"Saí para ajudar e quase me mataram", diz homem que atropelou garoto

Atropelador diz ter fugido para não morrer

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:16

O homem que atropelou uma mulher e um menino de 2 anos no sábado (4), emSuzano, na Grande São Paulo, disse na noite desta segunda-feira (6) que tentou ajudar as vítimas logo após o acidente. Em entrevista ao G1, o estivador Alexandre dos Santos Papine, de 40 anos, afirmou que teve de fugir porque um grupo de moradores, revoltado, tentou linchá-lo.

“Quando eu saí do carro senti dois socos na cabeça. Me virei e vi uns seis caras vindo para cima. Eu tentei ajudar, mas pensei que iam me matar”, disse. Assustado, correu para uma padaria, mas foi seguido. “Levei um pau na frente de várias pessoas. Machuquei a costela, fiquei com o rosto cheio de machucados. Até vomitei sangue.” Ele disse não conhecer seus agressores.

Bar

Minutos antes do acidente, Papine estava em um bar com a mulher e amigos. Após beber duas latinhas e meia de cerveja, perguntou a um colega se poderia dirigir seu carro, um Honda Civic. “Queria só dar uma volta no quarteirão, de brincadeira. Mas me arrependi muito dessa brincadeira.”

Segurando a direção com apenas uma das mãos, ele perdeu o controle do veículo ao passar por um buraco e acabou atingindo as vítimas. O impacto foi tão forte que a criança foi lançada a cerca de 10 metros do carro.

Segundo o estivador, a mulher e a criança caminhavam no meio da rua. O pai do garoto, o ajudante geral Messias Bárbara da Costa, de 33 anos, porém, diz que a família estava na calçada. “Nós estávamos vindo do hospital, porque ele [Rafael Monteiro da Costa] estava com uma dorzinha na barriga.” Costa e outros dois filhos do casal, de 10 e 8 anos, não foram atingidos.

Ao ser resgatado por uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), Rafael se despediu do pai. “Ele falou: ‘Tchau, papai’. Daí ele fechou os olhinhos e abriu os braços”, contou Costa, por telefone.

De acordo com ele, o menino já passou por duas cirurgias - uma no baço e uma no fígado- e permanece no Hospital Santa Marcelina, em Itaquaquecetuba, nesta segunda. “O estado dele é delicado, está nas mãos de Deus agora”, disse.

Delegacia

Depois de quase ser linchado duas vezes em um mesmo dia, o estivador encontrou o amigo que havia lhe emprestado o carro. “Eu pedi para que me levasse na delegacia, para fazer BO [boletim de ocorrência]. Eu iria mesmo que não tivesse apanhado nem nada.”

O caso foi registrado como lesão corporal culposa, omissão de socorro, fuga do local de acidente, embriaguez ao volante. Um inquérito vai ser instaurado, segundo a Polícia Civil. Após passar a noite de sábado e a madrugada de domingo na delegacia, Papine foi liberado e seguiu direto para Santos, no litoral de São Paulo, onde seus pais moram.

Em uma praça no bairro de Interlagos, na Zona Sul de São Paulo, o estivador contou ao G1 que retornou à capital paulista nesta segunda para ser atendido em um posto de saúde. “Estou com muita dor por causa das agressões.” Em seguida, retornou para Santos.

Por medo de novas represálias, Papine e sua família ficarão alguns dias fora de Suzano –eles moram bem perto do local do acidente. Quando retornar, pretende conversar com o pai do garoto. “Se eu pudesse, falaria hoje mesmo com ele. Mas sei que a situação é delicada. Sou pai de cinco filhos e avô de duas meninas. A única coisa que me interessa agora é a saúde do menino.”

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