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Rony Gomes: “Um skatista brasileiro não consegue evoluir se não viajar”

“Um skatista brasileiro não consegue evoluir se não viajar”

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:11

Dono da única pista de half-pipe do Brasil dentro dos padrões internacionais de competição, o skatista Rony Gomes, de 20 anos, é uma das promessas de sua geração. No fim de junho, o paulista chegou a duas finais nos X-Games , considerados os Jogos Olímpicos dos esportes radicais, ficando em quinto lugar na modalidade Big Air (conhecida no Brasil como Mega Rampa), e em sexto na Vertical.

“Fiquei muito feliz pelo que alcancei nos X-Games, especialmente na Mega Rampa, um tipo de pista que não existe aqui no Brasil, sendo bem difícil de treinar”, diz o atleta.

Cansado de viajar para poder se esmerar nas pitas, ficando longe da família e dos amigos, Rony resolveu construir sua própria pista de half-pipe (utilizada na competição de skate Vertical), em Atibaia, no interior de São Paulo.

“Faço questão de abrir a rampa para quem quiser treinar, porque a situação das pistas no Brasil é bem difícil. Todas as pistas que eu andei antes eram fora dos padrões, e isso dificulta muito a nossa performance em competições internacionais”, avalia Gomes, que foi campeão mundial amador de skate em 2009, em torneio disputado em Tampa, nos Estados Unidos.

Na entrevista a seguir, o garoto que cresceu no bairro da Mooca, em São Paulo fala sobre seu início no esporte, sua última campanha nos X-Games e expectativas para a Mega Rampa, competição que acontece no Rio de Janeiro, nos dias 25 e 26 de agosto. Rony Gomes também fala sobre o incentivo ao esporte no Brasil e conta um pouco sobre sua relação com o ídolo Bob Burnquist, a quem era comparado no começo da carreira.

iG: Como você começou a andar de skate? 
Rony Gomes: Eu nasci no bairro da Mooca e comecei a andar por causa de um amigo do bairro. Quando ele apareceu com o skate, eu pedi pro meu pai me dar um. Comecei a andar na rua, aprendi as manobras básicas, e um dia o pai desse meu amigo me levou numa pista de skate. Foi aí que eu conheci o half-pipe e me apaixonei.

iG: E quando você decidiu virar profissional?
Rony Gomes: Foi no final de 2009, depois de ter participado de vários campeonatos amadores para jovens. Corri alguns campeonatos nos EUA como amador, e ganhei o circuito nacional e o mundial de Tampa (EUA) amadores, e consegui alguns patrocínios.

iG: Como foi competir nos X-Games 2012? 
Rony Gomes: Essa foi minha segunda participação, e foi sensacional. É muito difícil estar nos X-Games, e ter sido convidado para competir na Mega Rampa e no Vertical foi uma emoção muito grande. Há poucos anos atrás, eu estava sentado no meu sofá vendo os grandes andarem nos X-Games, e hoje eu participo dessa competição. É uma realização.

iG: Como você avalia a sua última participação? 
Rony Gomes: Durante os treinamentos, me foquei bastante na Mega Rampa, porque além da competição, é um tipo de pista que envolve bastante perigo, então precisava estar 100%. Gostei muito de ter feito duas finais, na Mega Rampa e no Vertical. Quero continuar treinando, porque tem uma molecada nova muito forte chegando. No Brasil, não existe uma Mega Rampa para treinar, então fico feliz de ter chegado aonde estou.

iG: Você é dono da única pista de half-pipe dentro dos padrões internacionais no Brasil. Como surgiu essa ideia? 
Rony Gomes: Sempre tive que viajar muito para treinar. Se um atleta brasileiro não viajar, ele não consegue evoluir no esporte. Fiquei uma temporada nos Estados Unidos, mas percebi que eu queria mesmo era ficar perto da minha família e dos meus amigos. Foi quando um dos meus patrocinadores teve a ideia de construir uma rampa. Fui atrás do terreno do meu pai e fizemos tudo. Hoje, faço questão de abrir a rampa para a galera em geral poder treinar, porque é uma situação bem difícil.

iG: Você acha que falta incentivo para o esporte no Brasil? 
Rony Gomes: Acredito que as coisas estão melhorando para os skatistas, mas ainda é algo muito precário. Como eu disse, evoluir aqui é difícil. O governo poderia ajudar mais a gente, já provamos de uma vez por todas que o skate não é coisa de marginal. Todo mundo que compete agora é de família, tem uma estrutura legal. Precisamos de mais competições regulares no Brasil, porque existem bem poucas.

iG: Dá pra viver só de skate no Brasil?
Rony Gomes: É difícil. Dá, mas são poucos que conseguem, e sempre tem aquele medo de perder um patrocínio e não poder pagar mais as contas. Eu consigo fechar as contas no fim do mês, e fico feliz por isso.

iG: Você realiza um trabalho social levando crianças carentes para andar na sua pista. Como funciona esse projeto? 
Rony Gomes: A ideia de levar a ONG Social Skate para a minha rampa foi do Sandro Soares, um amigo meu. Quis levá-los lá para bater um papo, foi um dia bem divertido, com palestras, apresentações e um espaço para eles brincarem na rampa. Fiquei feliz de abrir as portas da minha casa para eles. Tentei dar um exemplo legal para aqueles meninos e meninas, que é o caminho do esporte.

iG: Quais são as suas expectativas para a Mega Rampa, que acontece em agosto no Rio de Janeiro? 
Rony Gomes: Tenho as melhores expectativas o possível. Na hora da competição dos X-Games, acertei um combo bem legal. Quero ver se aprendo manobras novas antes da competição para poder surpreender e fazer um show para os brasileiros.

iG: Quando você começou, você era chamado de Bobinho, pela semelhança física com o Bob Burnquist. Como é a sua relação com o Bob? 
Rony Gomes: Ele é um cara muito legal comigo. Ando bastante na rampa dele, e há um tempo demos uma volta de avião com ele pilotando. Ele me ajuda sempre que pode ajudar. Tem muito desse espírito no skate. Existe a competição, mas todo mundo é amigo e ninguém quer ver ninguém caindo ou errando. Penso sempre em mim quando estou numa competição.

iG: Você tem alguma dica para quem quer começar a andar de skate? 
Rony Gomes: Tente se divertir ao máximo. Não pense em dinheiro, pense que você vai encontrar os amigos para dar uma risada. Ser extremamente competitivo e pensar só em virar profissional não vai te levar a nenhum lugar.

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