Coluna - Pr. Klaus Piragine
Encanto, desencanto e amor
Quando mais jovem, costumava ouvir de meu pai que em tudo na vida passamos por três estágios.
É claro que não concordava com o que ele dizia, naquele tempo a vida era movida de paixões, desejos e por realizações que não davam tempo para que os três estágios da maturidade fossem atingidos.
Mas a bem da verdade a vida pode ser melhor quando aprendemos a lidar com os encantos e os desencantos.
Em quase tudo que pretendemos realizar passamos pelo estágio do encanto, tudo parece belo, perfeito. Se pretendemos estudar, a escola nos encanta, o professor nos encanta com sua didática e conhecimento da matéria. Se procuramos uma igreja para congregar, quando a encontramos ficamos encantados com quase tudo que vemos e ouvimos nela. No começo tudo nos encanta! Não medimos elogios ao chefe, no novo trabalho pelo qual estamos fascinados.
Tudo é tão ideal, perfeito.
Mas para alguns, mais rápido do que para outros, surge a fase do desencanto, começamos a perceber que há problemas como em todo lugar, que nem tudo é tão ideal, e o fascínio se perde, não existe o mesmo brilho de antes e então vivemos o desencanto.
Críticas mais duras surgem, os pontos fracos são realçados e parecem nos incomodar mais do que antes.
Para muitos o emprego termina aqui, a igreja precisa ser trocada, a escola e professor não prestam mais. Mas o que vem depois? Existe algo além do encanto e do desencanto?
Existe sim! É nesse momento que enxergamos com os olhos do desencanto que surge o amor. Amor pela empresa, pela igreja, pela carreira. Não por que ela é perfeita, não por que estamos ofuscados pelo brilho da utopia, mas por que decidimos amar.
Acreditamos na causa, na missão, na visão de Deus para o lugar. Estamos convencidos que existem problemas, mas vale a pena viver para sana-los.
E o que é isso ? Isso é amor !
É triste que em nossos tempos a vulnerabilidade dos nossos sentimentos, o desejo de ser feliz sempre e em todo tempo nos tenha feito esquecer uma das grandes lições da bíblia; a vida passa pelo encanto, desencanto e então vem o amor.
Penso nisso na vida dos discípulos, eles estavam maravilhados pelo mestre, mas foram completamente desapontados pela cruz. Puderam fugir e nega-lo por que o encanto não é sólido, nem suporta a dor como o amor. Ficaram três dias escondidos e desencantados pela missão do Messias.
Houveram alguns que no caminho de Emaús não podiam enxergar nada mais que o seu desencanto, mas quando passaram por tudo isso surgiu o amor verdadeiro, aquele amor que pode tomar a cruz e seguir. Aquele amor que tudo suporta, tudo espera, tudo crê.
Muitos nas igrejas estão encantados pela comunidade, outros estão começando a viver o desencanto dos nossos problemas e erros, mas aqueles que suportarem o desencanto, tenho certeza, vão encontrar o amor de Deus pelo ministério.
Do seu pastor que ama sem encanto a suas ovelhas.
Paz !
Klaus Piragine é pastor, bacharel em teologia pela Faculdade Batista de São Paulo; também graduado pelo Haggai Institute - Maui/EUA; músico, compositor e produtor.
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