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Guia de carreiras: veterinária

Guia de carreiras: veterinária

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:11

Enquanto a cachorra Luz, sem raça definida, estava entubada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) depois de passar por uma cirurgia e ter uma crise asmática, um golden retriever fazia um exame de ultrassom na bexiga.

Em outra sala, o bernese Guilly e o chipdog Toby eram consultados. O dono deles, o publicitário Luís Antônio, de 51 anos, avalia com o médico a possibilidade de operar Toby por conta de um cálculo no rim.

A equipe do Hospital Veterinário Pet Care, localizado no Morumbi, na Zona Sul de São Paulo, formada por 54 veterinários, não para. O atendimento é feito 24 horas e pelos menos 120 cães e gatos passam por lá diariamente.

Quem estuda medicina veterinária tem opção de trabalhar em instituições como esta. Com a graduação, que dura no mínimo cinco anos, fora a residência, o estudante aprende a prevenir, controlar, erradicar e tratar doenças em animais de grande e pequeno portes. A veterinária também é uma ciência que promove o controle da qualidade dos produtos e subprodutos de origem animal para o consumo humano.

Quando conclui o curso, o estudante recebe o diploma de clínico e cirurgião veterinário. Assim como na medicina humana, a tendência dos últimos anos é partir para a especialização, como odontologia, oncologia, radiologia, dermatologia, entre outras. A desvantagem para quem está do outro lado do balcão, segundo o veterinário Marcelo Quinzani, é que o paciente passa a ser visto "por partes". "O oftalmologista olha só para o olho, o dermato para a pele, e dessa forma, eles não enxergam o conjunto do paciente, o que encarece o custo da saúde."

Quinzani tem 46 anos e há 20 é formado em veterinária pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), ele é um dos médicos mais antigos da equipe do Pet Care. Para Quinzani, a relação dos animais com os homens mudou e se harmonizou nos últimos 15 anos, o que aqueceu o mercado. "Houve uma valorização do animal dentro do âmbito familiar. Aquele cachorro que vivia esquecido no quintal hoje está dentro de casa, faz parte do dia a dia da família, há uma convivência estreita. Por isso é mais fácil as pessoas identificarem quando o animal não está bem e procurar o serviço veterinário", afirma.

Um erro do estudante que opta pela carreira, de acordo com Quinzani, é acreditar que o amor pelos animais é suficiente para a profissão e que as relações humanas podem ser dispensadas. "Os cães e os gatos não vêm sozinhos para a clínica, não falam o que sentem, não pagam a conta. O veterinário precisa saber se relacionar, gostar de conversar, trocar informações com o dono do animal é extremamente importante para descobrir o que ele tem."

Dinheiro e perda

O Pet Care é um hospital de alta complexidade e possui praticamente todos os equipamentos e especialistas da medicina humana, como UTI, setor de fisioterapia, aparelhos de ultrassom, raio-x, vacinas, entre outros, além de serviço de banho, tosa e pet shop. O preço ainda restringe o serviço às famílias de alto poder aquisitivo. Uma consulta durante o dia custa R$ 229, e à noite ou de madrugada sobe para R$ 265. Uma diária na UTI sai por R$ 2.400.

Saber cobrar pelo conhecimento e serviço oferecido é uma das características apontadas por Quinzani para que o profissional tenha sucesso. "O médico veterinário movido somente pelo amor aos animais pode ter uma frustração financeira muito grande. Me sinto realizado porque consigo conciliar meu conhecimento técnico com a venda dele", diz. Segundo o médico, é comum que haja um receio na cobrança de consultas e serviços porque muitas vezes o veterinário vai lidar com situações em que o animal está muito doente, prestes a morrer. "É preciso entender que o que você está oferecendo ali é seu auxílio profissional. A finalidade é o bem-estar do animal, mas é um negócio."

É também ao longo da carreira, com a prática, que o veterinário vai aprender a lidar com a perda dos animais, já que, apesar do avanço da medicina, nem todos os casos são de sucesso. Quinzani diz que é comum no início da atividade o profissional se sentir impotente diante de um animal cuja família não pode pagar o tratamento ideal, ou, ainda, perante um bicho que não tem cura e não será possível salvá-lo.

Apesar da resistência emocional que o profissional vai adquirindo ao longo da carreira, alguns casos podem abalar o veterinário. Quinzani afirma que, como está há muito tempo na área, chega a atender até a terceira geração de cães da família. Quando perguntado sobre alguma história que o entristece, ele conta que atualmente atende um poodle de 19 anos chamado Scoot, mas, por conta da idade, o bicho não está conseguindo se locomover, se alimentar, beber água, e chora. A saída será a eutanásia. "Conheço a dona desde criança. A gente sente quando isso acontece, mas sabemos que vai ser melhor para o animal."

 

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