Toda semana, 15 mil aplicativos chegam à App Store. Muitos nascem no Brasil. A Apple conta com 4.800 desenvolvedores brasileiros. Foi à porta desse clube que foi bater Rafael Costa, 12 anos. Para surpresa dele, ela se abriu.
Como a Apple não aceita menores de idade, o pai de Rafael, Luiz Cláudio Costa, assumiu as formalidades. Porém, quem escreveu o Sweet Tweet foi o menino. Desenvolvimento não é a seara do pai, nem da mãe, Patrícia Costa. Ser aceito na App Store, no início deste mês, para Rafael, já era vitória, mas 230 downloads três dias após ser lançado superou as expectativas.
Por enquanto, ele não ganhou dinheiro. Ele optou pelo download gratuito - aberto a patrocínios -, mas não descarta cobrar no futuro.
- Primeiro as pessoas precisam degustar e gostar.
O discurso de empreendedor flui como o de desenvolvedor; ele explica que se preocupou "em maximizar a segurança; a cada twittada que envia, o usuário digita login e senha."
Você já enviou um post do iPhone? É preciso logar, digitar usuário e senha, carregar imagens e posts de terceiros e atualizar telas. O Sweet Tweet corta caminho. Login, senha, post e enviar! Simples, mas só de usar. A criação foi complexa.
Rafael conta que baixou o kit fornecido pela Apple (SDK). Por conta da documentação em inglês foi estudar o idioma. Depois, debruçou-se sobre o MacBook. Chegava da escola, fazia as tarefas e ia para o escritório, que fica em sua casa. "Perguntava o que estava fazendo e ele respondia: trabalhando!", recorda Patrícia.
SweetTweet é um dos 225 mil aplicativos da Apple Store
Em julho, Rafael concluiu o aplicativo e mandou para a App Store. Pediram correções. A mãe conta que ela e o pai incentivaram o garoto a "buscar as soluções, mas sem pressionar; se era o que queria, tinha que ir atrás". Rafael fez a tarefa sugerida pela App Store e reenviou. Duas semanas depois, o aplicativo foi aceito.
Agora, o Sweet Tweet está no rol de outros 225 mil aplicativos nas prateleiras da App Store. Parece um grão de areia na praia, mas a idade do desenvolvedor o faz um grão de destaque.
A Apple Brasil não sabe informar quantos desenvolvedores podem ser menores de idade, já que a loja só sela contrato com pessoas com mais de 18 anos: por isso, muitos recorrem aos pais na hora de firmar contrato - mas, até hoje, a própria empresa não teve notícia de um garoto de 12 anos no Brasil que tenha escrito um aplicativo aceito na loja virtual.
Nascido no Rio de Janeiro, depois de morar em várias cidades do Brasil, inclusive em Belo Horizonte, Rafael sempre adorou tecnologia. Aos quatro anos usava e-mail e, aos nove, criou o próprio browser - RC Navegador - em Delphi. O programa nunca saiu do computador porque "era muito fraquinho". Mas já estava antenado com o mercado, em uma época em que browsers anônimos encontravam lugar ao sol na web.
Desistiu do RC quando ganhou o iPhone e passou a explorar o aparelho. A mãe conta que Rafael "diz que Steve Jobs é um gênio e que um dia vai trabalhar ao lado dele!". Na trilha do sonho, Rafael quer fazer um curso de programação. Advinha onde? Em Cupertino, nos Estados Unidos, berço da Apple.
No ano que vem, o garoto deve ir aos Estados Unidos, mas teme não ter acesso ao curso por causa da pouca idade. Enquanto isso, tenta criar uma versão do Sweet Tweet para iPad. Segundo Patrícia, ele passa todas as tardes à frente do computador e, se ela pergunta o que está fazendo, ele diz que está trabalhando. Alguém duvida?
Por: Nalu Saad
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