O trabalho melhora de forma significativa o desempenho intelectual de pessoas com esquizofrenia, além de diminuir sintomas da doença, como apatia e isolamento. É o que mostra um estudo do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (IPq-USP).
As pesquisas realizadas até agora mostravam que pacientes com melhor desempenho cognitivo tinham mais chances de ingressar no mercado profissional, aponta Wagner Gattaz, presidente do conselho do IPq e um dos autores do trabalho. "Comprovamos que a relação inversa também é verdadeira: como diz o ditado, trabalho faz bem para a cabeça.
O estudo, publicado na revista científica Schizophrenia Research, reúne os resultados do Programa Reação, iniciativa do IPq que, de outubro de 2003 a abril de 2010, conseguiu inserir cerca de cem pacientes em estágios de reabilitação vocacional em São Paulo. Empresas parceiras acolhiam os estagiários sem nenhum ônus. O programa oferecia bolsa mensal de R$ 200 como ajuda de custo para os pacientes.
A ideia do programa surgiu quando Gattaz lecionava na Universidade Heildelberg, na Alemanha. Ele implantou uma ação semelhante em Mannheim, incorporada mais tarde pelo programa local de seguridade social.
A neuropsicóloga Danielle Soares Bio, que também assina o estudo, enumera o perfil dos participantes: pessoas que, em média, conviviam com a esquizofrenia por mais de oito anos e iniciaram o tratamento por volta dos 21 anos. Como pré-requisitos, elas deveriam apresentar boa adesão ao tratamento com os remédios prescritos pelo psiquiatra e quadro clínico estável durante os seis meses anteriores ao programa.
Não havia nenhuma obrigação das empresas parceiras de contratarem os estagiários. Mesmo assim, 42% foram efetivados. O porcentual seria ainda maior se todos os pacientes contassem com o apoio da família, pondera Danielle, recordando que algumas famílias receavam abrir mão do seguro-desemprego.
Para Gattaz, o trabalho mostra o desejo dessas pessoas de reencontrarem seu lugar na sociedade. Também sugere que parte da diminuição do rendimento cognitivo é fruto da inatividade, da baixa estimulação intelectual, afirma o pesquisador.
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