No ritmo da ansiedade

No ritmo da ansiedade

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:05
ansiedadeSe pudéssemos usar uma única palavra para descrever nosso mundo moderno, creio que uma boa palavra seria “velocidade”. Nós vivemos numa época em que tudo é rápido, tudo é acelerado. E, conseqüentemente, nós vivemos num estado de constante ansiedade. Nós somos condicionados pela estrutura deste mundo, pelo ritmo das coisas, pela mídia, pelas pessoas que nos cercam, a querermos tudo “pra ontem”. O mundo ao nosso derredor tem sido estimulador do sucesso a qualquer preço, onde o fracasso é punido com o desprezo e o isolamento.
 
De um lado, o mundo valoriza e entroniza o “eu”, elevando aqueles que conseguiram atingir o sucesso na vida, sem se importar muito com os meios usados para se alcançar os fins. Por outro lado, quando a pessoa não atinge os fins que nossa sociedade estabelece, o mundo a despreza e a condena, não lhe emprestando nenhum valor.
 
O desejo de ser reconhecido pelo mundo acaba criando grande expectativa e ansiedade na maioria das pessoas.
 
Nós brasileiros, por exemplo, temos em nossas almas esse pensamento do “jeitinho”. Pra tudo existe um jeitinho. Se não estamos conseguindo o que queremos, temos que dar um jeitinho. As coisas não aconteceram ainda? Vamos lá tentar dar um jeitinho. E assim vamos caminhando, sempre ansiosos, sempre tropeçando. Sempre sofrendo as conseqüências dos nossos erros. Mas dificilmente aprendemos com eles.
 
A bíblia nos traz inúmeros exemplos de pessoas que receberam bênçãos enormes porque esperaram com paciência no Senhor. E muitas que pagaram um alto preço pela ansiedade e por fazerem as coisas segundo seus olhos. José, que se tornou governador do Egito, foi um exemplo de pessoa abençoada que soube ter paciência num momento em que a maioria não teria. Muitos talvez tivessem tirado a própria vida num ato de desespero, se passassem o que José passou. Ou o que Jó passou. Mas eles souberam esperar, e receberam o galardão devido.
 
Do outro lado, temos o exemplo do povo de Israel. Israel constantemente pecava contra Deus por conta da sua ansiedade, por que não aguentava esperar o tempo do Senhor. Deus os tirou do Egito, conduziu pelo deserto, abriu o mar para o povo passar em seco, e bastaram 40 dias sem Moisés para que o coração do povo mudasse e eles se inclinassem diante de um bezerro de ouro. Quando lemos a passagem de Êxodo 32 nós geralmente pensamos “que absurdo, esse povo era louco”. Mas quantas vezes fazemos igual? Quantas vezes nós não dissemos ou pensamos “ah não, já esperei demais, chega; agora eu vou agir!”. E agimos. E quebramos a cara. E choramos. E aí nos voltamos pra Deus. E quando voltamos pra Deus, o que queremos? De novo, que Deus resolva todos os problemas que nós mesmos criamos “pra ontem”.
 
No livro do profeta Ageu, capítulo 2, há um texto que eu acho muito interessante. O povo de Israel havia voltado para sua terra após 70 anos de exílio na Babilônia. Exílio este causado por seu próprio pecado, embora Deus tenha lhes dado muitas chances de se arrependerem. Enfim, o povo voltou, começaram a reconstruir seus lares, suas cidades, e novamente começaram a ficar ansiosos. Queriam plantar e colher logo, queriam boas moradias, queriam roupas de luxo, queriam, queriam, queriam… Daí Deus manda um recado pelo profeta (vs. 12-14): Se alguém levar carne consagrada na borda de suas vestes, e com ela tocar num pão, ou em algo cozido, ou em vinho, ou em azeite ou em qualquer comida, isso ficará consagrado? Os sacerdotes respondem: não! Daí Deus inverte a pergunta: e se alguém impuro tocar nestas coisas, as coisas ficarão impuras? A resposta: sim!
 
Moral da história que o Senhor passou para o povo: às vezes, um erro estraga uma vida inteira de projetos, sonhos e preparação. E depois que o erro está feito, não adianta querer que um acerto corrija tudo.
 
O que nos santifica e transforma nossas vidas e nossa realidade é uma caminhada duradoura e constante com Deus. É um confiar diário, é um entregar contínuo, de nossos planos, sonhos, desejos. Deus quer consertar nossos erros do passado e nos dar um futuro de paz e alegria ao seu lado, mas isso não se constrói da noite para o dia.
 
Em I Pedro 5:6, o apóstolo nos aconselha: “humilhem-se debaixo da poderosa mão de Deus, para que ele os exalte no tempo devido”. Então, temos três certezas: primeiro, os que se entregam a Deus serão exaltados por ele. Segundo, há um tempo devido para isso. Deste tempo, só o Senhor sabe. E terceiro, enquanto este tempo não chega, sempre podemos depositar sobre ele toda nossa ansiedade, porque ele tem cuidado de nós. E como é bom saber que não estamos sozinhos em nossas lutas!
 
Portanto, persista! O tempo de Deus vai chegar. E quem sabe não é hoje?
 
 
- Ricardo Silva
 

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