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Trabalhar com moda vira moda

Trabalhar com moda vira moda

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:38

Cumprimentar modelos com dois beijinhos no rosto, ter acesso irrestrito a backstages e ganhar brindes cobiçados fazem uma credencial do São Paulo Fashion Week parecer um passaporte irrestrito a um mundo esteticamente lindo e cheio de glamour.  E, de fato, trabalhar com moda tem lá suas glórias. É por isso que tanta gente que implora por um convite na porta do prédio da Bienal também sonha estudar moda e pertencer a alguma das panelinhas desse universo.

Mas se alguém ainda acha que viver de moda, em qualquer área, é só diversão, ledo engano. Alguns profissionais chegam a trabalhar mais de doze horas por dia durante a semana de desfiles e a maioria precisou ralar muito para chegar lá. Inclui-se, aí, varrer o chão e servir cafezinho.

Por isso, antes de se jogar de cabeça em um curso de estilismo, vale a pena saber o que gente gabaritada tem a dizer sobre a própria área e saber bem quais – e como – são as possibilidades de entrar no mundinho fashion.

Jornalistas acompanham o desfile da Cavalera na fila A (AgNews)

Jornalismo de Moda: O repórter especializado em moda e beleza estudou jornalismo na faculdade e fez cursos livres, pós-graduação e outras especializações na área. Ele freqüenta desfiles, entrevista estilistas e profissionais de beleza e é responsável por traduzir para o leitor os conceitos das coleções e como aquilo chegará à vida dele. O estudo é fundamental para analisar coleções, contextualizar tendências e identificar referências e materiais. Mas, apesar da necessidade de ter conhecimentos específicos na área, ficar bitolado não é o melhor caminho para ser um profissional de sucesso. "Um bom jornalista de moda precisa querer ser alguma coisa que não seja jornalista de moda também", afirma Nina Lemos, repórter do jornal Folha de S. Paulo. Para ela, mais importante do que conhecer todas as páginas da nova edição da Vogue Itália e todos os looks das grandes editoras, como Anna Wintour e Anna Dello Russo, é enxergar além da moda. "Eu acho que quem pensar só em moda está pensando pouco, porque tem muita coisa acontecendo. A pessoa que for ligada também em política e estiver antenado com o que acontece no mundo vai ser um bom jornalista de moda".

Assessoria de Imprensa: O assessor de imprensa é responsável por intermediar as relações entre uma empresa e os repórteres. Quando um jornalista quer entrevistar um profissional, ele procura o assessor de imprensa dele ou da empresa em que o possível entrevistado trabalha e negocia a pauta. O assessor também é responsável por manter os veículos informados sobre todas as novidades do cliente, como novas coleções, novas lojas e ações promocionais. Tânia Otranto, sócia da agência Mkt Mix, que presta serviços de assessoria para marcas como Colcci e Triton, se formou em publicidade e propaganda e teve o primeiro contato com a moda namorando um modelo e fazendo bicos em ensaios fotográficos também. Para ela, versatilidade é importante para o profissional da área. "O bom assessor tem que ter jogo de cintura. Ele lida com muitos egos e precisa ser muito neutro e entender os dois lados, o do assessorado e o do jornalista que o procura", afirma. Além disso, é preciso disposição para enfrentar as semanas de moda. "A equipe começa a trabalhar quase dois meses antes fazendo convites, planejando pautas e pré-agendando entrevistas", diz.

