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Troca de casas: turismo para se aventurar e gastar pouco

Troca de casas: turismo para se aventurar e gastar pouco

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:31

Já pensou em sair de férias e gastar somente com as passagens aéreas? E, além disso, ainda poder sentir-se, literalmente, em casa? Há um tipo de turismo ainda pouco explorado no Brasil que possibilita isso: se chama Home Swapping, em inglês, ou Troca de Casas. A ideia é essa mesmo: pessoas se conhecem, conversam, marcam uma data que seja conveniente e realizam uma troca de moradia. Estranhos moram, por curtos períodos, uns nas casas dos outros, tudo com segurança e conforto que hotel nenhum conseguiria oferecer a um preço acessível.

Não se sabe ao certo como esse tipo de turismo surgiu, mas há registros no Reino Unido a partir do fim da década de 1940. Sem muito dinheiro no pós-guerra, britânicos começaram a usar seus períodos de férias para trocar de moradia com gente de outras partes do país, barateando o custo de seu descanso e aproveitando para conhecer melhor lugares que nunca tinham visitado. Com o aumento na popularidade do serviço, as primeiras "agências" especializadas se estabeleceram e não demorou para que o sistema ganhasse popularidade do outro lado do Atlântico. Em pouco tempo, britânicos e americanos estavam se aventurando e atravessando o oceano.

Hoje, a base da troca de casas é a internet e é possível encontrar um parceiro em diversos países, que oferecem casas normais, descoladas e luxuosas. O serviço é tão popular que já rendeu até uma comédia romântica de sucesso. Em O Amor não Tira Férias, Cameron Diaz interpreta uma americana rica de Los Angeles, que mora em uma enorme mansão, e resolve afastar-se do mundo e trocar de casa com a personagem de Kate Winslet, um londrina que mora em uma modesta casa em Surrey, perto de Londres. À parte a história de romance que se desenrola com as duas (com Jude Law e Jack Black, respectivamente), o filme é um perfeito exemplo de funcionamento da troca de casas. Peter Hauptmann, um austríaco de Viena, passou por situação parecida com a do filme. Ele e sua mulher resolveram se cadastrar em um site de troca de casas e, logo em sua primeira tentativa, com um casal de Florença, na Itália, se viram em uma situação engraçada. "Assim que chegaram em casa, os italianos ficaram sem graça e impressionados com nosso apartamento,porque era maior do que o que descrevemos no site", disse Hauptmann a ÉPOCA. "Como tínhamos nos mudado recentemente, tínhamos nos esquecido de refazer a descrição da casa que trocaríamos, e eles ficaram sem jeito porque acharam que a casa deles seria muito pequena e sem graça para nós. Mas não foi! Sentimo-nos muito bem lá."

Como em qualquer modalidade de turismo, as coisas podem não sair como o planejado. Ans Lammers, dona do Home For Exchange, afirma que alguns membros não saem muito satisfeitos porque a casa em que ficam não corresponde às expectativas. Ela afirma, no entanto, que esses membros são uma minoria. António Batista, representante do TrocaCasa.com nos países lusófonos, lembra que também há uma regra básica para que a tudo corra bem: "Deixe a casa do seu parceiro de troca igual ou melhor do que a encontrou". Da mesma forma, é importante que a pessoa deixe sua própria casa arrumada. Uma forma de garantir a satisfação das duas partes é mimar um pouco os hóspedes. "Normalmente, os membros deixam sempre alguma coisa na geladeira, principalmente quando sabem que vão receber crianças. E uma garrafa de vinho ou outro tipo de presentes em cima da mesa para os adultos", diz Batista. O engenheiro civil Manoel Neto, de Natal, Rio Grande do Norte, é exemplo brasileiro dessa cordialidade. "Sempre conto sobre as praias, a brisa, o Sol e a temperatura da água do mar de Natal. Deixo aqui o que é possível para informá-los, como livros, panfletos e folders. Fazemos questão de recebê-los no aeroporto, e também emprestamos nosso automóvel", afirma. Geralmente, o normal é que tudo que está em casa, incluindo os carros, faça parte da troca, a não ser que isso seja acordado de forma diferente antes.

