Sete recrutas internados no Rio têm o vírus da Influenza B

Sete recrutas internados no Rio têm o vírus da Influenza B

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:30

Sete dos 57 recrutas internados no Rio após passar mal num curso da Marinha estão com o vírus da Influenza B. A afirmação é do médico André Delorenzi, capitão de fragata da Marinha, que participou de uma coletiva de imprensa na manhã desta terça-feira (23) para falar sobre o assunto.

"Dos 12 primeiros exames, sete deram positivo para Influenza B", afirmou o médico, que aguarda o resultado de outros exames. Segundo ele, os principais sintomas da doença são febre, tosse e falta de ar. "A Influenza B  é uma doença transmitida por vias respiratórias, comum em aglomerados humanos; pode acontecer em creches, escolas, quartéis".

Três instrutores foram internados nesta manhã

No total, 24 recrutas do Centro de Instrução Almirante Milcíades Portela Alves (Ciampa), em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, permanecem internados no Hospital Naval Marcílio Dias, no Lins de Vasconcelos, no subúrbio. Além deles, três instrutores – incluindo um da equipe médica – foram internados nesta manhã no mesmo hospital. 

Um dos jovens que estava no CTI foi transferido para um quarto na tarde de segunda-feira (22). Outro jovem permanece internado no CTI . De acordo com o médico André Delorenzi, o exame de um deles deu positivo para o Influenza B, e ele não descarta que o outro também tenha o vírus. "O Influenza B pode causar lesão muscular, lesão renal, mas ainda não sabemos se foi causado mesmo pelo vírus", afirmou.

De acordo com o médico André Delorenzi, assim que surgiram os primeiros casos de internação, todos os 605 recrutas e os 200 instrutores foram vacinados para evitar o surgimento de novos casos.  

Reparo no sistema hidráulico do Ciampa

O comandante de Mar e Guerra do Ciampa, Eder Sampaio, negou que os recrutas internados tenham ficado sem acesso à água potável no local, mas revelou que durante um dos dias de treinamento os bebedouros de áreas de três companhias tiveram de ser fechados. Ainda segundo ele, os recrutas receberam água potável durante esse período.

"Para fazer um reparo no sistema hidráulico, tivemos que desabastecer bebodouros de três companhias. Mas é uma inverdade que eles tenham ficado sem água potável, já que cada recruta permanece com seu cantil abastecido. Em momento algum faltou água potável aos recrutas nessas companhias", afirmou o comandante Eder Sampaio, que disse não se recordar da data em que houve o reparo hidráulico no Ciampa. "O que há é uma proibição de que o cantil seja abastecido em fontes não potáveis".

Ainda de acordo com o comandante do Ciampa, a Cedae esteve no centro de treinamento para coletar amostras e atestar a qualidade da água do local.

Na segunda-feira (22), no entanto, os defensores públicos André Ordacgy e Daniel Macedo afirmaram que sete dos 57 recrutas internados visitados por eles reclamaram da falta de abastecimento de água no Ciampa.

Segundo os defensores, mesmo na presença de oficiais, os jovens relataram que faltava água constantemente nos bebedouros do Ciampa. Alguns chegaram a dizer que tiveram de beber água da bica. No entanto, nenhum deles reclamou do excesso de exercícios físicos.

38 recrutas tiveram alta

Na segunda-feira (22), cinco recrutas foram internados, com os mesmos sintomas de síndrome respiratória apresentados pelos 57 alunos do Ciampa que foram internados na quarta-feira (17). Os cinco passaram por exames e estão em observação. Outros 11 jovens também deram entrada no hospital na segunda-feira com sintomas de conjuntivite. No entanto, segundo a Marinha, eles foram medicados, liberados e retornaram ao centro de treinamento.  

Mais cedo, um grupo de 38 recrutas que estava internado recebeu alta médica . O Comando do Primeiro Distrito Naval informou que eles vão retornar às atividades normais no Curso e serão acompanhados pela Divisão de Saúde do Ciampa. Os demais alunos apresentam boa evolução clínica e continuam recebendo a necessária assistência médica.

O Curso de Formação de Soldados Fuzileiros Navais teve início no dia 8 no Ciampa, com 637 alunos matriculados.

'Ninguém se pronunciou', diz tio de recruta

Haroldo Silva Júnior, tio de um dos recrutas internados, informou, na manhã desta segunda-feira, que a Marinha ainda não entrou em contato oficialmente com as famílias dos recrutas para explicar o que ocorreu.

Haroldo Silva Júnior, tio de um dos recrutas

internados no Hospital Naval Marcílio Dias, no Rio

(Foto: Mylène Neno/G1)

  "O tratamento do hospital está sendo muito bom, mas do comando da Marinha ninguém se pronunciou. Minha família não foi procurada e espero que seja dado algum esclarecimento", contou Haroldo, acrescentando que o sobrinho está "traumatizado" e pensa em desistir do curso".

De acordo com informações divulgadas no domingo (21) pela assessoria da Marinha, os jovens, que deram entrada na unidade no último dia 17, "apresentam boa evolução clínica e continuam recebendo a necessária assistência médica".

A família de um dos rapazes internados no CTI acusa a coordenação do curso de impedir os praças de beber água . "Ele viu muitos alunos desmaiando, passando mal, não tinha nem água no cantil", conta o pai, com base nos relatos do filho. Em resposta, a Marinha comunicou que "no primeiro dia do curso de formação, todos os recrutas receberam cantil, porta-cantil e cinto para se hidratarem com água filtrada, quando não estivessem próximos de bebedouros e pontos de água potável distribuídos. Os instrutores do curso repassaram aos alunos que somente era permitido reabastecerem os cantis em fontes autorizadas de água tratada".

O órgão adiantou também que, em ação conjunta com a Secretaria municipal de Saúde do Rio, investiga a causa da síndrome que acometeu os recrutas e que estão sendo tomadas todas as medidas de vigilância, prevenção e controle dos sintomas, já tendo sido iniciado o processo de vacinação preventiva de toda tripulação do Ciampa.            

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