Felicidade não consiste do que temos ou queremos ter

Felicidade não consiste do que temos ou queremos ter

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:30

Se felicidade é sinônimo de vida abençoada, podemos considerar o sermão de Jesus, registrado em Mt 5.1-12, como um ensino sobre o que é ser feliz e sobre quem são as pessoas verdadeiramente felizes (cf. Lc 6.17-23). Todavia, não se trata de uma proposta de vida facilmente aceita, pois o que Jesus propõe não tem ligação com o que geralmente associamos a nossa ideia de felicidade: conforto, conquistas e garantias terrenas.

Antes de começar a narrar a primeira parte do sermão do monte, conhecida como bem-aventuranças ou verdadeira felicidade, Mateus informa que muita gente ia atrás de Jesus para ser curada (Mt 4.24-25). O que impelia aquelas pessoas a segui-lo era o desejo pelo bem-estar, pelo alívio de suas dores, pela solução de seus problemas. O início do capítulo 5 diz que Jesus, ao vê-las, pôs-se a pregar aos seus discípulos. Não sem propósito, ele começou a falar sobre quem são as pessoas verdadeiramente felizes. O discurso do mestre foi justamente na contramão do que aquelas pessoas entendiam por viver bem. Jesus lhes deu o bem-estar temporário que procuravam, mas fez questão de ensinar aos seus discípulos que tipo de vida deveriam ter como alvo.

A mensagem de Jesus é que a felicidade não consiste do que temos ou queremos ter: saúde, dinheiro, realização profissional etc., mas do que somos ou devemos ser: humildes, sensíveis, mansos, famintos e sedentos de justiça, misericordiosos, limpos de coração, pacificadores, perseguidos por causa da justiça, injuriados e caluniados por causa de Cristo. A felicidade segundo Jesus também não consiste da esperança em recompensas humanas pelo que fazemos, mas, sim, da certeza do favor divino imerecido: os humildes têm o reino dos céus, os que choram receberão consolo, os mansos herdarão a terra, os famintos e sedentos serão fartos, os misericordiosos alcançarão misericórdia, os limpos de coração verão a Deus, os pacificadores serão chamados filhos de Deus, os perseguidos por causa da justiça herdarão o reino dos céus, os injuriados, perseguidos e caluniados por causa de Cristo receberão um galardão nos céus.

Diferentemente da perspectiva predominante em nossos dias, de que a satisfação dos próprios desejos, a conquista de bens, o reconhecimento da sociedade e as recompensas imediatas são fundamentais para alguém se sentir realizado, esse modelo de vida apresentado por Jesus tem a ver com virtudes, não com possessões; tem a ver com graça, não com recompensas terrenas. Essa felicidade é o favor divino alcançado na desonra, como o ouro tirado da lama, pois, de nós mesmos, não conseguimos nos considerar felizes pelo insulto, pela perseguição e pela calúnia, por causa do nome de Cristo; portanto, não somos merecedores de galardão algum, nem nesta vida, nem na vindoura. Então, a recompensa que Jesus promete não é um prêmio que conquistamos por algum mérito, mas é a dádiva que recebemos por mérito algum.

Temos de concordar que, da perspectiva humana, essa é uma maneira estranha de ser feliz. É preciso nascer de novo para entender que esse é o nível de vida mais alto que um ser humano pode desejar e alcançar. É a forma divina de se viver, que não prescinde das desventuras humanas, porque Deus promove o melhor do pior. Da desonra humana, ele produz vida excelente.

Eudoxiana Canto Melo   é formada em letras, revisora do Departamento de Cultura Cristã da IAP - Igreja Adventista da Promessa - e autora de estudos das Lições Bíblicas da IAP. Também colabora com artigos para o site da FUMAP (Federação das Uniões da Mocidade Adventista da Promessa).

Blog: Poeira de Ouro -   http://eudoxiana.blogspot.com/

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