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Virgem

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Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 10:05

Para onde quer que você vire a cabeça, lá está: sexo. Anúncios, músicas, revistas, filmes, motéis espalhados pelos quatro cantos. Apesar disso, há quem se mantenha firme e forte em seus ideais de pureza. Em um movimento contra a corrente, existe quem não queira nem saber, ouvir ou falar do assunto. Por medo, romantismo, religião ou opção, elas - e eles! - são virgens. E estão cada vez mais difíceis de encontrar. "Só meus amigos mais chegados sabem e, mesmo assim, alguns me acusam de estar mentindo", conta o estudante de psicologia Bernardo Sampaio. Aos 23 anos, Bernardo sabe o quanto sua virgindade causa espanto. "Existe pressão e até assédio por parte das mulheres. Algumas dizem que estou precisando, que querem me iniciar. Mas isso já não me afeta tanto. A pressão é muito mais interna do que externa. Como estou muito bem resolvido em relação à minha escolha, não me incomodo", garante. Para quem acha que a virgindade não passa de falta de oportunidade, ledo engano. Bernardo namora há quatro anos. O casal, que se conheceu na época em que frequentava a Igreja Evangélica, pretende esperar o casamento para ter relações. "Apesar de não frequentar mais a igreja, continuo querendo ter um casamento feliz, com a bênção de Deus. Além disso, não nos sentimos preparados. Minha namorada, a Taíssa, está com 20 anos. Ela teve uma criação muito tradicional. Não quero que sinta culpa ou constrangimento. Quando ela estiver pronta para assumir para si, aí, sim, acho que será o momento certo", acredita Bernardo. Convicção X Instintos Na visão de quem encara o sexo como uma parte fundamental do relacionamento, este tipo de comportamento pode ser difícil de compreender. Mas Bernardo e Taíssa interpretam o ato sexual de outra forma. Para eles, o sexo é mais do que uma busca pelo prazer. Está rodeado por expectativas e crenças. "Acreditamos que a relação sexual seja uma forma de vivenciar um êxtase resultante de um encontro entre duas pessoas que se amam. Acreditamos ainda que, quando transamos com alguém, ficamos ligados a essa pessoa, de alguma forma, para sempre. Por isso levamos esse prazer muito a sério. Gostaríamos que esse momento fosse especial, marcante e inesquecível", descreve o estudante. Apesar de toda a convicção, Bernardo reconhece que não é fácil controlar os instintos. "Em alguns momentos é bem difícil manter esta posição. Namoramos bastante, existe muito desejo entre nós. A gente se satisfaz da forma que acredita ser correta, com toques e carícias. Temos uma relação muito legal, mas sem penetração. Tudo para esperar pelo momento certo. O grande amor que existe entre nós é a forma que encontramos de permanecermos assim", poetisa o último romântico sobre a face da Terra. Pressão social  Em uma época de liberação geral, a opção de Bernardo e Taíssa chama atenção e gera opiniões intrometidas. "O sexo está banalizado. Tanto que as pessoas não acreditam que eu seja virgem. Ouço comentários maldosos, mas para o Bernardo é pior. A pressão sobre ele é bem maior. Os amigos dizem que ele deve ser gay ou estar me traindo", desabafa Taíssa. A diferença no tratamento entre homens e mulheres é típica de uma educação castradora. O terapeuta sexual Amaury Mendes Júnior avalia. "Desde pequenos sofremos a diferença educacional entre os sexos. Meninos podem fazer xixi em qualquer lugar, enquanto que as meninas têm que esperar para ir ao banheiro. Meninos têm que transar com todo mundo, mas as meninas que fazem isso são galinhas. Meninos precisam ter experiência, já as meninas precisam ser puras", compara o médico. Dr. Amaury explica que o machismo vem de muito tempo. "A menina é reprimida sexualmente desde pequena. Já o homem, quando não transa, não é considerado homem. Ele não tem liberdade para escolher, tem que fazer. A cobrança parte dos amigos, do pai, da televisão. A mulher também é cobrada, só que de que forma inversa. Ela sempre foi objeto e nunca sujeito da ação. A virgindade remete à pureza. Não era interessante que a mulher tivesse uma vida sexual. Ela está ligada a uma aura de mãe e boa esposa. Para a sociedade, é importante existir um padrão", avalia o terapeuta sexual.

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