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Gamemaníacos passam por desafio de abstinência

Gamemaníacos passam por desafio de abstinência

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:37

Acostumados a virar noites jogando e disputando partidas on-line, quatro gamemaníacos assumidos toparam um desafio diferente: ficar um mês sem ligar seus consoles. Ao final dos 30 dias, apenas Guilherme Barros, de 16 anos, conseguiu zerar o jogo proposto - ou seja, não apertou start um dia sequer. Mas não foi fácil.

- Deu bastante vontade, não vou mentir. A tentação era maior no fim de semana, quando estava acostumado a ficar jogando até 5h da manhã - conta Guilherme, aluno do 1 ano do Notre Dame-Recreio.

A pedido da Megazine, ele e seus "concorrentes" fizeram um diário de bordo da "competição", anotando as dificuldades por que passaram no período de abstinência. Colegas do 2 ano do Colégio Alfa Cem, os xarás Gabriel Menegon e Gabriel Machado, de 16 e 17 anos, respectivamente, não resistiram ao game logo no primeiro dia, mas conseguiram assumir o controle ao longo do mês.

- No primeiro dia do desafio, joguei 15 horas seguidas para zerar o "Tales of Symphonia", no Nintendo GameCube. - confessa Gabriel Machado. - Só consegui começar mesmo no dia seguinte, mas depois fui até o final sem jogar.

Seu amigo Menegon precisou de dois dias para passar de fase: no primeiro, foram 30 minutos dedicados ao game; no segundo, apenas 15; no terceiro, nenhum. Mas o moleque teve uma "recaída" no meio do caminho.

- Nos dois primeiros dias, não resisti e joguei um pouco. Fiquei muito nervoso e briguei com a minha família. Mas depois consegui me aproximar mais dela - lembra Menegon. - No feriado de 1 de maio, joguei RPG durante uma hora no computador. Mas acho que tenho melhorado sem o jogo: consigo sair mais e curtir meus familiares.

Quarto participante da brincadeira, André Felipe Goulart da Costa tinha a torcida da mãe para chegar ao final do desafio. Mas o estudante de Direito, de 18 anos, deu "game over" no terceiro dia e abandonou a competição.

- Até passei dois dias sem jogar, mas depois não teve jeito. Como jogo on-line, toda hora alguém me ligava perguntando se eu não ia entrar. Não depende só de mim. É como se eu tivesse uma responsabilidade com os outro jogadores - explica André. - Varo a madrugada e vou até umas 9h ou até a hora que aguentar. Minha mãe e minha namorada reclamam muito.

Nossos quatro jogadores dizem lidar bem com seu hobby, mas nem sempre é assim. O médico Gabriel Bronstein Landsberg, supervisor do Programa de Álcool, Drogas e Outros Transtornos de Impulso da Santa Casa de Misericórdia, chama a atenção para fatores que compõem um quadro de compulsão por videogame.

- A maioria dos adolescentes que apresenta dependência do videogame tem também algum outro tipo de problema de comportamento, como a fobia social (timidez patológica) ou TDAH (transtorno do déficit de atenção e hiperatividade). Portanto, a avaliação desses pacientes por um profissional capacitado é de extrema importância. Deve ser feita também uma orientação familiar para que os responsáveis saibam como agir para auxiliar no tratamento - explica Landsberg.

Mas cuidado para não demonizar os jogos eletrônicos e atribuir a eles todos os males da sociedade, alerta Arthur Protasio, coordenador de Game Studies do Centro de Tecnologia e Sociedade da FGV:

- É frequente nos depararmos com situações em que os jogos são culpados pelos mais variados casos, desde violência nas ruas até falta de concentração nas escolas. Talvez fosse mais interessante entender o que jogadores aprenderam com os games, especialmente os não educativos.

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