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E aí, balada depois do culto?

E aí, balada depois do culto?

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 9:54

Sábado à noite, o culto já acabou ou não há programação em sua igreja neste dia da semana. Na televisão não há conteúdo interessante e você não está disposto a ir novamente com seus amigos àquela lanchonete do bairro. O que fazer? Ir à balada. Esta é a resposta de muitos jovens cristãos que após participarem da programação de suas igrejas, buscam diversão.

Na opinião de Marcos Botelho, líder do JV na Estrada - ministério da Missão Jovens da Verdade que tem o objetivo de evangelizar e edificar jovens - ao ir a uma balada, a juventude está suprindo sua necessidade de lazer. "Estão buscando parcerias, amigos, diversão. Então, eu creio que é o anseio de todo jovem. Ele quer conhecer gente, se divertir, ouvir uma boa música, tomar alguma coisa e comer alguma coisa.

O líder entende que existem casas noturnas e bares com perfis diferentes, mas enxerga o lazer como uma necessidade humana básica. Está em Gênesis 1 e 2, o descanso, a recreação, é um dever do ser humano. Eu acredito que o trabalho está no mesmo valor da recreação. Mesmo tendo dividido em seis dias um e um dia outro, os dois estão ali [...] O jovem precisa ser preenchido em todas as áreas, ele já cansou de ir para o Habib's depois do culto de sábado à noite.

"Eu vou"

Mesmo preferindo  locais como cinema, restaurantes e cafés, a universitária Diana Seung Hee Lee, convertida há 6 anos ao Evangelho, costuma ir à balada em ocasiões especiais: "Despedidas, boas vindas, coisas assim. Apesar de ser cristã, vou para me divertir com meus amigos. Quando saio de uma balada, não me sinto mais longe de Deus, pois Ele nunca deixa de ser o meu centro, mesmo num lugar barulhento e com música alta".

Diana prefere as baladas "comportadas", conta que evita locais superlotados e não frequenta raves. Mesmo indo a casas noturnas, a estudante entende que o jovem está, nestes locais, mais vulnerável a tomar atitudes que vão contra os ensinamentos cristãos. "Na balada, não estamos fora dos riscos de sermos levados, influenciados pelas coisas que se encontram lá, como bebida, droga, cigarro. Se não tivermos nossas convicções fortes, poderemos cair em tentações como essas", afirma.

No entanto, o risco de desobedecer à Palavra não se restringe à balada, aponta Diana: Na balada, na escola, no trabalho. Em todos os lugares nos vemos constantemente com vontade de transgredir as coisas de Deus. Não acho que somente a balada faz isso, pois a mesma vontade ali dentro existe também fora dela. Acho que a diferença é que na balada a coisa está mais na cara, exposta. Fora é tudo mais disfarçado".

"Eu não vou"

Trabalhando como hostess de conhecidas casas noturnas em São Paulo, como Stravaganza, Banana Café e Hard Rock, Gabriela Ribeiro frequentava as baladas paulistanas de segunda à segunda. "Com 19 anos cheguei a ser diagnosticada com stress pelo médico, porque tinha faculdade, academia, trabalho e balada. Frequentei baladas gays, gls, de maurincinho, tudo mesmo", conta Gabriela.  

No trabalho, a jovem conta que suas atividades íam desde assessoria de eventos, procura de patrocinadores, à recepção de artistas internacionais no aeroporto, o que fez para U2 e Madonna: "Era interessante porque se ganhava muito beem. Lembro que já cheguei a fazer 600 reais em apenas uma noite, e na época, achava legal conhecer mil famosos. Hoje acho normal".

Na balada Gabriela também tomou atitudes com consequências sérias: "Eu deixei a vida simplesmente me levar. Me envolvi com drogas, como bebida, entorpecentes, cigarro - e não adianta falar: 'Ah, eu sou forte, isso não vai rolar comigo! Porque era exatamente isso que eu falava. Você simplesmente não vê, quando vê já foi"- com pessoas que não devia, fiquei doente, perdi meu marido, que não aguentou meu badalo, pois na época eu não eestava nem aí; a credibilidade da minha família, e o mais importante: me perdi de mim mesma".

