Sobre formação de quadrilha, Barbosa diz que réus se uniram para cometer crimes

Sobre formação de quadrilha, Barbosa diz que réus se uniram para cometer crimes

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:10

Relator não terminou seu voto e deve concluí-lo amanhã; STF também decidiu convocar uma sessão extra na próxima terça para terminar o julgamento na semana que vem

O ministro relator do processo do mensalão no STF, Joaquim Barbosa, deu início nesta quarta-feira à leitura de seu voto sobre o último item da denúncia: o que trata do crime de formação de quadrilha. Ao todo, são 13 réus acusados neste capítulo: do núcleo político o ex-ministro José Dirceu, o ex-presidente do PT José Genoino e o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares; do núcleo publicitário Marcos Valério e seus sócios Ramon Hollerbach, Cristiano Paz, seu advogado Rogério Tolentino, a ex-diretora da SMP&B Simone Vasconcelos e a ex-funcionária da agência Geiza Dias; do núcleo financeiro os réus ligados ao Banco Rural Kátia Rabello, José Roberto Salgado, Vinicius Samarane e Ayanna Tenório. Desses, 11 réus já foram condenados por outros crimes durante julgamento.

De acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR), o núcleo do PT montou uma “sofisticada organização criminosa, dividida em setores de atuação, que se estruturou profissionalmente para a prática de crimes como peculato, lavagem de dinheiro, corrupção ativa, gestão fraudulenta, além das mais diversas formas de fraude”.

Os argumentos usados por Barbosa no início do seu voto sinalizam que, para ele, existiu essa “sofisticada organização criminosa”. \"Há nos autos diversos elementos de convicção a indicar que Dirceu comandava o núcleo politico, que orientava o núcleo publicitário, que, por sua vez, atuava com o núcleo financeiro”, afirmou o relator em seu voto.

Para Barbosa, constam provas robustas de que os integrantes dos núcleos publicitário e financeiro lavaram milionárias somas, simularam empréstimos bancários e fizeram repasses de valores por meio do Banco Rural com o objetivo de dissimular a origem dos valores, bem como ocultar os verdadeiros beneficiários dessas quantias. Ainda segundo ele, o núcleo politico corrompeu parlamentares em troca de apoio ao governo. O relator disse ainda que os réus se organizaram para cometer os crimes num sistema com divisão de tarefas.

O ministro fez relatos de encontros, reuniões e viagens que demonstrariam a ação conjunta dos réus para viabilizar o esquema e disse que há provas nos autos que revelam a ascendência de Dirceu sobre o grupo. \"Há nos autos diversos elementos de convicção a indicar que Dirceu comandava o núcleo politico, que orientava o núcleo publicitário, que, por sua vez, atuava com o núcleo financeiro”, afirmou. Barbosa fala ainda de reuniões na Casa Civil com dirigentes do Banco Rural, como Kátia Rabello, intermediadas por Valério. O relator citou novamente as viagens feitas por Valério a Portugal em companhia de Emerson Palmieri, ex-tesoureiro do PTB, para encontros com empresários locais.

Barbosa não terminou seu voto e continuará na sessão desta quinta-feira. O STF também decidiu nesta quarta-feira fazer uma sessão extra na próxima terça para que o julgamento do mensalão termine antes da viagem do relator à Alemanha no fim do mês. Barbosa será submetido a um tratamento na coluna e disse hoje que já adiou por duas vezes sua ida ao país europeu.

Também os ministros concluíram o julgamento do item que trata de lavagem de dinheiro e o julgamento tem agora mais três empates. O ex-ministro dos Transportes Anderson Adauto, e os ex-deputados petistas Paulo Rocha (PA) e João Magno (MG) tiveram cinco votos pela condenação no crime de lavagem de dinheiro e cinco pela absolvição. Isso já havia acontecido no caso do ex-líder do PMDB na Câmara José Borba , também pelo crime de lavagem de dinheiro.


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