Não é só no futebol sul-americano que o Brasil é campeão na categoria junior: o paulista Gabriel Medina, 17 anos, é o atual número um mundial do surfe sub-18. O jovem e tímido surfista ainda não tem a fama do craque Neymar, mas talvez seja só questão de tempo. Isso porque entre os fãs e especialistas das ondas, ele é considerado um garoto prodígio, com potencial para se tornar um dos maiores atletas desse esporte no país.
E não é para menos. Medina tem na bagagem, além da conquista do ISA World Junior 2010, outros feitos notáveis: foi campeão da etapa 6 Estrelas do WQS, a divisão de acesso do circuito mundial, em Florianópolis (SC) batendo na final o veterano Neco Padaratz. Também é dono da maior nota dada pelos juízes em uma onda da última edição do SuperSurf Internacional. Foi ainda capa de diversas revistas especializadas, fora os inúmeros topos de pódios que faturou em circuitos nacionais e internacionais.
Paulistano, corintiano e do signo de Capricórnio, Medina mal nasceu e foi morar em Maresias, praia de São Sebastião (SP). Não demorou para o mar virar seu playground. "Comecei com oito anos. Meu pai surfa e me levava para acompanhar", conta, economizando palavras. "Não cheguei a fazer escolinha para aprender a surfar. Logo no meu primeiro campeonato, fiz final. Aí não parei mais".
Neste papo com o iG Jovem, Medina fala sobre viagens ao redor do mundo, gatinhas do surfe, vontade de comer chocolate e Big Mac e dispara: "Enjoei do Kelly Slater!" calma, ele estava brincando... Confira.
Sem pressão: "Penso sempre em me divertir"
iG Jovem: Como você lida com a pressão? Dá pra sentir que a família e os amigos criam uma expectativa sobre você?
Gabriel Medina: Na verdade, não. Penso em me divertir, cair na água e surfar. Saí em duas capas seguidas de revistas de surfe no ano passado, sempre acontecem eventos e campeonatos e, sei lá, acho bem legal tudo isso, mas, ao mesmo tempo, normal. Fico na boa e as pessoas perto de mim, também. Nada de me "pilhar". Sempre com naturalidade.
iG Jovem: O que mudou depois dos títulos? Dá para surfar com tranquilidade ou o mar lota de jovens fãs quando você entra?
Gabriel Medina: A molecada se liga, reconhece. Sempre entra uma galera na água para surfar junto. Mas, na maioria, são amigos. É muito legal isso porque quase não tenho parado por aqui por conta das viagens. Então, quando estou em casa, passo o dia no mar com eles, surfando. E um vai puxando o outro no lance da evolução, dar dicas e ajudar é importante no começo. Tem sido assim esses anos.
iG Jovem: E o assédio das meninas, acontece? Você já namorou?
Gabriel Medina: Namorei. Durante nove meses. Foi bem legal. Já o assédio, pô, dá para tirar uma casquinha, né? (risos) Como o meu foco está no surfe, acabo evitando as baladas. Mas, nas férias, sobra um tempo para se divertir.
iG Jovem: Dentro do surfe tem alguma atleta que você acha bonita?
Gabriel Medina: A maioria das surfistas namora. Claro, existem várias gatinhas. Como estão de compromisso, não rola de falar. (risos) A Mony (Monyca Byrne-Wickey), por exemplo, acho bonita, com estilo. Das celebridades, a Ana Hickmann. Linda.
iG Jovem: Corais afiados, ondas grandes... Você não tem medo disso tudo?
Gabriel Medina: Isso depende muito. Depende do tamanho mar, da praia. Se estiver muito grande (a onda) dá aquele medo, sabe? Acho que todos sentem isso. É uma adrenalina boa, que te deixa ligado. Procuro pensar em me divertir sempre, é um lema. Já me machuquei, claro. Braço, costas. Coral é f***. Na Indonésia, por exemplo, a profundidade é baixa, e você ali querendo encaixar as manobras, existe um risco, mas pô, a onda é perfeita. Não tem como hesitar, deixar de arriscar. Cair é consequência. Acho que tem que acostumar, nos treinos.
iG Jovem: Falando em treinos, e a sua rotina como é? Como mescla os treinamentos, casa e estudos?
Gabriel Medina: Eu acordo cedinho. Às 7h já estou na água. Aí volto, tomo café. Quando o mar está bom, como, dou uma descansada e volto. E, basicamente, passo o dia todo no mar. Treino é diversão também. Quando estou em casa, eu gosto de andar de skate, jogar bola e videogame, de preferência um jogo de futebol com o meu irmão, ou brincar com minha irmãzinha. O colégio eu terminei agora, em 2010. Nunca "bombei". Entrei um ano adiantado e todos os professores sabem que eu pratico surfe. Na época, era meio difícil conciliar, principalmente, nos últimos dois anos eu viajava direto. Aí voltava, ficava no máximo uma semana e ia para as competições. Meus pais explicavam a situação e minha diretora me incentivava bastante. Ela deu uma força porque sabia que era isso o que eu queria.
iG Jovem: Quais foram os lugares mais legais aos quais o surfe já levou você?
Gabriel Medina: A Indonésia, sem dúvida. Não só pelo surfe. Achei lá demais. Muito lindo. Só que a Califórnia é também bem legal e por uma outra "vibe". Já fui quatro vezes pra lá. Newport Beach foi o lugar que mais curti. Tem uma galera, meninas bonitas. O Havaí é bacana, mas tem muita gente na água. Acho que vale mais pelo pôr-do-sol de Sunset (praia havaiana famosa pelas ondas grandes e pesadas). Junta sempre um pessoal na praia no fim da tarde.
iG Jovem: E o idioma? Dá para arriscar no inglês?
Gabriel Medina: Me viro. Fiz curso. Aprendi demais. Não sou muito fluente. Consigo me comunicar na boa. Você tem que aprender na raça.
iG Jovem: Como é ficar fora de casa durante tanto tempo? Como fica a alimentação e a saudade?
Gabriel Medina: Meu pai está sempre junto. Ele me acompanha na maioria das viagens. Então acabo não ficando tão sozinho. Com a minha mãe eu falo pelo Skype, dá para matar as saudades, só que não é a mesma coisa. Na alimentação, eu tenho frequentado um instituto de medicina esportiva para fazer acompanhamentos específicos. Como eu gosto de comer de tudo, então seguro na dieta. Não dá para comer um Big Mac, entende? Chocolate eu passo longe.
iG Jovem: A maioria dos surfistas tem o Kelly Slater como referência no esporte e você recentemente declarou que prefere o Mick Fanning. Por quê?
Gabriel Medina: Enjoei do Kelly Slater, todos só falam nele! (risos) Brincadeira. Ele surfa muito. É o melhor de todos os tempos, sem dúvida. Mas curto o estilo do Fanning, que é de uma nova geração, que também faço parte. É um surfe ousado, que acho que vai virar tendência. Para esse ano, acho que o WCT vai contar com cinco surfistas da minha idade, então rola uma renovação natural.
iG Jovem: O que você faria para comemorar se fosse campeão mundial da elite do surfe?
Gabriel Medina: Não sei. Penso primeiro em entrar no WCT e estou me esforçando para isso. Quem sabe esse ano, né? Mas de boa, sem pressão.
Por: Renan Silva
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