O skatista californiano Tony Hawk esteve no Brasil na primeira semana de outubro para participar do Jump Festival, evento de skate, BMX e motocross para atletas amadores e profissionais, que aconteceu no último domingo (9), em São Paulo. Mesmo depois de 29 anos de carreira, uma franquia de videogames milionária e nove medalhas de ouro nos X Games, Hawk matém a humildade. Acho que ainda posso melhorar. Preciso aprimorar meus flips, diz ele em entrevista exclusiva ao iG Jovem.
Tony Hawk é uma lenda viva e um dos principais embaixadores do esporte que, nos últimos anos, deixou de ser marginalizado para ganhar a atenção total de mídia e público. Depois de quase três décadas sob os holofotes, Tony dá a impressão de já ter todas as respostas prontas e dificilmente pensa por mais do que dois segundos antes de soltar uma série de palavras coordenadas e ensaiadas.
Mas, afinal, é o Tony Hawk. Tudo o que ele disser vai ser sempre relevante para o skate. Confira abaixo o bate-papo na íntegra:
Como se sente em voltar ao Brasil depois de 23 anos?
Tony Hawk: Estou feliz de voltar finalmente! Tive umas duas oportunidades de vir para cá antes, mas nunca deu certo. Aqui o skate é grande, existe muito interesse e também apoio ao esporte. E alguns dos melhores skatistas do mundo vieram daqui, então...
O que você acha que mudou no skate de quando você começou para hoje?
Tony Hawk: Agora as pessoas dão muito mais valor para o skate e também apoio, suporte. Antes o skate não tinha seu público e hoje existem milhares de fãs no mundo inteiro. Eles podem até não andar de skate, mas gostam de assistir e isso é importante para que o skate continue crescendo. Em alguns países o skate já é popular e mainstream, como no Brasil e Estados Unidos. Em parte, isso é culpa da mídia que nos últimos anos deu muita atenção para eventos como o X Games e ajudou a levar o skate para uma audiência diferente, que aprendeu gostar.
Você acha que seus jogos de videogame tiveram parte nisso?
Tony Hawk: Acho que sim! Sou muito orgulhoso dos nossos jogos e as pessoas realmente gostam e reconhecem que é um bom jogo.
O que é mais difícil no esporte?
Tony Hawk: Continuar se desafiando, cada dia mais. E desenvolver novas habilidades, porque uma vez que você alcançou um nível de popularidade, é muito fácil que as pessoas esqueçam de você rapidamente. Se você não estiver se superando, ninguém mais vai saber quem você é daqui um ano.
Você se considera uma celebridade?
Tony Hawk: Às vezes sou tratado como uma celebridade, dependendo dos lugares onde vou. Mas não, eu apenas me considero um skatista, assim como sempre fui desde que não era popular nem nada. A parte mais difícil é invasão de privacidade, viajar com meus filhos, e também quando as pessoas tem uma concepção errada de você. Vão achar certas coisas sobre você e não serão convencidos do contrário, a menos que você sente e converse com eles.
Seus filhos também andam de skate?
Tony Hawk: Sim, todos eles. Meu filho mais velho é skatista. Os outros dois meninos gostam, mas não é o foco principal deles.
Por que você parou de competir e passou a fazer apenas exibições?
Tony Hawk: Bem, eu competi por vinte anos e fiz isso bastante. Chegou um momento, que as competições estavam tomando muito do meu tempo e eu queria explorar outras oportunidades que a agenda das competições não permite. Eu sempre quis fazer turnês me apresentando, porque é muit mais divertido. Eu não tenho que me preocupar se vou cair, nem com o tempo. Eu ando melhor de skate fora de uma competição!
O que mudou no seu estilo nos últimos 20 anos?
Tony Hawk: O estilo em geral, não só o meu, mudou e eu fui me adaptando. Hoje o skate é mais diverso. Não existe só o vertical e o street. Hoje tem parques, rampas, mega rampas e está tudo junto, antes era diferente. Eu ainda consigo fazer a maior parte de meus truques, mas também tem coisas que eu não aguento mais fazer.
Se tivesse que escolher o melhor momento de sua carreira, qual seria?
Tony Hawk: Provavelmente quando eu fiz meu primeiro 900. Foi quando encerrei minhas atividades nas competições e as pessoas passaram a me reconhecer não apenas pelo skate. Isso foi muito importante na minha vida.
Tem arrependimentos?
Tony Hawk: Acho que não. Tudo que fiz de errado serviu como aprendizado, então fico feliz que passei por isso.
O que te mantém motivado?
Tony Hawk: Eu ainda amo o skate e quero continuar explorando as possibilidades que me mantém motivado porque quero melhorar minhas habilidades. Acho que ainda posso melhorar. Preciso aprimorar meus flips. E também gosto de me inspirar em outros caras.
Tem algo que você não faz muito bem?
Tony Hawk: Sim, não sou muito bom nos kickflips como eu era antes, então quero melhorar nisso!
Qual conselho daria pra quem está começando?
Tony Hawk: Continue se desafiando e faça isso porque você gosta e não porque você acha que esse é o caminho para fama e fortuna. Você tem que ser apaixonado pelo skate se quiser ser bem sucedido.
Até quando você pretende andar de skate?
Tony Hawk: Não sei. Vou descobrir e te conto quando chegar lá! (Risos)
Quem são seus ídolos?
Tony Hawk: Admiro muito o Lance Armstrong, porque ele transformou o sucesso dele em algo incrível para o mundo, como as pesquisas sobre câncer e conscientização, gosto muito disso. Espero um dia realizar algo parecido com minha fundação e fazer a diferença.
Quem é o melhor skatista do momento?
Tony Hawk: Existem tantos estilos diferentes, que é difícil apontar alguém. Mas acho que o Bob (Burnquist) é o melhor no geral, incluindo na mega rampa.
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