Jobs e Sculley tiveram disputa que levou à saída do fundador da empresa

‘Briga com Steve Jobs poderia ter sido evitada’

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:11

A disputa interna entre Steve Jobs, cofundador da Apple, e John Sculley, então CEO da companhia, durante a década de 1980 poderia ter sido evitada, segundo Sculley disse ao G1. A briga acabou levando à renúncia de Jobs, que só voltou para a Apple anos depois, quando a companhia estava à beira da falência.
Sculley, que morou no Brasil por alguns anos da década de 1970, está de volta ao país para falar no evento Info@Trends, que acontece em São Paulo nesta quinta-feira (21). Durante o evento, ele falará sobre as companhias de tecnologia em que age como conselheiro, mentor e investidor.

“Eu gosto de pensar em mim principalmente como um mentor para as empresas em que eu invisto”, disse. “Eu olho pra trás e penso que eu gostaria de ter tido um mentor na época daApple. Talvez eu e Jobs não tivéssemos brigado, ou ao menos teriam me dito para recrutá-lo de volta para liderar a companhia que ele fundou.”


Sculley foi recrutado para liderar a Apple em 1983, quando trabalhava na PepsiCo. “Meu trabalho era, basicamente, trazer para a Apple um novo jeito de vender os computadores”, lembra. “Eu não sabia nada do assunto, mas nem precisava, porque Steve [Jobs] sabia. Minha tarefa era criar um marketing para os produtos de alta tecnologia.”


O investidor conta que Jobs foi treiná-lo por ter ficado impressionado com o trabalho que ele tinha feito na disputa entre Pepsi e Coca-Cola. “Eu expliquei para ele que, na Pepsi, nós estávamos vendendo uma experiência e não um produto. A partir de então, a Apple começou a divulgar seus produtos assim”, conta. O marketing que foca na experiência dos usuários não era feito para produtos de tecnologia até então, diz ele.

De lá pra cá, a Apple continuou a mesma de várias maneiras, conta o ex-CEO. “Todos os princípios que Steve Jobs criou ainda podem ser vistos na Apple de hoje”, disse. Segundo ele, entre esses grandes heranças de Jobs estão as atitudes de colocar a experiência do consumidor no centro do design e não acreditar em pesquisas de consumidores.

Mas a saída do cofundador da companhia não deve mudar o ritmo e a qualidade do trabalho feito na Apple, afirma Sculley. “Hoje em dia, o time executivo por trás da Apple é o melhor que a empresa já teve. E Steve merece crédito por isso, porque foi ele que contratou essas pessoas.”


O investidor afirma que Jonathan Ive, responsável pelo design da empresa, e Tim Cook, atual CEO da Apple, estão entre os melhores em seus campos de atuação. “Ive era o segundo par de olhos de Jobs para o design de produtos e ele sabe tudo o que é preciso para criar produtos ótimos”, diz.


Em Jobs, Sculley conta que viu um grande crescimento no período que ele ficou fora da Apple. “Quando eu trabalhei com ele, ele era errático. Era brilhante, mas difícil de inserir em uma empresa pública”, lembra. “Já o Steve que foi o CEO da Apple nos últimos 15 anos cresceu muito, tanto durante o trabalho, quanto no tempo em que esteve fora da empresa.”
Dono de um BlackBerry como smartphone pessoal, o ex-CEO conta que o iPad é um dos seus gadgets favoritos. “É um produto brilhante em cada detalhe, a experiência é perfeita”, conta. Sobre a escolha de um aparelho BlackBerry para uso pessoal ele diz: “É por causa do teclado físico.”


Vida de investidor
Sculley já foi considerado o executivo mais bem pago do Vale do Silício na década de 1980, mas, segundo ele, as regras do jogo no centro da inovação dos Estados Unidos mudaram de lá pra cá.
“Ninguém recebia muito dinheiro no Vale do Silício naquela época. As opções de ação eram pequenas e os salários eram relativamente menores, quando comparados aos de outras indústrias”, conta. Hoje, diz ele, os pacotes para executivos são muito maiores e eles ficam menos tempos nas empresas.


“Existe muito mais acesso a capital para começar uma startup hoje, então é muito comum as pessoas saírem de empresas tipo o Google e a Apple para montar algo próprio”, conta o ex-CEO.

Para ele, também mudou o foco dos empreendedores, que estão mais focados em dinheiro. “Eu não lembro de uma conversa com Jobs em que falamos sobre dinheiro. Ele não estava fazendo aquilo por causa de dinheiro. Bill Gates também não”, afirma. “Eles queriam mudar o mundo.”


Como investidor, Sculley conta que quer aplicar seus recursos em companhias que promovem a inovação na área de saúde. “Eu não tenho nenhum título de executivo nas companhias em que me envolvo, mas sou um investidor importante, acionista e um conselheiro ativo”, explica o ex-CEO.


Ele diz que escolheu a saúde porque é a maior indústria dos Estados Unidos e "está fora de controle". “Acho que é o momento certo para juntar inovação e a indústria da saúde. É importante, já que o consumidor está começando a ter um papel maior no seu bem estar”, explica. “Ainda estamos nos estágios iniciais da evolução da inovação em saúde.”


Com a maior parte dos investimentos na América do Norte, Sculley afirma que ainda não pensa em investir no Brasil.

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