Traficante Macarrão teria pago para não ser preso, diz relatório da Segurança-RJ

Traficante Macarrão teria pago para não ser preso, diz relatório da Segurança-RJ

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:11

Mario Hugo Monken

Informação, que não traz nomes de policiais suspeitos, consta em documento enviado pela Secretaria de Segurança à Justiça Federal do Paraná como justificativa para transferir bandido para o presidio de Catanduvas, onde ele está atualmente.

Preso em agosto do ano passado, um dos líderes da facção criminosa Comando Vermelho (CV), Marcelo da Silva Soares, o Macarrão, contava com a ajuda de maus policiais para se manter em liberdade.

A informação consta em um relatório de inteligência da Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro que foi enviado para a Justiça Federal do Paraná para justificar a transferência do criminoso para a penitenciária federal de Catanduvas, onde está desde o dia 26 de agosto do ano passado.

O documento dizia na época que \"Informações de inteligência indicam que Marcelo da Silva Soares (Macarrão) exerce um alto poder de corrupção junto aos agentes públicos. Tendo em vista a sua dificuldade de locomoção, por não possuir uma das pernas, relatos apontam que o mesmo já teria sido preso e imediatamente liberado após o pagamento de propinas\".

O relatório não cita, porém, quando ocorreram as supostas extorsões nem nomes de suspeitos. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, o assunto é tratado de forma sigilosa.

Assista vídeo da prisão do traficante Macarrão e comparsas dentro da Fiocruz

Uma fonte da Polícia Civil revelou ao iG que uma das propinas teria sido paga por Macarrão há cerca de três anos na favela Vila Cruzeiro, na Penha, na zona norte da capital.

Macarrão tem influência na favela de Antares, em Santa Cruz, na zona oeste, e no morro do Juramento, em Vicente de Carvalho, na zona norte. Meses após a sua prisão no ano passado, a polícia descobriu que ele comandava um esquema de lavagem de dinheiro da facção que movimentou R$ 80 milhões em um período de dez meses.

De acordo com as investigações, o dinheiro era depositado em uma factoring em Minas Gerais que, de lá, o redistribuía para contas bancárias, dificultando a identificação. A mesma firma era usada para lavagem de dinheiro de traficantes de outras partes do Brasil, como do Pará, por exemplo.

Dias antes da ocupação do Complexo do Alemão, em novembro de 2010, a polícia apreendeu uma prótese que era usada pelo bandido. Ele foi preso em agosto nas imediações da Fundação Oswaldo Cruz, em Manguinhos, na zona norte.

Na ocasião, estava na companhia de outros integrantes da cúpula do CV, como os traficantes Rodrigo Barbosa Marinho, o Rolinha, Magno Fernando Soeiro Tatagiba, o Magno da Mangueira, e Jorge Alexandre Cândido Maria, o Sombra, armados com uma granada, um fuzil e portando cerca de R$ 54 mil, correspondente a um dia de arrecadação do tráfico na favela do Mandela, no mesmo bairro

Bandido pode voltar ao Rio

O prazo de permanência de Macarrão em Catanduvas vence no próximo dia 26. A Secretaria de Segurança informou estar tentando prorrogar a estada do traficante no Paraná. A Justiça Federal paranense informou ao iG ainda não ter recebido pedido formal do Rio de Janeiro para a manutenção do preso por lá.

Na cadeia, alegando problemas de saúde em Macarrão, seus advogados solicitaram atendimento especializado em ortopedia, além da entrega de uma prótese para reabilitação. Pediram também que ele usasse muletas mas sem algemas, já que a utlização das mesmas atrapalha o uso das muletas nos deslocamentos dentro da prisão.

Os advogados de Macarrão também disseram que ele sofria de úlcera gástrica e pediram atendimento especializado na área. Alegaram ainda que o traficante é dependente químico, enfrenta abstinência no presídio e solicitaram tratamento psicológico e psiquiátrico.

De acordo com a Secretaria de Segurança, Macarrão é \"um criminoso de perfil calculista e ditatorial\". Segundo a pasta, ele teria participado, em novembro de 2008, de um arrastão na avenida Dom Hélder Câmara, entre as favelas de Manguinhos e Jacarezinho, que terminou com cinco policiais civis feridos. Teria também atuado em recentes guerras travadas pelo CV nas comunidades da Vila Kennedy, na zona oeste, Juramento e Serrinha, na zona norte.


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