As mudanças provocadas pelo aprendizado da leitura não se limitam à melhora na qualidade de vida. Estudo conduzido pelo Centro Internacional de Neurociências da Rede Sarah, com a colaboração de cientistas de Portugal, França e Bélgica, demonstra que aprender a ler e escrever altera a forma de funcionamento do cérebro. Há uma mudança nas redes neuronais da visão e da linguagem, afirma Lúcia Braga, presidente da Rede Sarah e coordenadora do trabalho. Os resultados indicam que o cérebro faz um rearranjo de suas funções ao iniciar o aprendizado da leitura.
Uma área inicialmente dedicada ao reconhecimento facial se torna especialista no reconhecimento de palavras. Isso, no entanto, não significa que alfabetizados percam a capacidade de identificar rostos. Muito embora, nos testes, os analfabetos apresentaram um desempenho superior aos alfabetizados no reconhecimento de faces. Outras pesquisas precisam ser realizadas. Mas a nossa suspeita é de que, em pessoas alfabetizadas, o reconhecimento de rostos em parte seja transferido para outra região cerebral, disse Lúcia.
A pesquisa analisou exames de ressonância magnética feitos em 63 voluntários. O grupo, formado por brasileiros e portugueses, teve a atividade cerebral mapeada enquanto era submetido a estímulos, como ouvir frases, ver palavras, rostos e outras imagens.
Dos voluntários, 10 eram analfabetos, 22 haviam sido alfabetizados na idade adulta e outros 31 aprenderam a ler e escrever ainda na infância. Os exames mostraram que o grupo de pessoas alfabetizadas apresentou uma atividade mais acentuada nas áreas do córtex associadas à visão.
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