Pequenos sabonetes e sabões coloridos estão ajudando a transformar a vida de seis mulheres e de parte da Cidade de Deus, comunidade pobre da Zona Oeste do Rio de Janeiro, que ganhou notoriedade mundial após ter a história retratada no filme de mesmo nome. Nesta quinta-feira (31), foi inaugurada a fábrica e loja de sabões e sabonetes artesanais Bolhas Coloridas, um pequeno empreendimento criado e comandado por seis moradoras da comunidade, com financiamento da multinacional do petróleo Chevron e execução do ELAS - Fundo de Investimento Social.
Os sabonetes artesanais são produzidos com várias essências. (Foto: Bernardo Tabak/G1)
O projeto surgiu a partir do programa Elas em Movimento, criado pela ELAS em parceria com a Chevron, e que busca estimular o espírito empreendedor em mulheres de baixa renda. O objetivo é desenvolver empreendedoras, que dêem continuidade ao negócio e tornem-se exemplo na comunidade onde moram, explica Lia Blower, gerente de Comunicações e Relações Institucionais da Chevron. Cerca de 30% das mulheres brasileiras são chefes de família. É uma necessidade e um sonho delas, que não precisam ficar dependentes dos maridos, acrescenta Madalena Guilhon, coordenadora-geral do ELAS.
Desde a concepção, a Bolhas Coloridas empregou modernos conceitos de negócio, como sustentabilidade, preocupação ambiental, reciclagem e integração com a comunidade do entorno. Nós primeiro fazemos a conscientização na Cidade de Deus, com panfletos, carro de som e no jornal da comunidade. Assim, os moradores separam o óleo de cozinha usado, que é a nossa matéria-prima principal, e nos entregam, conta Natasha Firmino da Silva Alves, de 20 anos. Em seguida, em um maquinário instalado nos fundos da loja, o óleo é devidamente peneirado e limpo para se transformar em sabão, para uso doméstico, e sabonetes de uso pessoal. O preço varia entre R$ 0,80 e R$ 2.
Projeto resgata sonhos e cidadania
Ao todo, a Chevron investe R$ 420 mil por anos em projetos executados pela ELAS, sendo que R$ 50 mil deste total são utilizados como aporte inicial nos empreendimentos. Cada passo é monitorado, desde a capacitação para o negócio, até a escolha do local e das instalações, diz Lia. E os nossos projetos recebem acompanhamento constante, emenda Madalena.
Maria Lúcia chora e abraça forte a capitã da PM Alessandra Carvalhaes. (Foto: Bernardo Tabak/G1)
O pessoal da comunidade está interessado, querendo saber como funciona. Muitos deles nunca viram nada voltado para o meio ambiente, contou Maria Lúcia da Silva Gomes, uma das sócias. Muitas mulheres da Cidade de Deus tiveram os sonhos perdidos, enterrados. A UPP (Unidade de Polícia Pacificadora da Polícia Militar) nos trouxe segurança e permitiu a entrada desse programa. E nós, mulheres da Cidade de Deus, fomos alcançadas por esse projeto, acrescentou.
Em alguns momentos, eu pensei em desistir. Mas disse pra mim mesma: Nós somos mulheres e vamos lutar, recorda Miriam Soares Firmino, outra das sócias da Bolhas Colorida e mãe de Natasha. A capitã da PM Alessandra Carvalhaes, comandante da UPP do Morro da Formiga, compareceu à inauguração representando o coronel Robson Rodrigues, comandante-geral das UPPs. Não desistam dos seus sonhos. Vocês estão construindo cidadania na Cidade de Deus, ressaltou a capitã. Agora, cada vez mais vamos multiplicar o sabão, finalizou Miriam.
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