entregues, sem saber o que fazer”, reclama.

A paralisação nacional dos médicos pretende, também, pedir que a emenda 29, projeto de lei que prevê o aumento destinado à saúde, eleve em até R$ 100 bilhões as verbas para o setor no país.

A Secretaria de Saúde do Estado informou que um relatório sobre a paralisação só deve sair no final da tarde.        

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