Conheça as tecnologias que substituem o estepe

Conheça as tecnologias que substituem o estepe

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 10:16

Primeiro escolhe-se a marca e o modelo, depois a cor da pintura, o estofado dos bancos e os acessórios, mas um componente que passa despercebido no momento da compra de um veículo é o estepe. Apesar de ninguém dar muita bola para esse item, algumas montadoras, com o objetivo de melhorar o desempenho do carro, aproveitar melhor seu espaço interno e facilitar a vida dos motoristas, estão optando por tecnologias que dispensam o pneu reserva. Algumas companhias chegam a ter todos os seus modelos vendidos sem o componente.

O sistema run-flat (ou "correr com pneu furado", em tradução livre) é o mais conhecido e usado pelas fabricantes. A tecnologia existe há pelo menos cinco anos e permite que o carro rode mesmo que o pneu apresente algum problema. No caso, quando há perda de pressão, o motorista é avisado por meio de sistema eletrônico no painel de seu veículo.

Os pneus run-flat possuem as bordas mais reforçadas. Por isso, o condutor consegue dirigir até 150 quilômetros, em uma velocidade de no máximo 80 quilômetros por hora, antes de fazer o reparo. Segundo Antonio Seta, membro da Sociedade dos Engenheiros da Mobilidade Brasil (SAE) e engenheiro da Bridgestone, as vantagens desse sistema são incontáveis. “Além de ficar mais leve e com melhor desempenho, o carro ganha mais espaço interno”.

A BMW foi uma das pioneiras a adotar o sistema run-flat. Apenas 10% dos seus modelos ainda possuem o estepe convencional. Além do run-flat, o autosselante é outra tecnologia utilizada pela montadora e também dispensa o estepe. No lugar do pneu, o carro vem acompanhado de um pequeno compressor de ar com um matéria semelhante a graxa, que serve para vedar o furo. “O compressor é colocado no pino de enchimento do pneu e libera o material que sela o furo”, explica Luís Roberto Perroud, executivo de vendas da Eurobike BMW.

Segundo ele, a comodidade, sem dúvida, é o principal diferencial dos sistemas que substituem o estepe. “Esses sistemas são totalmente seguros, deixam o carro mais leve, o porta-malas mais espaçoso e, no caso de algum problema, o condutor não precisa parar de imediato”, afirmou Perroud.

 Gerson Burin, analista técnico do Centro de Estudo Automotivo (Cesvi), afirma que outro benefício dos carros sem estepe é a obrigatoriedade de o condutor ter que fazer o reparo imediatamente do pneu, o que normalmente não acontece quando há o item reserva. “No Brasil, o estepe não é visto como um pneu de emergência, que precisa sempre estar pronto para o uso. Agora, se o carro não vem com o estepe, o motorista, assim que perceber o problema, tem que procurar imediatamente uma borracharia para consertar o estrago”, disse.

A fabricante italiana de automóveis de luxo Lamborghini não possui estepe em nenhum dos seus modelos. De acordo com Jaroslav Sussland, diretor de relações internacionais da marca, o estepe ocupa muito espaço. Foi o que fez a montadora optar por outras tecnologias. “Nosso cliente não tem como escolher e normalmente já conhece o sistema. Nunca tivemos nenhum problema com a ausência do item, mesmo porque o volume de vendas no Brasil é baixo, de aproximadamente 15 carros por ano”, afirmou o executivo.

Comuns em carros mais luxuosos, essas tecnologias ainda não são utilizadas pelas montadoras brasileiras, que utilizam em todos os veículos o estepe convencional. Segundo o engenheiro Antonio Seta, o sistema torna os carros mais caros - e, no Brasil, as companhias estão preocupadas em produzir carros cada vez mais em conta. “Aqui a produção é típica de países emergentes. Demorará de cinco a dez anos para que esses sistemas comecem a ser utilizados pelas fabricantes no País”, disse. Essas tecnologias chegam a custar até 30% a mais que um pneu convencional.

Adaptados para o Brasil

Outras montadoras, como a Porsche e a Ferrari, preferem adaptar o estepe nos seus modelos vendidos no Brasil a fim de evitar problemas e reclamações. Segundo a Porsche, todos os veículos são equipados com estepes, a menos que o cliente peça para não incluí-lo. A companhia optou por não utilizar os pneus que dispensam o estepe, como é utilizado nos Estados Unidos e na Europa, porque o composto desses pneus ainda é muito duro para as rodovias brasileiras.

Nos carros da Audi, apenas dois modelos superesportivos, o Audi R8 e o Audi TT, vêm sem estepe. Segundo Thiago Lemes, gerente de produto da Audi, o tipo de estepe é um item que não faz diferença na hora da compra. “Cada cliente possui uma preferência. Quando o veículo vem sem estepe, explicamos o motivo da retirada e a tecnologia que vai substituir o pneu reserva”, afirmou.

Apesar de ainda não serem adotados pelas montadoras brasileiras, os pneus com sistemas que dispensam os estepes são comercializados normalmente. A Goodyear possui o pneu run-flat para venda em suas lojas. “Não fabricamos a tecnologia aqui, mas importamos os pneus da Europa”, afirmou Patricia La Porta, gerente de marketing de consumo.

No entanto, os veículos que não saem de fábrica com o sistema instalado não podem simplesmente ter as rodas substituídas por essas tecnologias. Segundo Renato Silva, gerente de marketing de produtos da Michelin, todo carro que anda sem estepe precisa de uma autorização especial do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) para rodar, uma vez que o estepe é um item obrigatório, segundo o Denatran. “Além disso, não se trata apenas de só substituir as rodas. O carro precisa ter um sensor de pressão que identifica algum problema”, afirmou Silva.

Em 2009, a indústria brasileira de pneus produziu 61,3 milhões de unidades e faturou R$ 9 bilhões, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A balança comercial ficou superavitária em US$ 378 milhões; em unidades, apresentou déficit de 3,5 milhões de unidades no acumulado do ano. Em 2010, o setor espera crescer 20% na comparação com 2009.

Postado por: Thatiane de Souza

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