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Por que sentimos tanto ciúme? Entenda...

Por que sentimos tanto ciúme? Entenda...

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:32

Uma saia curta, um grupo de estudos ou um papo despretensioso com um colega de classe podem provocar a ira de um namorado apaixonado. Mas será que estudar com a turma ou conversar sobre a aula de matemática com um colega são mesmo bons motivos para uma briga de casal? Para o personagem Eric, de "Malhação", essas formas de exposição são boas razões para se irritar com a namorada Josiane, pegá-la pelo braço e trancá-la no quarto como uma prova de zelo e preocupação. Apesar da declarada boa intenção do rapaz, Josiane se assusta com as reações exarcerbadas de Eric e questiona o amor do namorado.

Fora da ficção, o ciúme é um sentimento freqüente nos relacionamentos e alguns casais dão espaço para ele porque o consideram uma prova de amor. "Se eu namorasse alguém sem ciúme, surtaria. Quem ama, cuida", diz a estudante Talita Denardo, de 19 anos, de Americana (SP). Assumidamente ciumenta, ela não nega que faz escândalo e vasculha o celular do namorado. "Peço as senhas dele com carinho, mas se ele não passar, recebe algumas ameaças", ri. "Deleto contatos de meninas do celular e do Facebook dele e já quis partir para cima de uma garota. Como meus amigos não deixaram, comecei a gritar com ela", conta a estudante, que não nega o constrangimento pelo qual fez o namorado passar.

Talita explica que acredita na fidelidade do namorado, mas que tem esse tipo de comportamento por desconfiar das pessoas em volta dele. "Não gosto de gente folgada que sabe que ele é comprometido e investe mesmo assim", diz.

Em "Malhação", Eric e Josiane se desentendem por ciúme do rapaz

De fato, outras garotas interessadas em Renan, o namorado de Talita, podem aparecer, mas para o professor da Faculdade de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC-SP Miguel Perosa, o ciúme é muito mais uma insegurança do que uma reação a uma ameaça real. "Ele é a expressão de uma insegurança e medo de perder o lugar em que você põe os seus sonhos de relacionamento", afirma.

Quem sente ciúme precisa que a outra pessoa demonstre que ele tem valor dando-lhe muita atenção. "O ciumento é uma pessoa que cria uma dependência do outro em relação ao próprio valor", diz Miguel. "E essa dependência está ligada à história de vida dele. Depende do quanto foi acolhido, incentivado e respeitado na infância e do quanto o seu fracasso foi tolerado", afirma o professor.

Para ele, o ciúme é também uma demonstração de que o possessivo em questão valoriza o outro, mas não é a maneira mais saudável de expressão dessa valorização. "Quando estou com ciúme, chego a me sentir mal fisicamente. Tenho enjôo, dor de cabeça, e é como se eu estivesse com algo literalmente engasgado na garganta", descreve o estudante Wellington Soares, de 18 anos, que tem crises de ciúme não só quando está em um relacionamento amoroso, mas também dos pais, dos amigos, de objetos e dos filmes favoritos.

Wellington conta que acha o sentimento natural, mas que gostaria que ele aparecesse em doses menores. "Conforme a intimidade com a outra pessoa aumenta, as demonstrações de ciúme ficam mais intensas e agressivas", diz. "Mas guardar o sentimento também faz muito mal. Queria conseguir controlar o que eu sinto, e que isso fosse um pouco mais leve", desabafa. De acordo com o professor da Faculdade de Psicologia da PUC-SP, o ciúme está ligado a uma fantasia de perda. Ou, mais especificamente, de roubo. "Com essas fantasias vem muita raiva. É como se houvesse um julgamento do outro de que não vale a pena reservar esse lugar [em que colocamos os sonhos de relacionamentos] para nós", explica.

Como lidar com o próprio ciúme

Se sentir ciúme exageradamente faz mal, é só deixar as encanações de lado e demonstrar que gosta do outro de uma maneira mais leve e benéfica, certo? Bem, de certa forma sim, mas mudar não é tão simples assim. "Sempre fui ciumenta. Tenho ciúme até de uma priminha de dois anos com meus avós, porque ela recebe muita atenção. Já fiz terapia durante um ano e meio e até ajudou, mas continuo sentindo ciúme", conta Talita.

Se desvencilhar do sentimento pode ser um processo demorado, mas é possível começar até mesmo sem ajuda profissional. "O primeiro passo é ter a absoluta certeza de que o ciúme tem a ver com insegurança, e que a insegurança pertence a ele", diz Miguel Perosa, alertando que embora a tendência do ciumento seja acusar o outro de ter cometido um erro, o problema está nele, e não no parceiro. Com o tempo, é possível entender o motivo de tanta insegurança e lidar com a questão. "À medida que o tempo de relacionamento passa, o problema pode ser resolvido sozinho", diz Miguel. "Mas .

E nada de se vingar do namorado provocando ciúme nele também. "Provocar pode ser um instrumento de sedução e, para quem precisa seduzir, pode dar certo. Mas também pode afastar a outra pessoa", alerta o psicólogo.

Quando o ciúme está no outro

Sentir ciúme é difícil, mas lidar com um namorado ou namorada ciumento sem criar mais atrito e prejudicar a relação também não está entre as tarefas mais fáceis da vida. "Acho que o legal seria tentar entender o ciúme e contornar sem bater de frente", recomenda Wellington. "Não tem muito o que fazer, só não brigar, sair de perto, deixar a pessoa se acalmar e conversar depois", diz.

Mas abrir mão de algo para não desagradar o ciumento, segundo o psicólogo Miguel Perosa, não é indicado. "Deixar de fazer algo por estimular a posse", explica. "É melhor mostrar que não tem nada a ver com esse ciúme. Devolver a peteca. Algo como ‘aceito que você tenha ciúme, mas não que jogue isso sobre mim’".

Por: Nathalia Ilovatte

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