Suspeito de bater em gays reagiu a provocação, diz advogado

Suspeito de bater em gays reagiu a provocação, diz advogado

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:24

Daniel é flagrado por câmeras de monitoramento

de segurança de posto de combustíveis em São

Paulo (Reprodução / Divulgação)

  “Não houve homofobia. Ele me disse que deu um tapa no pescoço do rapaz calvo ao ser provocado por ele. Ele reagiu ao ouvir que não 'pegava' mulher. Ouviu do rapaz que ele ‘não é de nada, não 'pega' nem mulher, nós é que pegamos’. Meu cliente reagiu movido por forte emoção e está arrependido”, afirmou nesta terça-feira (11) Walter Macario Filho, advogado de um dos dois universitários suspeitos de agredir um casal gay. A agressão aconteceu na madrugada do dia 1º de outubro, na região da Avenida Paulista, em São Paulo após o casal sair de uma casa noturna onde haviam discutido com os agressores.

Daniel, o rapaz que teve seu rosto flagrado por uma câmera de segurança de um posto de combustíveis, deverá prestar depoimento à Polícia Civil na tarde da próxima segunda-feira (17), segundo Filho. O sobrenome do estudante de gastronomia, de 26 anos, não foi divulgado pelo seu defensor. “Para não expor a família do jovem, que está abalada com essa história. Ele mesmo não sai de casa”, afirmou Filho.

Daniel e seu amigo, um outro universitário, de 25 anos, que não teve o nome divulgado, foram identificados na sexta-feira (7) pela Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) a partir da lista de clientes que estavam no Sonique Bar. Eles são investigados por suspeita de lesão corporal motivada por homofobia contra o analista fiscal Marcos Paulo Villa, de 32 anos, e o seu namorado, um coordenador financeiro de 30 anos, que não quis dar o nome.

Segundo a polícia, a briga ocorreu após uma desavença por causa de duas mulheres que estavam com os gays no bar. Elas foram paqueradas pelos estudantes, mas não corresponderam. Ao deixar o local, as vítimas disseram que foram ofendidas pelos suspeitos por palavras homofóbicas num posto de combustíveis. “Falaram que os gays tinham que morrer”, disse Villa. Em seguida, teriam ocorrido as agressões após Villa ter dito que os suspeitos poderiam ter filhos gays. Câmeras de segurança gravaram a discussão, mas não a briga.   Villa teve escoriações na nuca e seu namorado fraturou a perna direita e teve traumatismo craniano. As vítimas disseram à polícia que Daniel foi quem quebrou a perna do coordenador. Na segunda-feira (10), o analista reconheceu os dois suspeitos como os agressores dele e do namorado, que teve alta médica durante a noite.

'Não sou homofóbico'

Na segunda-feira, o amigo de Daniel negou as acusações de ataque homofóbico em entrevista ao G1 . Sob a condição de não revelar seu nome, o estudante disse: “Não sou homofóbico, tenho amigos homossexuais”. Ele ainda disse que só soube pela TV que as supostas vítimas eram gays. Também disse que uma das garotas havia beijado o coordenador na boca e negou que tenham quebrado a perna dele. “Caiu sozinho e infelizmente quebrou a perna”. As mesmas declarações foram ditas em seu depoimento à polícia na sexta-feira.

Nesta terça, o advogado de Daniel reiterou o que o amigo de seu cliente havia dito à reportagem e à Decradi. A polícia não irá pedir a prisão dos suspeitos.

“Meu cliente está se sentindo um bandido sem ser. Segundo narrou os fatos a mim, ele foi injuriado. Ele reagiu por grave emoção ao ouvir: ‘você não 'pega' mulher’ no posto. Não tem homofobia. Meu cliente participava da mesma balada e mesmo meio que ele frequenta. Homofóbico não frequenta ambiente onde frequentam homossexuais. Eles estavam no Sonique Bar. Esses meninos que sentem vitimados estavam acompanhados de duas meninas, que foram abordadas por eles e não deram atenção”, contou o advogado do suspeito.

A respeito da briga, Filho afirmou que seu cliente alegou que deu um tapa em Marcos após ele ter dito: “você não 'pega' mulher”. “Pelo artigo 21, da Lei de Contravenções Penais isso é partir para as vias de fato, o que é menor do que lesão corporal. Ele reagiu movido por forte emoção porque mexeu com a honra dele. Ele contou que levantou a mão e deu um tapa na altura do pescoço do Marcos. E de forma nenhuma meu cliente quebrou a perna do coordenador. Ele viu esse outro correr e cair sozinho. Ele disse para mim que nem sabia que eles eram homossexuais”.

Indagado sobre dois boletins de ocorrência que teriam sido registrados contra Daniel, um por lesão corporal culposa num acidente de trânsito e outro por uma suposta ameaça a uma ex-namorada, o advogado respondeu que desconhecia tais queixas contra seu cliente.

“Desconheço esses documentos. Só posso falar a respeito do caso em si. Ele reagiu à provocação que sofreu. Nunca teve nada de homofobia. Eu conheço ele e a família dele. É um menino bom” , disse Filho.          

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