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Amor e Imperfeição

Amor e Imperfeição

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:21

Tenho ouvido muita gente dizer que não acha legal dizer 'eu te amo' para 'qualquer um'. Reservam a frase para poucas e especiais pessoas. Ou esperam surgir aquele alguém digno de ser amado e saber disso. Suas palavras são preciosas demais. Seguem à risca o conselho do poema "Não facilite com a palavra amor". Tento compreender, mas não entendo, ou talvez apenas discorde. Por que privar alguém de saber o que você sente?

Dizer 'eu te amo' não é uma sentença de morte ou algo que só deve ser proferido se você for capaz de dar a vida por alguém. Não sabemos exatamente por quem seríamos capazes de sacrificar nossa própria vida, literalmente falando. Talvez numa situação de perigo, desastre ou privação nos colocássemos em risco por alguém que nem conhecemos. Enquanto a situação não chega (e provavelmente ela nunca chegará) como podemos ter tanta certeza?

A verdade (ao menos a minha especulação da verdade) é que o amor não é algo perfeito, redondo e imaculado. Recebi uma mensagem de texto, via celular, de uma amiga. Ela perguntava, "Por que amor rima tanto com imperfeição?". Claro que ela não queria uma resposta. É que tenho algumas amigas com quem troco indagações filosóficas e acabamos repartindo insights e dúvidas sem solução. Provocamos umas às outras com questões existenciais, piadas sobre coisas sérias e pensamentos a esmo. Posso garantir que é uma grande fonte de aprendizado.

Mas como os pensamentos em minha mente às vezes voam a mil por hora, comecei a refletir sobre o binômio "amor X imperfeição", ou seria "amor E imperfeição"?

O amor não é perfeito porque ele não existe fora de nós. É um sentimento, e os sentimentos não ficam guardados como roupas em uma gaveta. Por mais que não as usemos, elas estão ali, fisicamente palpáveis. Os sentimentos não são roupas, não são objetos, não são passíveis de serem tocados, apenas de serem sentidos. A ciência pode até explicar o que acontece em nosso cérebro quando estamos apaixonados. Mas explica o amor? Explica o carinho, a vontade de ver o outro bem, de se alegrar com a felicidade alheia?

Indecifrável esse amor maior, tão abrangente. Os santos (e aqui não falo de religião) devotam sua vida a ele. Nós às vezes temos o privilégio de senti-lo, e é tão grande, tão bonito, tão inteiro que não aguentamos carregá-lo por muito tempo.

Recuso-me a crer que o amor é apenas um desejo de ser altruísta para fazer o bem aos outros, de forma a sentir-se bem consigo mesmo. Prefiro acreditar que ele é simples como os lírios do campo. E que a melhor definição para ele ainda é aquela que diz que "o amor tudo sofre, tudo crê, tudo suporta".

Mas esta definição quase sempre não nos serve. O que não significa que não amemos e que devemos privar os outros de saberem disso. O que sentimos, muitas vezes é cheio de defeitos. Um amor meio manco, porque se mistura com nosso ego. Mas isso não quer dizer que não seja amor.

Não é o amor que é imperfeito. Imperfeitos somos nós. E, sim, parece muito bobo “esse tal” de amor. Mas ele nada tem de bobo. Bobos somos nós, que o sentimos. Ainda bem!

via Tempo de Mulher

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