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Mais baratos e com títulos teen, e-books caem no gosto da galera

Mais baratos e com títulos teen, e-books caem no gosto da galera

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:56

Algo extraordinário aconteceu depois que a jovem americana Eliana Litos ganhou um e-reader de presente de Hanukkah – uma celebração judaica –, em dezembro. "Durante algumas semanas, eu me esqueci completamente da TV. Eu passava duas semanas sem assistir a nenhum programa, ou talvez só um. Eu lia o dia todo", conta a garota.

Desde a temporada de festas de final de ano, as editoras perceberam que as vendas de e-books foram vertiginosamente impulsionadas por alguns títulos incomuns - "As Crônicas de Narnia", "Hush, Hush" e "Dork Diaries" são alguns deles. Na editora HarperCollins, por exemplo, os e-books representaram 25% das vendas destinadas a jovens em janeiro, um aumento de 6% em relação ao ano passado. A alta repentina nas vendas não demorou a chamar a atenção dos executivos da empresa.

"Títulos de ficção para adultos em formato e-book já são um sucesso. Mas, parece que agora os títulos para adolescentes estão se tornando a bola da vez", diz Susan Katz, presidente e publicadora da HarperCollins Children's Books. Quando surgiram, os e-readers foram adotados por uma geração mais velha que valorizava os aparelhinhos pela conveniência e portabilidade. Mas, agora que ficaram mais baratos e disponíveis, os e-books atingiram consumidores de diferentes faixas etárias, instigando integrantes da geração mais jovem a escolhê-los pela primeira vez. "A molecada adotou os e-readers", diz Rita Threadgill, de Nova York, cuja filha de 11 anos pediu um Kindle de presente de Natal.

Em 2010, os e-books para jovens representaram aproximadamente 6% do total de vendas digitais de títulos publicados pela St. Martin Press, mas de lá para cá, os números já subiram para 20%. As informações são de uma porta-voz da editora. Na HarperCollins Children's Books, as vendas de e-books tiveram um salto nas ultimas semanas em títulos como a série adolescente "Pretty Little Liars", de Sara Shepard: o romance paranormal "I AM Number Four", de Pittacus Lore; e o romance "Before I Fall", de Lauren Olivier.

Jon Anderson, editor da Simon & Schuster Children's Publishing, disse que alguns títulos de e-books, como "Clockwork Angel" e livros da série "Night World", quase dobraram as vendas nas quatro semanas posteriores ao Natal, em relação às quatro semanas anteriores. "Nossa, parece que a garota ganhou e-readers de Natal!", exclama Anderson. "Se esta alta seguir a tendência do público adulto, isso será o início de uma curva ascendente nos gráficos de vendas".

As vendas digitais tipicamente representavam somente uma pequena fração das vendas de livros para crianças de 8 a 12 anos e adolescentes, fenômeno geralmente explicado pelo preço alto demais dos e-readers para este público. Outra teoria sugere que os integrantes do grupo mais jovem, que foram primeiramente encorajados a ler os livros enormemente populares da série Harry Potter, tinham a tendência a preferir edições em capa dura, adquirindo os livros já no dia do lançamento. E evidências insinuavam que os pequenos leitores preferiam livros impressos, que podiam ser trocados entre amigos.

"A molecada é atraída pelo dispositivo", acredita a especialista Monica Vila

Mas as trocas logo puderam ser substituídas por adolescentes agrupados ao redor de Nooks ou Kindles para juntos lerem seus livros preferidos, baixando novos títulos através de um simples clique, comparando o tempo de bateria dos dispositivos e comprando acessórios – como as capas assinadas por Jonathan Adler e Kate Spade em cores como rosa choque, tangerina ou verde limão. "Estes leitores formam o novo público que está experimentando os e-readers. Se eles se entusiasmarem, isso vai ser uma grande jogada para o segmento", diz Anderson.

Ainda é cedo demais para afirmar que as crianças e adolescentes que acabaram de ganhar seus e-readers se manterão fieis ao dispositivo com o passar do tempo, ou vão se cansar do brinquedo e procurar outra coisa. Mas Monica Vila, responsável pelo website The Online Mom (ou "a mãe online") e palestrante para grupos de pais sobre segurança na internet, disse que nos últimos meses vem sendo bombardeada por perguntas de pais que querem saber se devem ou não comprar um e-reader para seus filhos.

Em uma palestra no mês passado para a associação de pais do município de Westchester, estado de Nova York, ela pediu que os pais que tivessem comprado e-readers para os filhos de Natal levantassem as mãos. Ela se lembra que cerca da metade dos pais presentes na sala responderem. "A molecada é atraída pelo dispositivo, além de haver um desejo por parte dos pais de levar os livros para este formato. As pessoas decidiram usar esta plataforma. Elas querem usá-la para fazer com que as crianças leiam", diz.

Alguns professores também vêm estimulando a novidade, encorajando alunos a trazer seus e-readers para a escola para usá-los no horário de lazer ou na aula de inglês, por exemplo. "Eu só fui comprar um e-reader quando fiquei sabendo que os professores do ensino médio estavam permitindo que as crianças lessem os livros escolares em e-readers", disse Amy Mauer-Litos, a mãe de Eliana. Ela complementou: "Eu não sei se é o dispositivo em si que é atraente ou se o acesso fácil a livros. Mas, vou te contar uma coisa: nevou muito este ano e, na maioria das vezes, lá está ela – na sala de estar lendo seu Nook".

Alguns leitores jovens vêm explorando os clássicos, graças à disponibilidade de e-books mais antigos que caíram no domínio público – e podem ser baixados gratuitamente na internet. Depois de ganhar um Sony Reader em cor grafite de presente de Natal de seus avós, a americana de 12 anos Mia Garcia baixou o título "Little Woman", que ela nunca tinha lido.

Ela conta que o livro a fez chorar. "E pepois eu li 'Hunger Games", o best-seller distópico, e esse livro também me fez chorar". Tommy, seu irmãozinho de 8 anos, também ganhou um e-reader. "Eu gosto porque já tenho um monte de livros guardados", diz ele, que citou "The Trouble Begins at 8", uma biografia em ritmo rápido de Mark Twain escrita para crianças.

Eryn Garcia, a mãe das crianças, disse que a família frequenta a biblioteca local – que já conta com mais de 3 mil e-books – para baixar títulos gratuitamente, poupando a tarefa costumeira da mãe de "carregar 20 quilos de livros por aí", diz. "Não tenho certeza se podemos substituir por completo o prazer de ter uma estante de livros convidativos, só esperando por nossos filhos para explorá-los. Mas acredito piamente que precisamos descobrir o que estimula nossos filhos a ler, então sou completamente a favor".

Por: Julie Bosman

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