As milhares de pessoas que perderam suas casas após a tragédia na Região Serrana do Rio receberão, a partir desta semana, tendas como as que foram usadas após o tsunami na Indonésia e o terremoto no Haiti. Cada barraca tem capacidade para dez pessoas e possui equipamentos de sobrevivência, cozinha separada, fogareiro, panelas, talheres, pratos, cobertor, purificador e armazenador de água. Elas serão doadas pela ONG inglesa Shelterbox, que trabalha em parceria com o Rotary Internacional.
O presidente da ONG no Brasil, Conrado Orsatti, estima que cerca de duas mil tendas chegarão, nos próximos dias, da Inglaterra aos municípios prejudicados pela chuva. Desde terça-feira (11), mais de 600 mortos foram resgatados na Região Serrana. Segundo Orsatti, a cidade com os trabalhos mais avançados é Teresópolis, onde um empresário que prefere não se identificar doou um terreno de sua fazenda para a instalação das barracas.
O presidente da ONG no Brasil informou que cerca de 56 barracas, que já estavam no país, deverão chegar até quarta-feira (19) à Serra.
O terreno tem mais ou menos mil metros quadrados e fica a cerca de cinco minutos do Centro, o que é ótimo para as equipes. O empresário preferiu ficar anônimo, fez isso por amor à cidade, disse Conrado. O município, segundo ele, está centralizando as operações devido ao fácil acesso. De acordo com a prefeitura de Teresópolis, o Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (Dnit) já estaria vistoriando o terreno cedido pelo empresário.
De acordo com nota divulgada pela Ordem dos Advogados do Brasil do Rio de Janeiro (OAB-RJ), órgão que participa das negociações, ficou acertado que a prefeitura instalará, no terreno, banheiros químicos, um local para as pessoas tomarem banho e ainda um refeitório. Ainda segundo a nota, o presidente da OAB-RJ, Wadih Damous, entrou em contato com o governador do Rio, Sérgio Cabral, para que a Receita Federal libere a entrada imediata das barracas no país.
Friburgo e Petrópolis também negociam doações
Esta é a segunda vez que o Brasil recebe essas tendas. A primeira foi nas enchentes de Pernambuco e de Alagoas, em julho de 2010. Segundo Conrado, algumas das mil barracas instaladas nesses estados ainda estão sendo utilizada por desabrigados.
Quem conseguiu o aluguel social da prefeitura, foi para uma casa. Mas em Barreiros, tem gente que volta para as casas e ainda leva as barracas, contou.
No Haiti, a doação foi de 28 mil tendas de abrigos emergenciais. Na Região Serrana, Conrado disse que ainda não tem como estabelecer um número. O desastre ainda está recente, ainda está na fase de resgate, então não conseguimos levantar essa demanda. O objetivo da Shelterbox é doar uma barraca por família. A ideia é restaurar a unidade familiar dessas pessoas, disse o presidente da ONG.
Em Nova Friburgo, Petrópolis e nas outras cidades atingidas pela chuva, segundo Conrado, as prefeituras estão em contato com a ONG, para fornecerem um terreno para as tendas. Uma equipe de ingleses, que estava atuando nas enchentes da Colômbia, chegou nesta segunda-feira (17) a Teresópolis. Além deles, equipes de São Paulo e dos Estados Unidos também ajudarão.
As equipes vão acompanhar o trabalho do começo ao fim, para se certificarem de que a tenda vai chegar para quem precisa, para não haver nenhum desvio, contou Conrado. Ele também explicou que toda a ação é realizada através de voluntários, além das prefeituras. Hoje começou a limpeza dos terrenos e os primeiros que estiverem prontos vamos instalar as tendas, afirmou. Como são as tendas
As tendas são projetadas para suportar temperaturas extremas, fortes ventos e temporais. Além da estrutura básica, a barraca também possui livros infantis de desenho, lápis e canetas, para as crianças que perderam seus bens. Os kits incluem cobertores térmicos, isolamento impermeável de solo e mosquiteiros, além de martelo, machado, serra, pá de escavação, cabeça da enxada, alicates e cortadores de fio. A caixa que transporta todo o material da tenda - inclusive a barraca - é leve e impermeável. Segundo a ONG, ela também é usada para armazenamento de água e alimentos ou até como berço de bebê.
Doações são rastreadas
Conrado explicou que a ONG sobrevive de doações. Cada caixa com a tenda e os equipamentos custa em torno de R$ 1.700. Nesse valor, de acordo com Conrado, já está incluído o custo de transporte. A ONG recebe qualquer quantia de doação.
Cada uma das caixas tem seu próprio número original, para que o doador acompanhe o caminho da caixa para o país destinatário, através do site www.shelterbox.org.br . O objetivo, segundo a ONG, é conectar os doadores diretamente com as pessoas que eles estão ajudando.
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