O Orgulho

Há alguns pressupostos que devemos levar em consideração antes de começarmos esta reflexão:

1. Não há justo, nem sequer um;

2. Vós fostes chamados para serdes de Jesus Cristo (Rm 1:6) - Fomos escolhidos por Cristo;

3. Porque sois membros uns dos outros - somos um só corpo;

4. Suportai-vos uns aos outros em amor;

5. Para Deus não há acepção de pessoas.

Em suma, somos todos pecadores, porém remidos e justificados pelo sangue de Cristo. Escolhidos por Deus para fazermos parte de um só corpo em condição de igualdade e sem distinção alguma e com a obrigação de agir um para com o outro em amor, para que o Senhor através da Igreja possa operar aqui na Terra.

O orgulho é um sentimento dissimulado e difícil de diagnosticar e tratar. Com certeza se perguntarmos a um grupo de pessoas quem é orgulhoso, ninguém vai querer levantar a mão porque o orgulho se esconde atrás da nossa vaidade e se não somos capazes de admitir o quanto somos vaidosos, muito menos nos acusaríamos como orgulhosos.

Muitas vezes fugimos da verdade, de Deus e enganamos a nós mesmos com argumentos como: eu sempre me visto de forma simples; não dou valor a dinheiro, posição ou status; não gosto e nem ao menos uso jóias; ajudo aos necessitados e excluídos e até me identifico com eles; sempre abro mão de conforto ou luxo.

Espero que nesse ponto você possa ter entendido que disfarçamos o orgulho por causa da nossa vaidade e para não admiti-los e também nos enganarmos e ludibriarmos aos nossos irmãos, nós abrimos mão de sua aparência externa que pode vir em forma de um carro novo, roupas de estilo, status, etc. E o escondemos em um canto bem guardado no fundo do nosso coração.

Existem, portanto alguns sinais e sintomas que nos ajudam a diagnosticar o orgulho nas nossas a vidas. Faça algumas perguntas a você mesmo como as que vou citar. Nunca me sinto ofendido quando sou criticado? Os meus irmãos sempre têm muito a me ensinar? Abro sempre mão dos meus direitos em detrimento de mim e em benefício do meu irmão?

Neste ponto, me sinto intimado a convidá-los a dar um passeio pelo livro do Gênesis, capítulo 4 (Genesis 4:7 Se procederes bem, não é certo que serás aceito? Se, todavia, procederes mal, eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo), onde está registrado o primeiro assassinato, ou melhor, fratricídio da história da humanidade que foi fruto de um orgulho ferido. O Rev. Paul Hoff escreve o seguinte a respeito: "Caim tem de escolher entre dominar sua inveja, ou ser consumido por ela. Nega-se a defrontar-se com o pecado e é levado pela violência. Atrás do fratricídio está o ódio, atrás do ódio a inveja, e atrás da inveja o orgulho ferido".

Não sei exatamente quanto tempo se passa entre a rejeição do sacrifício de Caim e o homicídio de seu irmão Abel, mas podemos inferir o que se passa dentro do coração dele pelo que está escrito. Em primeiro lugar seu orgulho é ferido gerando ira, a ira é plantada por ele em seu coração apodrecendo-o com amargura, e a amargura brota gerando a violência. Aqui cito o irmão do nosso Senhor Jesus, Judas 1:11 que diz: "Ai deles! Posto que se enveredaram pelo caminho de Caim...".

Claramente não é o tipo de sentimento que possa ou deva ter espaço no Corpo de Cristo, pois o orgulhoso se pressupõe melhor que seu ou seus irmãos e conseqüentemente passa a rejeitá-los.

A analogia usada pelo Apóstolo Paulo de "Corpo de Cristo é muito pertinente, visto que se comparamos com o corpo humano, quando um órgão rejeita o outro, temos as chamadas disfunções auto-imunes que estão catalogadas (diga-se de passagem, nem todas ainda) como as piores doenças que um corpo pode ter.

Essas doenças em geral são degenerativas crônicas e causam paralisia e disfunções em todo o sistema nervoso levando ao definhamento e à morte.

Eu mesmo pude testemunhar de perto o quanto esse tipo de doença é grave, porque um dos meus filhos teve um dos tipos e lembro que além de sentir o corpo anestesiado, a paralisia aos poucos ia tomando conta do seu corpo subindo de baixo para cima e caminhando para causar paralisia nos pulmões e coração.

Espero que com esse exemplo você possa ter entendido como o orgulho pode ser um dos piores venenos para o Corpo de Cristo, porque dessa forma Satanás canaliza os esforços de um filho de Deus contra seu irmão e tenta anular o trabalho deles, trazendo disfunções seriíssimas à obra de Deus e implantação do seu Reino aqui na Terra.

Pare agora e pense! Você não gostaria de ser o órgão que causa disfunção, gostaria?

Arlindo Barreto é pastor, teólogo, presidente do Ministério dos Artistas de Cristo, missionário, doutor Honoris Causis em Ciências da Religião e ator. Na década de oitenta, foi conhecido por interpretar o palhaço Bozo. Atualmente, tem um novo personagem, o Mr. CLOWN - o Embaixador do Reino de Deus.

Contatos: www.arlindobarreto.com.br

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