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De 750 calouros da Poli-USP, apenas 123 são mulheres

De 750 calouros da Poli-USP, apenas 123 são mulheres

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:16

A primeira chamada da Fuvest para as vagas na Escola Politécnica da USP bateu um recorde negativo: apenas 123 dos 750 nomes na lista eram de mulheres, o que corresponde a 16,4% do total de vagas. Segundo Leon Boucher, vice-presidente da Atlética da Poli, a notícia não foi animadora, principalmente porque o processo seletivo do ano anterior bateu o recorde no outro extremo. "Foram 190 meninas aprovadas em 2011", afirmou ele, que estima uma média de cerca de 150 garotas novas por ano na faculdade.

Neste ano, as aulas na engenharia mecânica terão apenas homens na sala: nenhuma mulher conseguiu aprovação para as 60 vagas oferecidas, pelo menos na primeira chamada, divulgada no último dia 3.

A aprovação feminina varia de acordo com o perfil dos oito cursos oferecidos pela Poli: em engenharia da computação, os 64 aprovados dividirão a classe com apenas seis mulheres, que representam 8,6% da turma, metade da média geral.
Já em engenharia química, a porcentagem sobe para 31,8%, com 35 estudantes do sexo feminino entre as 110 pessoas convocadas na primeira chamada.

Duas calouras de engenharia química, Beatriz Pitta e Mariana Corradi, ambas de 18 anos, se surpreenderam com as estatísticas.

As amigas de colégio e, depois, do cursinho afirmaram que, agora que estão matriculadas e são oficialmente politécnicas, não esperam continuar sofrendo o preconceito com o qual eram tratadas quando ainda eram vestibulandas.

"Quando você falava que queria prestar engenharia as pessoas olhavam estranho, como 'nossa, mas você é mulher e quer engenharia', era sempre assim", afirmou Mariana.

"Tem um pouco de preconceito sim, mas acho que depois de entrar não tem mais", disse Beatriz, que afirmou esperar o mesmo tratamento durantes as aulas. Mariana concordou. "Quando você entra [na Poli], você já mostra a sua competência."

Interesse

A nova universitária afirmou, ainda, que a baixa aprovação de mulheres pode ser um reflexo da baixa procura feminina pelos cursos. Os números também sugerem a diferença da participação de mulheres de acordo com o interesse. Além de engenharia química, o curso de engenharia ambiental também tem mais mulheres que a média: 20,5%, ou 37 de 180 aprovados.

Já o curso de engenharia de petróleo, que a partir de 2012 terá suas aulas transferidas para Santos, no litoral paulista, foi o único a chegar perto da igualdade de gênero na Poli: quatro das 10 vagas em disputa foram conquistada por vestibulandas. "Está bem acima da média da Poli", reconheceu Boucher. Ele afirma que a procura das mulheres por esse curso nunca foi tão alta, e estima que a mudança para Santos, onde o governo brasileiro explora o pré-sal, possa ter influenciado o interesse das aspirantes a engenheiras.

As duas amigas afirmaram que, na sua primeira manhã como estudantes de engenharia, na quarta-feira (8), não receberam cantadas dos veteranos homens. Mariana insistiu que o tratamento era igual, mas concordou que as meninas não tiveram seus rostos cobertos em lama, e os homens não receberam ajuda masculina para descer do jipe que transitava pela lama trazida de caminhão especialmente para o trote.

 

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