O ano de 2015 representará um marco para o Brasil, afirmou ontem o gerente de Análise Técnica do Combustível da estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB), Márcio Adriano Coelho da Silva, ao participar do Simpósio Anual da Seção Latino-Americana da Sociedade Nuclear Americana (LAS/ANS), no Rio de Janeiro. Em 2015 deverá entrar em operação a Usina Nuclear Angra 3 e o país atingirá o ciclo completo do combustível nuclear avançado, relatou Márcio Silva. A gente vai ter as três plantas trabalhando com o elemento combustível nuclear mais avançado. À Agência Brasil, o gerente revelou que a INB está trabalhando na terceira cascata do enriquecimento de urânio, mineral que é a base da energia nuclear. A empresa dispõe atualmente apenas do urânio extraído da mina de Caetité, na Bahia, cuja produção gira em torno de 400 toneladas anuais. A INB está trabalhando para aumentar [a produção], fazer uma lavra profunda, e isso iria chegar perto de mil toneladas por ano. Para isso, a empresa conta com a futura entrada em funcionamento da mina de Itataia, no Ceará, considerada a maior jazida de urânio do Brasil. A mina apresenta urânio associado com fosfato. O fosfato será retirado pelas empresas parceiras da INB para aplicação na agricultura e o urânio ficará com a estatal.
Márcio Silva informou que, somando a produção de urânio das minas de Caetité e Itataia, a extração poderia chegar a 1,2 mil toneladas/ano, que é mais do que suficiente para atender às usinas Angra 1, 2 e 3 e pelo menos mais oito [usinas] que estão no planejamento estratégico até 2030. Ele esclareceu que, hoje, o urânio de Caetité basta para suprir as duas usinas em operação mais Angra 3, cuja construção foi retomada este ano.
A INB está iniciando este ano o processo de contratação de profissionais especializados na área geológica e o treinamento de técnicos para elaboração de um novo mapeamento do território brasileiro. Não há, contudo, uma data fixada para o término da prospecção. Márcio Silva disse que existe um potencial imenso, reconhecido internacionalmente.
Até hoje, apenas 30% do território nacional foram prospectados na busca de novas jazidas de urânio. A mina de Caetité é um monopólio da INB. Márcio observou que, mesmo com 30% do território nacional [prospectado], o Brasil tem a sexta reserva de urânio do mundo. Com a revisão do mapeamento anterior, ele acredita que poderão ser descobertas novas reservas. A INB está trabalhando nisso, não para uso imediato, mas para ter uma real visão do que temos aqui.
O urânio das minas da INB terá sempre uma destinação pacífica, sem dúvida nenhuma. Urânio para elemento combustível com enriquecimento de até 5%. A INB só tem licença para 5% [de enriquecimento], advertiu Márcio Silva.
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