Rio: Polícia identifica oito hotéis de rede de exploração sexual de menores

Rio: Polícia identifica oito hotéis de rede de exploração sexual de menores

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:30

Pelo menos oito hotéis da cidade, dois deles na Zona Sul do Rio, foram citados como locais onde adolescentes são levados para fazer programas sexuais com adultos. A informação foi dada aos policiais civis durante depoimentos e relatos por menores recolhidos semana passada pela Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (Decav). Os menores contaram que ficavam em bares e restaurantes aguardando clientes arranjados por gigolôs. Depois seguiam para os hotéis - onde ninguém exigia documentos. Em Copacabana, o programa de uma hora com turistas estrangeiros chegava a custar R$ 250.

A polícia afirmou ontem que já identificou todos os hotéis, os restaurantes e os aliciadores envolvidos no esquema de exploração sexual em nove bairros das zonas Norte e Sul do Rio. Segundo a delegada da Decav, Maria Aparecida Mallet, a polícia deve fazer operações para prender essa quadrilha. O assunto já foi levado ao conhecimento do delegado Gilberto Ribeiro, chefe de Polícia, que pôs os agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) em alerta.

A polícia não divulgou o nome dos estabelecimentos envolvidos no esquema.

"Vários aliciadores foram identificados, juntamente com restaurantes e bares; já foram pedidos os mandados de prisão e de busca e apreensão. Vamos prender todos os responsáveis, e a fiscalização vai continuar", afirmou a delegada.

A polícia já identificou também os traficantes envolvidos no esquema que acontece em nove bairros das zonas Norte e Sul do Rio. De acordo com a titular da Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (DCAV), Maria Aparecida Mallet, vários mandados de prisão foram expedidos e, em breve, a polícia deve fazer operações para prender a quadrilha.

De acordo com a delegada, além dos traficantes envolvidos no esquema, a polícia investiga ainda milicianos. O Ministério Público acompanha as investigações. O relator da CPI da Pedofilia, senador Demóstenes Torres (DEM-GO), disse na segunda-feira que a comissão vai investigar as denúncias apresentadas pelo GLOBO de que há uma rede de prostituição de menores sendo explorada por traficantes de drogas em nove bairros do Rio.

Com jornadas de até seis programas numa mesma noite, adolescentes e crianças recebem pequenas quantias para fazer sexo em hotéis, dentro de carros e até mesmo em calçadas com iluminação ruim. Meninas e meninos ouvidos pelo GLOBO disseram ser obrigados a pagar até R$ 50 por dia a traficantes.

Menores prostituídos contam que seriam obrigados a pagar R$ 10 por noite de propina a policiais. Uma menor atendida em unidade do Rio contou que é explorada sexualmente por traficantes, sendo obrigada a fazer programas em troca de R$ 1,99 e crack.

De acordo com o coordenador do Núcleo de Direitos Humanos da Secretaria municipal de Assistência Social, Marcelo Cunha, a exploração sexual infantil tem crescido por causa do uso de crack pelos menores.

Para diminuir a incidência de jovens que deixam os abrigos e voltam para as situações de risco, os pais passarão a ser tratados como parte do problema. A Secretaria municipal de Assistência Social anunciou que, ainda este mês, cada Centros de Referência da Assistência Social (Cras) terá uma Escola de Pais, onde os responsáveis por menores em abrigos receberão entre três e seis meses de palestras e acompanhamento de psicólogos e assistentes sociais.

Escrito por: Antônio Werneck

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