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Gabriela conta que já frequentou todo tipo de balada

Mas, foi também por meio da noite que Gabriela aproximou-se de Cristo, quando seu namorado na época a convidou para um encontro com um pequeno grupo que reunia-se para louvar e ler a Bíblia. "Conheci uma pessoa que aprontou tudo comigo, mas é filho de pastor. Um dia ele cansou de tudo, pois o bom filho a casa  torna, e resolveu procurar uma igreja, e me levou a uma célula. Eu achava que crente era pobre e ignorante, mas fui. Nunca vou me esquecer: "Cheguei nesta célula e só tinha rico - Deus é muito criativo! - e quem tava pregando era o Jesse Valadão. Ele olhou para mim, me chamou, e começou a descrever a minha vida, comparando com a dele. Eu pensei: "Não é possivel, alguem contou pra ele!". Na hora de aceitar Jesus, eu levantei a mão".

Em seis meses, Gabriela deixou cigarro e bebida e tornou-se anfitriã da primeira célula [reunião semanal de comunhão e estudo bíblico] de Higienópolis, da Igreja Bola de Neve. Hoje professora de inglês, ela conta que sua diversão é estar com a família, com os pastores e na igreja em que frequenta. Na opinião dela, não é interessante que o jovem cristão conheça ambientes como casas noturnas: "Alguns dizem: 'Queria ver como é'. Mas se Deus não se agrada, para que ver? Mesmo que ele vá e não faça nada, não é isso que conta, mas sim tudo aquilo que está sendo feito em volta. Aonde há luz não há trevas. Eu quero estar onde deus está!".

Luz nas trevas

Para o líder do JV, a afirmação de que o Espírito Santo constrange o jovem diante de situações em uma balada que não estão de acordo com os ensinamentos bíblicos, é o argumento de pastores que querem manter suas "ovelhas" distantes do perigo. "Não sei se Jesus diria isso. O Espírito Santo levava Jesus por muitos lugares que, entre aspas, um cristão não deveria estar. Ele saía da sinagoga, saía da igreja", expressa Botelho.

Mas, é possível então ser "luz nas trevas". Segundo Botelho, destacar-se em meio à escuridão não significa necessariamente pregar o Evangelho. "É tomar atitudes: 'Olha, estou for a disso. Olha, eu não concordo com isso'. E ser diferente. Isso para mim já é um sinal de luz. Um sinal da vinda do Reino. É um sinal de que alguém que está aqui é diferente, não concorda, não tem um pacto com tudo que está sendo exposto, mas ele está aqui, porque ele gosta de alguma coisa, das pessoas".

No entanto, Botelho entende que usar o argumento de evangelização para frequentar baladas é uma falsa desculpa. "Ninguém vai para evangelizar. Em qualquer lugar no mundo você pode ir para evangelizar. Mas ninguém vai. Você se arruma, bota perfume, sai com dois ou três amigos... Às vezes no bar é para ouvir um bom MPB. Você simplesmente não tem nada para fazer à noite. Vai para ouvir alguma coisa, beber alguma coisa, sentar e ficar conversando até de madrugada. Isso eu já cansei de fazer".

A proibição traz imaturidade?

Há três anos, quando tinha 17 de idade, Diana conta que seus pais não permitiam que frequentasse bares e casas noturnas, o que, a seu ponto de vista, era algo natural. Mas interpreta que foi a autorização posterior de seus pais que deu a ela a oportunidade de escolha.

"Proibir nunca é o melhor caminho, no meu ponto de vista. Assim como a igreja sempre nos ensina, devemos ter o livre arbítrio de escolher que caminho seguir. Uma pessoa proibida de fazer as coisas, pode, de certa forma, acumular a vontade, o que não é nada bom. Os reflexos podem ser uma pessoa má estruturada, que não conhece para então julgar se é bom ou não para si mesma. Ela pode ser rebelde. Agora [aos 20 anos] que tive a oportunidade de ir, posso ver o que é melhor para mim... Jesus, lógico", expõe Diana.

"Qualquer lugar que a gente vai tem um risco para você frequentar. O ambiente de trabalho às vezes tem muitos riscos. Em várias empresas o ambiente de trabalho pode ser totalmente promíscuo na fala, nas coisas que fazem", expõe Marcos Botelho.

