"Estamos trabalhando off-line nas investigações de crimes eletrônicos", disse o Delegado José Mariano no painel "Crimes Virtuais - Problemas Reais e o Panorama Atual", realizado ontem, 4 de agosto, durante o Congresso Crimes Eletrônicos - Formas de Proteção da Fecomercio. Segundo Mariano, devemos adotar ações pró-ativas para combater os crimes eletrônicos. "Hoje, há uma ausência de instrumentos processuais penais para que as investigações fluam", complementa.
Para o delegado, o Projeto de Lei no 84/1999, de autoria do deputado Eduardo Azeredo, já está envelhecendo e muitos temas importantes para combater os crimes foram retirados devido a interesses corporativos. Segundo Mariano, os criminosos já estão trabalhando técnicas anti-forenses, ou seja, há trabalhos que combatem as investigações do Fórum sobre os crimes eletrônicos.
O delegado também destaca que as empresas de pequeno, médio e grande porte estão despreparadas para o combate a fraudes e não olham órgãos policiais como favoráveis a elas. Mariano acrescenta que, no ambiente empresarial, 95% dos vírus que chegam às empresas tem como origem endereços corporativos.
Renato Opice Blum, presidente do Conselho de Tecnologia da Informação da Fecomercio, defende o monitoramento de e-mail corporativo para a detecção de fraude e acredita que, em questão de tempo, haverá delegados especializados em alta tecnologia para detectar fraudes eletrônicas.
De acordo com o juiz de Direito, Demócrito Reinaldo Filho, as empresas precisam conservar dados de conexão, preservar outras informações mediante requisição judicial e informar à autoridade competente denúncias que contenham indícios de crime sujeito ao acionamento penal público.
Segundo o juiz, um dos tópicos do Projeto de Lei previa a autorização dos provedores a fazer um cadastro de usuários. Porém, a medida foi polemizada e chegaram a comparar o Brasil com países comunistas, como Cuba e Coréia do Norte, já que a medida seria uma invasão de privacidade e impediria a livre manifestação da Internet. "Esse tema foi retirado da discussão e fez muita falta", diz Reinaldo Filho.
Para Mona Clayton, consultoria jurídica Forensic Services da PricewaterhouseCoopers (PwC), o combate às fraudes é bom para o negócio. Segundo Mona, as empresas brasileiras não têm cultura ao combate a fraude. Enquanto nos Estados Unidos, 40% das fraudes foram descobertas por meio de auditoria interna, no Brasil esse número é de 21%. E somente 45% das empresas tem canal de denúncia. "O Brasil é um gigante adormecido que está abrindo os olhos para os problemas de fraude", salienta.
Fraudes virtuais visam lucros, diz especialista em segurança
Diferente do que acontecia quando a internet começou a ser utilizada pela população em geral, atualmente os ataques oriundos de hackers que ocasionam fraudes eletrônicas visam a atingir lucros.
Para Ghassan Dreibi, gerente de desenvolvimento da Cisco do Brasil, a grande questão é pensar não apenas em segurança na Internet, mas sim em segurança integrada e colaborativa. "Não podemos apenas pensar em uma solução para resolver um problema de spams, por exemplo. Se fizermos apenas isso, outros problemas irão surgir e será preciso pensar novamente em novas soluções", afirmou Dreibi, que participou nesta segunda-feira, 3 de agosto, do painel A vulnerabilidade das empresas versus Ameaças da Internet, durante o congresso Crimes Eletrônicos - Forma de Proteção.
Ricardo Marques, da IBM, apresentou o panorama de ameaças virtuais que estão no horizonte. Segundo ele, hoje é muito difícil controlar a vazão de informações confidenciais. "Como vamos controlar a saída de informações por meio dos "pendrives"? "Pensar nisso é vital para a segurança das empresas", afirmou Marques.
Sobre a Fecomercio
A Fecomercio (Federação do Comércio do Estado de São Paulo) é a principal entidade sindical paulista dos setores de comércio e serviços. Representa 151 sindicatos patronais, que abrangem cerca de 600 mil empresas, um universo que corresponde a 10% do PIB brasileiro e gera em torno de cinco milhões de empregos
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