Marcos costa prepara modelo no backstage (AgNews)

Cabeleireiro e maquiador: Todos os desfiles das semanas de moda têm profissionais renomados cuidando do cabelo e maquiagem das modelos. Os penteados, as cores e cada detalhe, dos grampos aos cílios postiços, são definidos pelo profissional de beleza, em consenso com o estilista, antes da correria da semana de moda começar. "Um bom profissional de beleza tem que ter, em primeiro lugar, um ótimo senso estético", explica Marcos Costa, cabeleireiro e maquiador que participa do SPFW desde a primeira edição, há 15 anos, quando o evento ainda se chamava Morumbi Fashion. Para trabalhar na área, Marcos aconselha o iniciante a começar como assistente de um bom profissional. "Comecei em 1983 como assistente de um cabeleireiro que fez capa da Vogue Itália", conta. Outra dica de Marcos é se manter sempre atualizado e ser versátil. "Também tem que estudar muito, ler livros, revistas comerciais e conceituais e praticar na mãe, na avó, na prima de treze anos...", afirma.

Modelos desfilam para Água de Coco no SPFW (AgNews)

Estilista: O estilista cria e assina as coleções apresentadas nos desfiles. Ele escolhe os materiais que serão usados (e essa escolha normalmente é influenciada pela economia), define o conceito da coleção e cria as peças que o expressam, para apresentar no desfile, e as que serão comercializadas. Mas, para chegar a esse patamar, é preciso servir muito cafezinho. "Primeiro você estuda, aí você vai lidar com moda. Não importa, vai varrer chão de empresa, vai trabalhar em uma loja de tecido... Mas tem que estar em contato com a área para saber o que é tecido, o que as pessoas fazem...", aconselha o estilista Jefferson Kulig. "As pessoas vão a uma loja comprar algo e falam coisas que podem fazer parte do seu processo criativo. Não queira só estar lá criando, porque isso você vai fazer só depois de cinco ou dez anos ralando", explica.

Para Jefferson, um bom estilista precisa, também, ser um bom empresário. "Tem que ter um lado empreendedor e fazê-lo andar junto com o lado artístico, senão você não sobrevive", explica. E mesmo depois de chegar ao SPFW, o estilista precisa continuar trabalhando duro. "Tem uma diferença entre fazer moda e usar moda. Quando você faz moda, o glamour dura cinco minutos, o resto é só ralação", afirma Jefferson. "Eu já peguei muito assistente que não agüentou o pique. Eles gostam do glamour, de usar moda, mas não gostam de fazer".

Modelo: De todas as profissões, essa é a que mais exige sorte. Afinal, saber se equilibrar sobre enormes saltos não basta, e nem todo mundo nasce com as longas pernas de Ana Hickmann, os belos olhos de Adriana Lima e o "algo mais" de Gisele Bündchen. "Normalmente elas têm que ser esguias, altas e ter uma beleza individual", explica Marco Aurélio Casal de Rey, booker e diretor da Ford Models. "A gente tem que achar uma beleza que não se pareça com alguém. A modelo tem que ter algo especial que chame atenção", define. Além disso, é importante se portar como profissional. "O temperamento conta bastante. O mercado é grande e uma menina não pode ser metida a estrela porque o mercado hoje em dia não quer mais digerir esse tipo de coisa, ele quer pessoas fáceis de trabalhar", ensina Marco. Saiba como é a agenda de uma modelo no dia de estreia no SPFW.

Booker: O booker é o profissional das agências que gerencia a carreira das modelos. Ele acompanha as meninas em castings e negocia trabalhos. Para Manuela Martinez, booker da Ford, o profissional "precisa ter uma certa sensibilidade nas relações humanas, porque a gente lida com pessoas o tempo inteiro. Precisa ter muito jogo de cintura e ser um bom negociador", explica. Um bom booker deve ser uma pessoa bem ativa. "O dia-a-dia de agência é intenso, a gente nunca sabe o que esperar. Não tem uma rotina, cada dia é uma situação diferente, tem reuniões, tem que ir a vários lugares, lidar com muita gente", diz Manuela.

Para entrar no mercado, as dicas da booker são: "Começar como assistente, ter muita força de vontade e ser extremamente dedicado, porque tem muita gente querendo fazer e pouca gente que faz bem. Acho que a pessoa tem que ter algum conhecimento de moda, falar inglês e se informar muito".

Por: Nathália Ilovatte

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