Na opinião do líder, proibir simplesmente o jovem pode torná-lo imaturo para tomar decisões. "Eu costumo dizer o seguinte: Em um país no Oriente foi preciso resolver um problema de uma fábrica de papel, porque as árvores demoravam muito tempo para crescer e produzir. Eles desenvolveram então uma técnica e colocaram uma espécie de acrílico em volta das mudas, porque descobriram que o vento atrapalhava o crescimento das árvores. Com isso, as plantas começaram a crescer duas vezes mais rápido, mas quando ficavam grandes, com o primeiro vento ou tempestade, elas caíam, porque seus caules não eram fortes o suficiente para aguentar o vento, a chuva. Então, eu acredito que é isso mais ou menos o que acontece com a juventude no Brasil. Criaram um tipo de proteção para se crescer mais rápido a igreja, que é esse universo paralelo gospel. Quando cresce, aperece uma tempestade, como uma faculdade, que é inevitável. Tudo que você encontra em uma faculdade, você encontra em uma balada. Quando os jovens enfrentam uma faculdade, um ambiente que não está todo protegido, eles caem fácil como uma árvore que está protegida do vento. Porque o vento cria uma coisa chamada resiliência, que é o poder de se dobrar e voltar ao lugar sem se quebrar".

Separando-se do mal ou se segmentando?

Na opinião de Botelho, poucas igrejas estruturaram um ministério de recreação e interação de jovens com outras igrejas. "Porque eles estão querendo namorar. Se exige que eles não podem namorar gente que não professa da mesma fé, teoricamente a igreja tem que proporcionar intercâmbios para que a pessoa conheça outras. Porque o universo da própria igreja é muito pequeno", explica.

O segredo, segundo Botelho é sempre proporcionar diferentres formas de lazer aos jovens

Botelho cita os acampamentos como oportunidades de interação entre os jovens da mesma igreja ou de comunidades diferentes. "Há outros tipos de recreação. Por exemplo, lá na igreja a gente joga bola. É um outro jeito de se divertir também. Jantares, a gente sai todo mundo para um lugar", fala Botelho.

Segundo a interpretação do líder, adaptar o termo balada ao conceito cristão é segmentar-se socialmente: "Os evangélicos hoje tentam fazer o 'mundo evangélico'. Você bota a palavra evangélico na frente, balada gospel, e acha que está livre. E esse mundo paralelo eu acredito que não é uma proposta razoável da Igreja para a sociedade. Bancada política, tudo que tem esse nome gospel, acho que é querer entrar em um gueto. Não é a proposta do Reino para a sociedade. Porque quando a gente transforma a sociedade numa outra paralela, ela sempre quer tomar o poder".

Balada Gospel

Gabriela afirma não sentir falta de ambientes cristãos com perfil de balada. "Acho que as duas palavras não combinam na mesma frase. O que eu sinto falta é de ambientes mais sofisticados em concordância com a palavra. Se Deus tem o melhor, porque não fazer ambientes com o melhor? Desde o atendimeento até a comida a bebida.   Surpreender em qualidaade. isso, eu acho que falta".

"Eu nunca fui em uma balada gospel e nunca irei. Eu se for a uma balada, será uma balada não gospel. Meu propósito é me divertir, me alegrar com meus amigos, se aparecer alguém eu mando sentar também junto, gente boa. Eu acho que isso é um jeito de louvar a Deus. E não tem problema em paquerar não, sentou perto, não tem namorada, paquera, normal. Agora isso tudo vai de acordo com a consciência. Eu não acho que ouvir música secular é pecado, porque a gente vai criando nossos guetos e fica impossível sair. A partir do momento que você fala que música secular é pecado, a única solução é uma balada gospel. Mas o que eu vejo nessas balada gospel? Elas tiram o álcool, mas acontece todo tipo de azaração, o resto é a mesma coisa. Como eu não tenho problema com a música secular e nem com a bebida moderada... Eu não gosto de bebida exagerada, eu acho errado gente que bebe muito, qualquer coisa. Mas eu não tenho problema de estar no meio de pessoas assim. Graças a Deus a lei tirou quem fuma, então o ambiente está cada vez melhor".

Diana também expressa que não sente necessidade de ambientes semelhantes à balada, preparados para cristãos. "A balada, apesar de trazer divertimento para as pessoas, não é o melhor lugar do mundo. Apesar de não ser contra frequentar baladas, quando penso em me reunir com os amigos da igreja, conversar e me divertir ,não penso em uma balada. Penso logo num restaurante, num café...".

Por: Redação

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