O tipo de troca que Manoel Neto fez é indicado para quem está inseguro. É a "troca não-simultânea". Desta forma, o turista pode hospedar alguém enquanto ainda estiver em casa para só depois ir para o país de seu parceiro de trocas. Fazendo isso, é possível conhecer antes as pessoas com quem trocará e tirar suas próprias conclusões. A gerente comercial Karina Fogaça, de Canela, no Rio Grande do Sul, ficou no meio termo. Ela trocou recentemente de casas com um casal canadense que permaneceu alguns dias com eles. Karina se impressionou com a hospitalidade. "Eles foram nos buscar em Toronto e nos ofereceram um jantar em um restaurante tradicional ótimo. Chegando na cidade deles, nos mostraram os lugares que precisaríamos conhecer, como o supermercado, restaurantes, etc. Eles tinham um caderno com todas as informações importantes e todas as dicas de viagem que precisaríamos", diz.

A troca de casas, porém, não é aconselhada para qualquer turista. Apesar de todas as vantagens, tanto os responsáveis pelos sites quanto os usuários ouvidos por ÉPOCA são categóricos: se a pessoa não está disposta a confiar em um estranho, isso não é para ela. "As pessoas que aderem à troca de casa são provenientes de todos os extratos sociais. São juízes, médicos, advogados, professores, operários, aposentados…São pessoas com algum nível cultural, respeitosas e aventureiras acima de tudo", afirma António Batista. "Acho que esse tipo de experiência só é boa para pessoas que estão abertas a novas possibilidades, e só funciona se você puder se imaginar fazendo a troca sem absolutamente nenhum medo ou dúvida", diz Hauptmann. Elisabete Almeida, de Americana, São Paulo, já realizou 12 trocas e diz que o mais importante é "não agir como brasileiro" e desconfiar de tudo e todos. Mas, claro, é sempre bom estipular algumas regras para que os visitantes não só aproveitem a casa, como também possam cuidar dela. Para os mais inseguros, todos os sites oferecem uma espécie de contrato gratuito que pode ser assinado por ambas as partes garantindo que a experiência não dará errado. Para reconfortar os iniciantes, os responsáveis pelo sites dizem que nunca houve qualquer caso de roubo, agressão ou outro crime.

Quem ainda assim tem medo de se meter em furada, o casal Ben e Debbie Wosskow criou nos Estados Unidos um serviço de padrão mais alto chamado Luxe Home Swap (algo como Troca de Lares de Luxo, em livre tradução). Apesar do nome sugestivo, Ben Wosskow garante que nem só casas de luxo são aceitas, mas que o importante é ter um lugar descolado, moderno e bonito. "A ideia é termos um site para as pessoas estilosas, acostumadas a um tipo de turismo mais elegante", afirma.

Mas, no fim das contas, por que alguém escolheria passar por tudo isso em vez de simplesmente ficar em um hotel? "Trocando de casa você tem o melhor guia que alguém poderia ter (os donos da casa), muitas vezes consegue uma localização impossível de se conseguir em um hotel e, o melhor de tudo, vive a vida do habitante local", diz Karina Fogaça. A paulista Elisabete ressalta que, além de tudo isso, a pessoa ainda "se sente em casa", quase como se aquilo fosse seu próprio lar, mas longe de casa.

Serviço

Para quem se interessou, o Home for Exchange, o TrocaCasa.com e o Luxe Home Swap têm sites bastante simples de navegar. O único custo efetivamente envolvido em todo o processo é o de cadastro, que varia de R$ 78,58 (€ 35,40, o mais baixo dos três, para o TrocaCasa.com) a R$ 249,63 (US$ 159 no Luxe Home Swap) por ano. O valor permite que o usuário troque de casa quantas vezes quiser. Depois de realizado o cadastro, basta que o usuário monte seu perfil, coloque diversas fotos de sua casa e liste seus destinos preferidos. "Não tente enganar os outros ou inflar muito as características de sua casa. Conte como ela realmente é, mostre-a de verdade e você dificilmente será enganado também. Não exagere", diz Peter Hauptmann. Depois de montado o perfil, é só procurar os destinos preferidos e entrar em contato com as pessoas para tirar dúvidas, diz Wosskow.

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