Vento de 75km/h pode ter derrubado balões em Boituva, diz delegado

Vento de 75km/h pode ter derrubado balões em Boituva, diz delegado

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 10:08

Rajadas de vento acima dos 75km/h podem ter surpreendido e derrubado os dois balões em Boituva, no interior de São Paulo, no último sábado (30), causado a morte de três ocupantes e ferido outras 16 pessoas que estavam nos cestos na queda. Essa é a principal hipótese da Polícia Civil até o momento para explicar a tragédia.

“As investigações apontam para uma fatalidade causada por um fenômeno da natureza que atrapalhou o voo e impediu um pouso seguro, provocando a queda”, afirmou por telefone ao G1 nesta quinta-feira (4) o delegado Silvan Renosto, que apura o caso.

Segundo o delegado, o mais provável é que os balonistas tenham sido pegos de surpresa por ventos rápidos quando estavam voando, logo após terem decolado. “O INPE [Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais] me informou que não havia previsão de ventos fortes naquele sábado. A previsão do dia não registrava ventos acima de 17 km/h”, disse Renosto. “Isso mostra que os pilotos realmente foram pegos de surpresa.”

Além disso, o delegado diz que dois fatos corroboram com essa tese: o depoimento de um piloto e o registro no GPS [sigla em inglês para Global Positioning System] do balão dele. “O piloto contou que foi pego de surpresa por rajadas de vento e fez um pouso de emergência. E o aparelho GPS apontou que ele foi pego por um vento de 75km/h”, explicou Renosto.

De acordo com o delegado, balões são orientados a realizar passeios com ventos até 25km/h em Boituva. “Acima dessa velocidade, não é recomendado voar com balões porque o passeio se torna arriscado”.

Investigação

Apesar de o boletim de ocorrência sobre o caso ter sido registrado para apurar crimes de homicídios culposos e lesões corporais culposas, o delegado Renosto afirmou que a investigação não apontou até agora um culpado. “O único culpado até o momento é a natureza. Não há envolvimento humano no evento das mortes ou dos feridos ainda. As famílias das vítimas querem achar um culpado pela fatalidade, mas só vou apontar um culpado se ele existir”, afirmou.

Dezesseis pessoas foram ouvidas até agora pela delegacia de Boituva, a 121 quilômetros da capital. “Ouvi policiais, socorristas e testemunhas em solo. Também ouvi o piloto sobrevivente que conseguiu pousar o balão com os passageiros. Ele afirmou que sentiu a mudança brusca de vento quando já estava voando e providenciou o pouso. No caso dele, ninguém se feriu”, relatou o Renosto.

Apesar disso, o delegado afirma que ainda pretende colher os depoimentos dos 16 sobreviventes da queda dos dois balões. Segundo a polícia, dez pessoas estavam num cesto de um balão, e outras nove estavam no outro. “Pelo que apuramos, a capacidade e o peso estavam dentro das normas do balonismo”, disse Renosto.

“Tudo se encaminha para uma fatalidade provocada por uma mudança repentina de vento, mas também vamos apurar se os pilotos cometeram alguma negligência após a rajada, nas normas técnicas de pouso ou fizeram tudo o que foi possível dentro do especificado”, afirmou o delegado, que ainda aguarda os laudos que estão sendo realizados pelos peritos para explicar a tragédia com os balões.

Mortos e feridos

Na queda, morreram o casal Daniela Gonçalves Ciarallo e Franklin Ciarallo da Luz. Eles foram enterrados na segunda-feira (1º) no Cemitério Municipal de Barueri, na Grande São Paulo. O piloto Antônio Carlos Giusti, de 56 anos, também morreu na queda – o corpo dele foi enterrado no domingo (3) no Cemitério do Araçá, na Zona Oeste de São Paulo.

Entre os sobreviventes, o caso mais grave é o de uma mulher que teve várias fraturas pelo corpo, entre elas traumatismo craniano. Ela foi levada para dois hospitais no interior antes de ser transferida para a capital paulista.

A mulher de 48 anos deu entrada na noite de sábado (30) no Hospital Santa Catarina, trazida pelo helicóptero Águia, da Polícia Militar. Ela está internada na Unidade Terapia Intensiva (UTI), em estado grave, porém estável, segundo a assessoria do hospital. A paciente não corre risco de morte.

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