Inconformados...

Inconformados...

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:06
“E não vos conformeis com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” (Romanos 12:2)
 
protestoExistem diversas características que, em comunhão, definem bem um autêntico e genuíno cristão, destaco, por ora, o inconformismo. Sim, um bom cristão é, antes de tudo, um inconformado, não há como se sentir confortável ao ser confrontado com os valores que hoje imperam, não há como ver com passiva resignação a situação das famílias, da política, da moral ou do próprio protestantismo, meio evangélico, cristianismo, ou seja lá do que chamem (gosto do nome “igreja”, o que aconteceu com ele?). Ora, se os olhos do Senhor são tão puros que não podem contemplar o mal (Habacuque 1:13), não seriam os nossos, como cópias dEle autênticas que somos, que assistiriam toda a iniquidade imperante e nos faria abaixar as cabeças, conformados.
 
Sim, somos cristãos, não, não somos conformados. O aconselhamento de Paulo é sábio, o crente em Jesus deve se posicionar e não se prostrar ante aos imperativos mundanos.  
 
Todavia, nos dizeres de Romanos 12:2 há, também, outro sentido para o conselho, a semântica toca o real sentido da expressão, quando o apóstolo conclama a que não nos conformemos com este mundo, não se tratava apenas de uma ode ao inconformismo, mas, principalmente, um apelo a que não tomemos a forma do mundo (conformar = tomar a forma). As Escrituras nos ensinam que vivemos neste mundo, porém não pertencemos a ele, portanto, há um permanente choque de identidades, diante disso a admoestação de Paulo é para que o crente não perca sua identidade de filho de Deus e adquira a forma mundana de filho das trevas. Além disso, Paulo vai além e adverte para que, além de não adquirir a forma do mundo, transformemo-lo pela renovação do nosso entendimento, a fim de que a vontade do Senhor seja alcançada.
 
Assim, podemos enxergar o panorama político atual de forma concisa e posicionada. Somos cristãos, somos inconformados, não deglutimos a impiedade, não aceitamos contemplar passivamente o mal, odiamos a corrupção, queremos transformar o mundo pela renovação do entendimento que alcançamos em Cristo, e, sim, o exercício de nossos deveres e direitos cívicos serão prestados de modo otimizado. Protestar é legítimo, atuar e militar em prol da moralidade é desejável.
 
Entretanto, há uma justa medida em nossa atuação, e essa ponderação tem tudo a ver com nosso foco, com o alvo da Igreja (esse nome me soa tão bem!), que é uma eternidade ao lado de Jesus (Filipenses 3:14). Quando Paulo afirma que “o salário do pecado é a morte”, a palavra grega utilizada para designar “pecado” é “hamartia”, expressão que remonta os conceitos filosóficos das tragédias gregas, mas que passou a ser utilizado usualmente em manobras militares, sobretudo no que se referia aos atiradores de flechas. Dizia-se que toda vez que um arqueiro errava o alvo era cometida uma “hamartia”, expressão que Paulo utilizou no sentido de PECADO.
 
Assim, a renovação do nosso entendimento nos permite concluir que errar o alvo é pecado, portanto, falando de protestos, é necessário delimitar o que é alvo e o que não é alvo da Igreja. Três verdades precisam estar expostas:
 
1ª- Esquecer que não pertencemos a este mundo é sinônimo de errar o alvo. Jesus jamais angariou bens nesta terra, não tinha sequer onde reclinar a cabeça, entrou em Jerusalém com um jumentinho emprestado, ceou com discípulos em cenáculo emprestado, morreu numa cruz emprestada por Barrabás e foi sepultado em túmulo emprestado por José de Arimateia, sabe o porquê disso? Porque investir na terra não dá resultado, a boa aparência e o prazer momentâneo perecem, Cristo não investiu em riquezas, mas investiu em você e em mim. Não seria necessário comprar um jumento ou um imóvel para cear, pois Seu tempo era curto no mundo, o desejo maior dEle era cear no Reino dos Céus, não havia propósito em comprar um sepulcro, pois somente seria usado por três dias, visto que a morte seria tragada e vencida, mas foi necessário comprar a minha e a sua vida, pois o plano dEle é passar toda a eternidade ao nosso lado em outro país não pertencente a este mundo.
 
2ª – Não, Jesus não entrará numa briga sangrenta contra satanás para definir com quem ficará o Brasil, nosso Mestre deixou muito claro que Seu Reino é eterno e que este mundo tem o seu devido príncipe:
 
“Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo; se o meu reino fosse deste mundo, pelejariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui.” (João 18:36)
 
 “Já não falarei muito convosco, porque se aproxima o príncipe deste mundo, e nada tem em mim;” (João 14:30)
 
Aliás, muitos teólogos defendem que o principal motivo da insurreição de Judas se deve ao fato de Jesus não ter promovido a rebelião política que muitos esperavam, em contrapartida é fácil notar a ira do Mestre quando o templo foi transformado em mercado barato, o que denota todo o Seu foco em um Reino espiritual, e não carnal.
 
3ª – O momento atual é profético, tem acontecido tudo o que a Bíblia vaticinou que aconteceria, a verdade tropeça pelas ruas, o direito se dá por vencido, a justiça se põe de longe e a equidade não pode entrar nas casas (Isaías 59:14), é cada vez mais comum os filhos se levantarem contra os pais, os fenômenos climáticos se intensificam, enfim, a Igreja tem ciência de que o cenário de corrupção, de mentiras, desonestidade, roubos e falcatruas corrobora com a ideia de que não tardará e Jesus virá buscar Seu povo.
 
Destarte, antes de manifestar, lembre que você é uma cópia de Jesus, você se inconforma, mas sem tomar a forma do mundo, não esqueça que bem aventurados são os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus (Mateus 5:9). Protestar, manifestar, até mesmo sair às ruas é legítimo e compatível com o exercício de nossa fé, mas, vale lembrar que o seu quarto com as portas fechadas (Mateus 6:6) é um portal de comunicação que dá acesso à maior de todas as autoridades, a alguém que não é somente Rei ou Senhor, mas é Rei dos Reis e Senhor dos Senhores. Manifestar de joelhos e dizer ao mundo que Jesus Cristo nos representa são protestos que podem muito em seus efeitos (Tiago 5:16)!
 
Proteste e manifeste, afinal, feliz é a nação cujo Deus é o Senhor!
 
 
- Saulo Daniel Lopes
 

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