A internet se transformou numa grande "A Praça É Nossa". A gente senta no banquinho para acompanhar a vida dos outros e ri o tempo todo de piadas que nem sempre têm tanta graça.
Quando foi que a rede mundial de computadores, aquela que faria a gente visitar os grandes museus do mundo a partir de nossas confortáveis cadeiras, virou o reino da piada, do "meme", do vídeo fofo e engraçadinho?
Não que eu seja mal-humorada. Faz três dias que acompanho ansiosamente cada post do Como Eu Me Sinto Quando. Nem que eu seja uma "culturete" que quer passar todo o tempo na internet aprendendo alguma coisa.
Mas não gosto mais de abrir o Facebook e perceber que todo o mundo vê as mesmas coisas, lê as mesmas notícias (entre clicar e ler, quanta diferença!) e fala dos mesmos assuntos.
Viramos uma manada que se alimenta de virais engraçadíssimos, fofocas e notícias sensacionalistas. E que tem opiniões sobre absolutamente tudo --muitas vezes sem pensar realmente no que achamos, mas repetindo o discurso da vez.
O Instagram ficou disponível para Android? "É um absurdo", bradam indignados os que não querem "foto na laje" em sua "timeline".
O termo "orkutização" se espalha como um grande xingamento. "Orkutizar" nada mais é do que popularizar, o que é excelente. Afinal, quanto mais gente na brincadeira, mais chances de ela ser mais legal. "Orkutizar" devia, ainda, nos lembrar que foi por causa da rede social do Google que descobrimos o prazer de ficar em contato constante com amigos e conhecidos, contando das nossas vidas e acompanhando as deles.
Estamos em 2012, inclusão digital é uma realidade, mas ainda tem gente que acha que faz parte de um clubinho. A internet é mesmo capaz de contradições: é agregadora, mas também é exclusivista e excludente. Oferece todas as possibilidades, mas faz a gente consumir mais do mesmo.
Adoro um pôster que diz assim: "Você não é profundo. Você não é um intelectual. Você não é um artista. Você não é um poeta. Você tem, apenas, acesso à internet".
Como é tudo uma questão de acesso, tomara, então, que cada vez mais gente faça parte do "clube". Porque daí vai dar para dividir melhor o espaço entre o engraçado, o trivial, o profundo. E para aprender, em conjunto, a usar melhor esse mundo de possibilidades. Espero ansiosamente para dar esse "like".
"Estamos em 2012 e ainda tem gente que acha que faz parte de um clubinho. A internet é mesmo capaz dessas contradições: é agregadora, mas também é exclusivista e excludente"
DANIELA ARRAIS é editora-adjunta de "Imóveis" da Folha e cocriadora do Instamission, projeto de fotografia feito colaborativamente usando o Instagram
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