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Facebook: jogo que simula bolsa dá dinheiro real a usuários

Facebook: jogo que simula bolsa dá dinheiro real a usuários

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:30

"Minha rentabilidade na última semana foi negativa em 3,8%, devido à crise dos países da zona do euro", diz Clayton Cabral, 26 anos, morador de Vila Velha (ES). Parece papo de investidor de bolsa de valores - e é quase isso. Clayton é usuário do Dosh, um jogo de Facebook que simula os pregões da Bovespa, Nasdaq (de empresas digitais) e NYSE (em NY). Na brincadeira, a subida e descida das ações são reais, mas o dinheiro é fictício. Os usuários com bom desempenho, porém, são presenteados com dinheiro de verdade – e Clayton já ganhou R$ 369 nessa.

Inventado por brasileiros, o Dosh entrou no ar em abril, tornando-se o primeiro simulador de bolsa feito para uma rede social - no caso, o Facebook. Já conta com 42 mil usuários ativos. O aplicativo reproduz a rotina de um "home broker" real, dando ao jogador a chance de juntar, numa mesma carteira de ações, papéis operados em bolsas diferentes – assim, os internautas podem apostar em companhias com grife e charme no mercado, como Apple, Google, IBM e outras.

A opção "cash in", que troca desempenho por dinheiro real, foi incorporada ao jogo - gratuito, diga-se - há um mês. Desde então, Rafael Gazzinelli, 22 anos, estudante de Estatística na Universidade de Brasília e um dos usuários mais competitivos do Dosh, já ganhou R$ 467. "Acredito que não exista uma formula secreta para se dar bem", diz. "Eu acompanho as notícias das empresas e aprendo sobre análises técnicas". Clayton concorda e reforça: "informação, no mercado financeiro, é tudo".

Uma das sacadas do aplicativo é incorporar elementos de redes sociais ao "pregão", como bate-papo online e a possibilidade de "seguir" alguém com bons resultados. Dessa forma, a pessoa seguida passa a administrar parte dos seus Reais Doshs, o dinheiro fictício do jogo, que vale R$ 0,02 cada unidade na cotação de hoje. E é a interação entre seguidores e seguidos que permite - aos seguidos - faturar dinheiro de verdade.

Para conseguir lucrar, os jogadores precisam acumulam "Taxa de Performance", através da gestão de parte dos recursos dos seguidores. Uma fatia dos ganhos obtidos acima do Ibovespa fica para esses administradores, que podem optar ou não por sacar o valor, de acordo com o câmbio Dosh do dia. "Esse mecanismo é parte de uma tendência conhecida como sites ‘GetPaidTo’ ou ‘GPT’, que está em expansão na internet mundial", afirma André Fonseca, sócio da ZukFab, empresa que criou o Dosh.

A ZukFab, no momento, é patrocinada por duas corretoras de valores, a ICap e a Ativa. Dentro do jogo, o usuário encontrará propagandas e sugestões de produtos financeiros dessas empresas. "Já geramos clientes para eles, jovens que tiveram contato com a bolsa através do jogo", diz Fonseca. Outra fonte de receita da ZukFab é uma lojinha, com canecas e outros itens do Dosh. No futuro, a companhia pretende também cobrar por serviços especiais do Dosh, como gráficos mais complexos para acompanhar o mercado.

O fator medo

Como boa parte dos usuários de redes sociais é jovem, o Dosh pode cumprir o papel de apresentar a eles as possibilidades do investimento em ações. "Meu primeiro contado com o mercado financeiro foi através do jogo, ele da confiança para partir pro investimento real", diz Gazzinelli. "Ainda não invisto na bolsa, mas pretendo investir em breve", Clayton faz coro. Mas, quando alguém passa do simulador para o pregão de verdade, é claro, nem tudo permanece igual.

"É ótimo que um jogo desmistifique a linguagem econômica e faça as pessoas perderem o medo da bolsa", diz Angela Menezes, professora de finanças do Insper. "Mas, no mundo real, elas não podem se limitar a essas informações que obtiveram até então – precisam conhecer as empresas, entrar nos sites delas, ler os balanços, acompanhar o noticiário econômico", diz. E cita outro fator: na mercado, será necessário ter sangue frio.

Com dinheiro de mentira, o fator medo fica de fora da brincadeira, permitindo que os jogadores assumam posturas mais agressivas. Os entrevistados para essa reportagem disseram operar em "day trade", ou seja, buscam lucros com as oscilações diárias do pregão. "Normalmente, ações são um investimento de longo prazo", diz Angela. "É preciso ter calma para não se estressar com as variações, nem se desesperar e vender os papéis quando ocorre uma queda", completa.

Para saltar ao mercado real, a primeira dica da especialista é conhecer seu perfil de investidor – e respeitá-lo. "Os bancos têm simuladores onde você descobre a que perfil pertence: agressivo, conservador etc. Vale consultar", afirma. Para ela, o momento de instabilidade não deve desestimular quem pensa em entrar na bolsa – ao contrário, as ações baratas podem representar oportunidades. Nunca, contudo, pode-se esquecer da essência dos negócios com ações. "O risco é alto, e pode-se perder muito dinheiro de verdade", diz.

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