Vingança, entrada proibida

Vingança, entrada proibida

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:44

A cabine do piloto. A casa da moeda. A cozinha do Almanara. A entrada, em cada um destes lugares, é proibida para leigos e todos que não estão legalmente envolvidos. Nada sei sobre pilotar avião, fabricar dinheiro ou preparar comida árabe. Nestes lugares, passados os cinco minutos para satisfazer minhas curiosidades, só causaria confusão e transtorno. Minha entrada, se permitida, nada acrescentaria. Conformado, aceito as proibições, são justas.

Mas tem uma porta que de vez em quando vivo querendo entrar. Nunca consegui. Quando estou quase lá dou de cara com uma imensa placa: Proibida a entrada. Deus colocou esta placa na porta da vingança. Somente Ele entra por ela. Todos que ignoram a proibição acabam experimentando o prato frio que é a vingança, doce no início, extremamente venenoso no final. Não temos controle nem habilidade para lidar com a vingança. Sabedor do enorme perigo, Deus não vacilou, escancarou a placa: Minha é a vingança, eu recompensarei, diz o Senhor. Romanos 12.19.

Todas as vezes que tentamos nos vingar de algo ou alguém, claramente estamos admitindo que não confiamos na justiça de Deus, pois convictamente achamos que Ele não é capaz de vingar adequadamente nossa dor. É então que inconsequentemente entramos pela porta proibida. Tomados pelo ódio provocado por eventos inaceitáveis para nós, partimos para a vingança incontrolável, insaciável, incompreensível, enfim, incapaz de satisfazer nosso imperfeito senso de justiça. Sem chão, feridos e ferindo por conta da vingança praticada, lembramos do aviso na porta pela qual jamais deveríamos ter entrado: Proibida a entrada.

O ciclo da vingança não para. Observe as notícias do mundo e comprove. Caso se confirmem as informações que midiaticamente estamos recebendo, Bin Laden morreu, e daí? Milhares de americanos festejaram, para quê? Do 11 de Setembro para cá as mortes são incontáveis. Milhares nas torres gêmeas, no Afeganistão, no Iraque?por quê? Porque o homem precisa vingar sua honra e seu orgulho, seja ele homem do ocidente ou do oriente. Terroristas já avisaram: Vingaremos a morte do nosso líder. Morto, Bin Laden se tornou uma ameaça maior. Este é o prato da vingança, doce no início, venenoso no final.

Que pena! Faltam Mandelas, sobram Bushs. O líder africano deu uma lição ao mundo com sua política de reconciliação quando assumiu o poder. Evitou a óbvia porta da vingança. Óbvia e fácil para quem passava a deter o poder. Mas ainda assim, com toda a obviedade e facilidade, uma porta mortal. Mandela mostrou na prática a difícil lição do evangelho: Perdoar, inclusive inimigos.

O ciclo da vingança jamais cessará enquanto o combustível for a própria vingança. Somente o perdão faz cessar este ciclo que só se satisfaz com a morte do outro. As proibições de Deus não se encerram na palavra limite apenas, para entendê-las é precisa perceber a palavra bênção. Ser livre de úlceras, depressões, enxaquecas, pesos na consciência, transtornos, doenças mil e infelicidades que são resultantes dos processos de vingança é, sem dúvida, grande bênção para qualquer pessoa. As limitações que Deus nos impõe são fontes de bênçãos. Continue lendo os versículos 20 e 21, que fecham o capítulo 12 de Romanos, ali esta a porta permitida por Deus: Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer, se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vençe o mal com o bem.

Paz!

Pr. Edmilson Mendes

Edmilson Ferreira Mendes é teólogo. Atua profissionalmente há mais de 20 anos na área de Propaganda e Marketing. Voluntariamente, exerce o pastorado há mais de dez anos. Além de conferencista e preletor em vários eventos, também é escritor, autor de quatro livros: "Adolescência Virtual", "Por que esta geração não acorda?", "Caminhos" e "Aliança".

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