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Futebol de salto alto

Futebol de salto alto

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:42

Todas as terças-feiras a publicitária Fernanda Caloi, organizadora oficial do grupo feminino de futebol Dasfut - Diversão Antissedentária Futebol Clube -, aciona as participantes via e-mail, relembrando as meninas que à noite tem jogo.

Nem só de testosterona vivem as peladas amadoras. O ball mensal, expressão emprestada do dialeto masculino, é uma espécie de Libertadores feminina. Mais de 20 jogadoras pagam a mensalidade da quadra, na zona oeste de São Paulo, vestem shortinho, camiseta, chuteiras e transformam o futebol em condicionamento físico, saúde e diversão, à moda das mulheres.

A rotatividade é grande, e o grupo já mudou bastante desde a fundação, em agosto de 2010. O papel de Fernanda, além de arrecadar os 80 reais ao final do mês, é manter a motivação de ao menos 14 meninas, todas as semanas, número mínimo para que sejam formados dois times - titular e reserva.

Cartão vermelho

Estresse e TPM, muletas imbatíveis para justificar a ausência na academia, não cabem dentro de campo. O esporte coletivo e só para mulheres é uma espécie de autoajuda da malhação.

Segundo Fernanda, quando uma das meninas ousa citar a chuva ou a irritabilidade tradicional do período menstrual como atestado de falta, recebe uma avalanche de emails das demais jogadoras para rapidamente convencê-la a treinar."É um jeito divertido de manter a forma. A gente sai suando e feliz, pois morremos de rir. A motivação é esporte e diversão."

Não é preciso saber driblar ou fazer embaixadinhas, basta gostar de futebol - ou, ao menos, não odiar a modalidade. A brincadeira é despretensiosa, mas tem estrutura de time oficial. Felipe Santos, designer e ex-aspirante a jogador profissional, é o técnico e único homem com passe livre no grupo. Amigo das meninas, a orientação do rapaz é voluntária, assídua e gratuita.

Há um ano no comando do Dasfut ou Dasfit - segundo nome do time, dado em homenagem aos resultados no físico das atletas - Santos é responsável por organizar, definir a estrutura do time e do treino, que tem duas horas de duração.

O trabalho ‘beneficente’ do rapaz já deu resultado. "Melhoramos muito graças à orientação dele. No começo, ninguém sabia jogar nada. Hoje já sentimos a diferença. Até meu namorado fala que eu chuto super bem, com força", diverte-se Fernanda.

Além dos ganhos em técnica, as meninas não escondem a preocupação com o corpo. A organizadora revela que é visível a melhora no condicionamento e o sucesso do esporte para quem deseja perder peso. "Todas emagreceram. O retorno físico e estético é excelente."

No inicio, a maioria calçou as chuteiras pensando em bem-estar e corpo enxuto. Hoje, muitas passaram a investir em uma segunda atividade para melhorar o desempenho nos jogos. "Inicialmente era condicionamento para ficar bonita e com o corpo legal. Agora, todo mundo quer aguentar mais, correr, por que o treino não é leve."

Gol de placa?

O sucesso das meninas extrapola os limites das quatro linhas. Não raro, a pelada do Dasfut tem platéia. Muitos meninos que também alugam as demais quadras do espaço vibram, gritam, torcem e fazem graça com as jogadoras. Os namorados também aprovam o ball mensal, e respeitam o momento clube da luluzinha.

Santo Antônio, pelo visto, tem se revelado o torcedor oficial. Fernanda comenta que muitas das jogadoras estão noivas - como ela - ou na boca do altar. "Virou uma brincadeira entre nós. Como muitas ficaram noivas ou casaram nesse meio tempo, falamos que o time dá sorte aos relacionamentos."

Por: Lívia Machado

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