A Coragem da Fé

A Coragem da Fé

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:31

Na leitura da Bíblia, em quatro anos, chegamos ao livro de Hebreus. Fiquei impressionado com o que o autor chama de "primeiros ensinamentos da mensagem cristã" (BLHoje; na tradicional é "rudimentos da fé"), conforme explicado do final do cap. 4 ao início do 6. O Dr. Carlos Hernandez há uns meses (frente a uma cirurgia temida) disse que santidade, em última análise, é coragem; a coragem de se aproximar de Deus baseado unicamente em Jesus Cristo. Na época não entendi, não conectei bem a tradução disso para mim, mas registrei em meu coração. Ontem me surpreendi ao ver o velho conhecido texto de Hebreus 4.14-17:

"...fiquemos firmes na fé, porque temos um poderoso Sumo Sacerdote, Jesus. O Nosso Sumo Sacerdote pode ter compaixão de nós por causa de nossas fraquezas porque foi tentado do mesmo modo que nós (mas não pecou). Por isso sejamos CORAJOSOS e cheguemos perto do trono divino, onde está a graça de Deus. Ali receberemos misericórdia e encontraremos ajuda sempre que precisarmos dela".

Diferentemente do Velho Testamento, onde quem não fosse levita e se aproximasse do Tabernáculo (depois Templo) morreria, e mesmo os levitas sacerdotes precisariam se aproximar só depois de muita purificação e obedecendo regras bem específicas, agora no Novo Testamento Jesus nos apresenta um Deus de quem podemos nos aproximar com as nossas fraquezas. Isso confirma o ensino de Paulo em Romanos 8.14-17, onde ele diz que "Deus não nos deu o espírito de escravidão para outra vez andarmos com temor, mas sim o espírito de adoção, pelo qual clamamos "Aba, Papai!"

Quer dizer que a santidade (que é a "leviticidade", a dedicação exclusiva a Deus) agora realmente é dada a cada um que acredita na perfeição de Cristo como nosso Salvador. E o Deus "Fogo Consumidor", sem deixar de sê-lo, virou "Deus Papai", de quem podemos nos achegar com toda a coragem - e receberemos garantidamente misericórdia (=favor que não merecemos) e ajuda. Esse é o "descanso para nossas almas" a que Jesus se refere no vinde a mim (Mt 11.28), o mesmo descanso que o autor de Hebreus menciona no capítulo 4 (que já era prefigurado pelo sábado da Criação). O perigo que ainda está presente é exatamente o de abandonar esse acesso exclusivamente por fé (tentando voltar ao méritos conquistados pela obediência a leis), abandonar a coragem de se aproximar de Deus carregando junto nossas fraquezas e acreditando que seremos recebidos como filhinhos queridos. Somos como filhos e filhas de cerca de 2 anos de idade muito amados pelo Papai do Céu.

Isso é essencial e extremamente básico, a ponto de constituir o fundamento da fé, coisa que o autor de Hebreus queria já deixar como "ponto pacífico", sobre o qual ele gostaria de construir muitas outras coisas:

"Depois de tanto tempo, vocês já deviam ser mestres... Assim, vamos em frente...Nós não vamos colocar de novo as bases desta mensagem, isto é, a necessidade de deixar as obras inúteis e de crer em Deus;..."(Hebreus 5.11 a 6.1)

Há realmente muito espaço para progredirmos, mas a base, a "porta estreita", é essa fé no nosso Sumo Sacerdote, que o sacrifício que ele uma única vez apresentou é suficiente, e ponto.

Coragem, pois! Creia e não tema!

Karl Heinz Kepler é pastor, psicólogo clínico, editor de revista e atual presidente do CPPC (Corpo de Psicólogos e Psiquiatras Cristãos - www.cppc.org.br)

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