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Conheça as modalidades que transformam cidades em obstáculos

Conheça as modalidades que transformam cidades em obstáculos

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:31

Saltar, correr, rolar, agachar e quase voar. Os movimentos, que fazem parte da rotina dos atletas de mutos esportes, são a base do parkour e do freerunning, modalidades que serão as principais atrações de um evento neste sábado na Universidade de São Paulo (informações abaixo).  A diferença, em relação à maioria dos esportes coletivos, é a ausência de uma bola e de adversários. E em relação aos esportes radicais, o fato de o atleta/artista usar somente o próprio corpo, sem skate, patins ou bicicleta.

Antes de mais nada, é preciso esclarecer as diferenças entre as duas modalidades. O parkour, criado na frança no final da década de 90, tem inspiração em treinamentos militares. Chamado de "arte do deslocamento", tem como princípio a movimentação entre dois pontos com a maior rapidez e eficiência possível, usando somente as habilidades do corpo humano para superar todos os obstáculos. Seus praticantes são conhecidos como tracers.

Já o freerunning, pode-se dizer, é a versão artística e competitiva do parkour. Nele, são usados movimentos que podem ser considerados supérfluos do ponto de vista da utilidade, acrobacias que acrescentam mais esteticamente do que por ajudar o praticante a se locomover.

"Como nasceu de um treinamento militar, o parkour é a técnica que vai te ajudar em uma situação de perigo, visando 100% de eficiência. Já o freerunning é mais artístico, muitas vezes a pessoa quer brincar, fazer coisas mais artísticas. O freerunning é uma coisa legítima, mas não tira um pouco a essência do parkour e acaba distorcenco, por isso nós deixamos claro que são coisas diferentes", explica Jean Wainer, fundador da Tracer, primeira academia especializada nas modalidades no Brasil.

No evento deste fim de semana, o "Red Bull Arte do Movimento", a prioridade será voltada para o freerunning, vertente da modalidade que permite avaliar os participantes de forma competitiva. Mas para divulgar a versão "pura", o parkour, será realizada no Paço das Artes da USP uma oficina participativa aberta ao público.

Essa será a primeira edição no Brasil e na América do Sul do maior evento internacional da modalidade, que já passou por cidades como Londres, Yokohama, Viena e Tampa e contará com 20 atletas de sete países, incluindo seis brasileiros. Uma comissão de jurados vai avaliar os competidores baseada em quatro critérios: criatividade, ritmo, dificuldade e estilo.

No entanto, os próprios atletas deixam claro que a competição fica em segundo plano. "Só estamos tentando descobrir qual estilo se encaixa melhor nesse percurso. O público quer um vencedor, claro, mas não existem perdedores", afirma o inglês Ryan Doyle, considerado o melhor freerunner do mundo.

Doyle, que dá aulas de parkour três vezes por semana, falou ao iG sobre como iniciou seu interesse e algumas características do esporte. Para ele, não há nada de "inusitado" na prática.

"Eu comecei a praticar parkour aos 12 anos. Na verdade, eu sempre fiz parkour. Todo mundo aprene a engatinhar, andar, correr, saltar, e depois a sociedade manda parar por aí. Mas por quê? Qualquer movimento além desse ponto é considerado estranho, perigoso, anormal. Mas para nós, vocês são os anormais e estranhos, restritos a um ambiente limitado" afirma.

Perguntado se se considera um atleta ou um artista, ele mostra estar mais inclinado à segunda opção. "O parkour não é um esporte. Para que fosse, teria de haver um conjunto de critérios, uma lista do que está certo ou errado. E quem tem coragem de fazer essa lista? Eu fiz a minha própria e costumo dizer que [o parkour] é uma forma de expressar arte com o corpo, adaptar-se de uma forma especial ao ambiente que nos cerca", diz.

No Brasil

Os primeiros praticantes do parkour no Brasil, como Wainer, começaram pesquisando na internet, assistindo vídeos e tentando aplicar as técnicas sem quaisquer orientações. Atualmente, em algumas cidades, já existem grupos que oferecem treinamento, mas ainda é comum ser "autodidata".

"Toda a minha geração começou sem orientação, então para quem quiser começar sozinho o que eu mais indico é procurar na internet. Com informação, você sabe o que é perigoso, o que não é. O lema do parkour é ‘ser e durar’, longevidade. Cada um deve ter uma evolução devagar e constante, só fazendo os movimentos quando sentir confiança", explica.

Fotos sequenciais de Parkour

Depois desse início com condições restritas, Wainer explica que a procura está cada vez maior, e entre todo tipo de público. "A gente acredita que qualquer um pode participar. Já tivemos alunos de 5 a 70 anos na academia. A maioria hoje está entre 25 e 30 anos, mas tem gente de todas as idades. Fizemos clínicas na Virada Cultural há quatro anos e percebemos que antes as pessoas nem sabiam o nome e hoje pelo menos já têm uma noção do que é", diz.

No evento deste sábado, com seis brasileiros participando, o principal destaque do país é Paulo Eduardo Leite, de 19 anos. O competidor de Fortaleza é apontado como o "Pelé do parkour no Brasil" e, por isso, principal candidato a desbancar Ryan Doyle. Confira abaixo todas as informações sobre o evento que vai reunir esses dois e outros atletas que buscam superar os limites do próprio corpo contra qualque obstáculo.

Serviço:

Red Bull Arte do Movimento São Paulo 2011

Sábado, 13 de agosto, às 19h

Abertura dos portões: 17h

Paço das Artes - Universidade de São Paulo (USP)

Avenida da Universidade, 1 - Cidade Universitária

Entrada gratuita

Público restrito a 1000 pessoas, por ordem de chegada

Atletas confirmados:

Erick "Daer" Sanchez (México)

Rodrigo Rovira Alvarez (México)

Marcus Gustafsson (Suécia)

Jason Paul (Alemanha)

Sergio Cora (Espanha)

Ryan Doyle (Reino Unido)

Tim "Livewire" Shieff (Reino Unido)

George Mayfield (Reino Unido)

"Luci Steel" (EUA)

Cato Aspmo (Suécia)

Justin Sheafer (EUA)

Victor "Showtime" Lopez (EUA)

Daniel Mast (EUA)

Maxw Henry (EUA)

Paulo Victor Azevedo (Natal/RN)

Paulo Eduardo (Fortaleza/CE)

Pedro Thomas (Brasilia/DF)

Renatinho Queiroz (Jundiaí/SP)

Eduardo Geraldi "Duhnz" (São José dos Campos/SP)

Leandro Anjo (Fortaleza/CE)

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