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Por que é tão difícil controlar o acesso de adolescentes à internet?

Por que é tão difícil controlar o acesso de adolescentes à internet?

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 10:19

Os adolescentes investem cada vez mais nas relações pela internet e, em meio ao boom das redes sociais, os pais questionam qual seria a melhor maneira de controlar o acesso dos filhos à rede. Fala-se muito a respeito de pedofilia, sequestros e até mesmo assassinatos como consequência do despreparo e da ingenuidade dos jovens. Entretanto, um problema menos comentado, mas que pode levar a muito sofrimento, vem se mostrando uma forte tendência entre os relacionamentos dos internautas: o bullying.

Em vez de interagir de forma saudável, muitos adolescentes usam a internet para ofender e caluniar os colegas. Esse comportamento serve de alerta para a desatenção dos pais com o tipo de atitudes que os filhos são capazes de tomar quando podem se "esconder" atrás da tela do computador. A psicóloga Leila Tardivo, do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP), observa que, de uma forma geral, é muito difícil controlar os adolescentes.

"O problema é que muitos pais querem estabelecer um controle na adolescência, mas a relação já tem que ser baseada no diálogo, na conversa e até mesmo no controle, desde cedo. É fundamental que seja estabelecida uma relação próxima, pautada em muitos exemplos, para se mostrar os males de colocar fotos e fazer perfis falsos, porque às vezes eles não avaliam os riscos que estão correndo", orienta.

Ao falar sobre a questão do cyber bullying, a psicóloga explica que o problema costuma partir tanto de pessoas que criam situações falsas para envolver o adolescente, quanto de pessoas conhecidas que brigam na escola e aproveitam a rede para ofender, provocando muito sofrimento. "Temos acompanhado casos de ataques pela internet. Meninas se matam por causa disso, de fotos e filmes feitos em celular. É importante que os pais e educadores conversem muito, alertando para os riscos que isso pode trazer para o desenvolvimento, para a integração deles e para a integridade física e emocional".

Leila revela uma grande preocupação com a banalização da violência e identifica uma forma diferenciada nas relações da sociedade atual. "Tudo é brincadeira, mas uma brincadeira que faz sofrer, magoar. É muito importante conscientizar mesmo. Os próprios adolescentes estão preocupados. O mais importante é que os pais se mantenham presentes na vida do filho, porém, não só como meio de fiscalização e de forma rígida, mas demonstrando cuidado."

O estudante Matheus Lima, de 15 anos, que afirma passar aproximadamente 7 horas por dia no computador, admite que muitos adolescentes não têm responsabilidade e que alguns desrespeitam seus companheiros através da internet. Mas, apesar de afirmar que ainda não considera o problema muito comum em seu ciclo de amizades, ele conta que já soube de casos de desrespeito e até perseguições provocadas pelo convívio on line. Para evitar que estranhos tenham acesso às suas informações pessoais, o jovem procura não passar algumas informações pessoais, como endereço e nome da escola, por exemplo.

"Até hoje nunca presenciei uma situação grave, mas sei que é bem comum acontecer. Eu não me relaciono com pessoas distantes, que não conheço. Alguns amigos, que acessam sites de bate-papo, geralmente dão informações pessoais e acabam sendo perseguidos de forma desagradável, mas nada grave. As ofensas não passam da internet", conta, acrescentando: "Com o passar do tempo, as pessoas já se sentem confortáveis em conversar na internet, estabelecendo até mesmo uma boa amizade, como se conhecessem pessoalmente. Eu e muitos amigos meus, em algum momento, já percebemos que seria bom diminuir o uso, pois isso afeta as notas. Mas nunca perdi o interesse pelo convívio social e familiar."

Ferramentas de controle

 Matheus confessa que o convívio on line é suficiente para que as relações pela internet se tornem mais próximas, o que poderia facilitar a aproximação de pessoas mal-intencionadas. Ele diz que, geralmente, os jovens sabem driblar as ferramentas de controle sobre o acesso à internet. "A maioria conhece esses sistemas".  

Leila explica que, apesar de eficazes, as ferramentas de controle de acesso não podem ser vistas como a solução ideal para os problemas que o mau uso da internet pode provocar na vida dos jovens. "Existem programas que podem ser instalados no próprio equipamento, mas claro que não será possível controlar 100%. Os pais podem vigiar e precisam ficar atentos se o adolescente, por exemplo, se isola muito e fica só no computador ou não tem relacionamentos pessoais. Avalie a qualidade da vida dele; se está na escola, se está inserido num grupo", aconselha.

Eduardo e Dione Mendes, pais do adolescente Gabriel, de 13 anos, estabeleceram uma forma de controle para procurar saber o que prende tanto o menino a esse meio de comunicação. Instalando um programa especializado na máquina, descobriram que o que mais atraía o filho eram os jogos on-line. Entretanto, consideram que investir na relação familiar ainda é o melhor meio de proteger os filhos.

"O computador fica no quarto dele. Nunca aconteceu nada, até porque ele é uma criança bem tranquila, frequenta a igreja e nós conhecemos todos os amigos dele. Mas não tem como não se preocupar. O mais grave para mim é quando acordo de madrugada e vejo que ele ainda está na internet. Fico assustado. Já aconteceu de acordar 5 da manhã e ele ainda estar no computador", conta Eduardo.

Para o pai de Gabriel, a principal arma para lidar com a importância que o computador assumiu na vida dos adolescentes é o diálogo. "Eu e minha esposa conversamos bastante com ele. Procuramos mostrar, através de noticiários e reportagens, o que pode acontecer, e ficamos sempre atentos para cortar o acesso quando percebemos que está exagerando, até mesmo para não atrapalhar a escola", finaliza.

Por Margareth Varela

Postado por: Felipe Pinheiro

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