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11 mil candidatos do Sisu mudaram de Estado para estudar em 2011

11 mil candidatos do Sisu mudaram de Estado para estudar em 2011

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:38

Este ano, 11.432 jovens brasileiros deixaram casa, cidade e Estado onde viviam para estudar em instituições públicas de ensino superior que utilizaram o Sistema de Seleção Unificada (Sisu) nas matrículas. Eles representam 15% do total de 76.712 alunos matriculados pelo sistema que distribui vagas em instituições federais a partir das notas dos candidatos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

Dados de um estudo realizado pelo MEC para entender a movimentação dos estudantes brasileiros pelo País depois do Sisu - e obtidos com exclusividade pelo iG - mostram que a taxa de jovens que trocou de Estado para estudar caiu 40% entre 2010 e 2011. Na primeira seleção feita pelo sistema, em janeiro de 2010, a proporção foi maior.

No primeiro semestre do ano passado, de cada 10 universitários que se matricularam nas vagas oferecidas pelo Sisu, quatro optaram por estudar em outros Estados. Em números absolutos, eles somaram 8.353, 25% do total de matriculados. O MEC espera que a seleção unificada estimule essa movimentação.

A possibilidade de o estudante escolher, sem sair de casa, vagas em instituições em diferentes cantos do País foi alardeada pelo Ministério da Educação e por diversos reitores como uma das maiores vantagens do Sisu. Segundo eles, a mobilidade contribui para a formação dos universitários e dá às instituições a chance de atrair talentos de outros lugares.

"É muito positivo promover a mobilidade acadêmica. É importante experimentar diferentes experiências e locais de aprendizado. Eu defendo a mobilidade irrestrita: os estudantes deveriam poder circular também pelas universidades por curtos períodos de tempo, por exemplo", defende o vice-presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições de Ensino Superior (Andifes), João Luiz Martins.

Maiores "exportadores"

O iG produziu um infográfico a partir de levantamento do MEC que mostra quantos alunos deixaram seus Estados de origem e para quais Estados migraram. A análise leva em conta alunos que de fato se matricularam até 25 de abril (após a lista de espera) e não o total de vagas.

Os Estados que mais "exportaram" alunos foram aqueles com menos vagas no sistema. As instituições participantes têm a liberdade de escolher quantas vagas vão oferecer pelo Sisu. Distrito Federal e Rondônia, que apresentaram mobilidade de 97%, colocaram, respectivamente, 10 e três vagas. Nos dois Estados, apenas os institutos federais participaram.

Em Rondônia, por exemplo, só as vagas do programa de ação afirmativa do curso de tecnologia em gestão ambiental fizeram parte do sistema. No Distrito Federal, o instituto colocou 10 vagas no Sisu. Na sequência, Goiás aparece com o maior número de estudantes que deixaram o Estado em busca de outras instituições: 68%. Dos 714 goianos que garantiram matrículas no sistema, 229 ficaram no próprio Estado e 485 saíram. As instituições de Goiás que participaram do Sisu matricularam 289 alunos, sendo que 229 são goianos e os outros 60 de outras localidades.

Santa Catarina, o próximo da lista, é um Estado de idas e vindas. De acordo com o estudo do MEC, "exportou" 46% de seus candidatos e foi o que mais recebeu alunos de fora (35% dos matriculados no Estado). Dos 657 catarinenses matriculados pelo Sisu, 356 ficaram e 301 saíram (a maioria foi para o Rio Grande do Sul). Estados com poucos outros limítrofes apresentaram maior mobilidade, segundo o MEC.

Só os institutos federais (são dois) de Santa Catarina participaram da seleção unificada. Eles preencheram 547 vagas pelo sistema e optaram por não usar a lista de espera (por isso, o MEC não tem os dados dos alunos que entraram nessas instituições depois). Desse total, 191 - que representa 35% - vieram de fora: 77 saíram de São Paulo, 43 do Rio Grande do Sul, 34 do Paraná e 17 de Minas Gerais.

Sem preocupações

O MEC não vê a queda na mobilidade com preocupação. Para o secretário de Educação Superior, Luiz Cláudio Costa, a taxa de 25% de estudantes matriculados em Estados diferentes dos que moravam no primeiro semestre de 2010 estava distorcida. À época, quando foi realizada a primeira seleção do Sisu, o número de vagas oferecidas pelo sistema era inferior ao deste ano e não estavam bem distribuídas por todo o País.

No primeiro semestre de 2010, 47.913 vagas foram oferecidas em 51 instituições. Em muitos Estados, havia poucas disponíveis: em Alagoas, por exemplo, eram 91; no Espírito Santo, 76, e no Distrito Federal, oito. No Acre, Amapá, Ceará e Mato Grosso do Sul nenhuma vaga entrou no sistema. Comparando os mesmos períodos, em 2011, a oferta aumentou 73%, com 83.125 vagas em 83 instituições de todos os Estados.

Na avaliação do secretário, os números tendem a se estabilizar em torno dos 15% mesmo, e os jovens se manterão mais próximos de casa. "O importante é que a preocupação de que, por exemplo, todas as vagas do Nordeste fossem ocupadas por alunos do Sudeste se mostrou desnecessária. Os estudantes estão espalhados e procuram vagas perto de casa", afirma.

Pelas redondezas

A afirmação do secretário se baseia em mais números. O estudo revela que os candidatos deram preferência às instituições mais próximas. Em 2010, 13% dos universitários se matricularam em Estados que não faziam fronteira com seus próprios Estados. Em 2011, esse tipo de matrícula representou só 5% do total.

"O Sisu promoveu mais matrículas de alunos do interior no próprio Estado. Temos recebido muitos relatos sobre isso, o que mostra como o Sisu é democrático", avalia o secretário.

Nesse sentido, a Universidade Federal do Ceará (UFC) foi uma das surpresas este ano. A instituição colocou todas suas vagas no sistema e a expectativa era de que 40% dos aprovados e matriculados na universidade fossem de fora. O curso de Medicina, um dos maiores alvos de preocupação pela grande concorrência que tem, acabou tendo apenas 5% dos matriculados eram de outros Estados.

"A mobilidade foi mais baixa do que a que tínhamos no vestibular tradicional, que era de 7%. Esperávamos mais porque fomos a instituição com maior número de candidatos inscritos", afirma Custódio Almeida, pró-reitor de graduação da UFC. Segundo ele, a instituição via com bons olhos a vinda de mais estudantes de "fora". Mas, para os estudantes cearenses, não.

"Houve uma especulação local de que estávamos preterindo os cearenses. O processo mostrou o inverso. Nossos estudantes foram muito competitivos", pondera. Custódio afirma que, após a seleção pelo Enem, o número de candidatos às vagas da federal cearense de municípios do interior do Estado aumentou.

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