Perdeu a batalha trancado dentro da própria armadura

Perdeu a batalha trancado dentro da própria armadura

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:26

Esta curiosa manchete de jornal poderia ter sido incluída na magnífica fábula de Robert Fischer: The Knight in Rusty Armor (O Cavaleiro Preso na Armadura), que conta a história de um homem, um cavaleiro andante da Idade Média, sempre ocupado em salvar donzelas em perigo e matar dragões, além de outros grandes atos de bravura. Ele admirava-se com orgulho da armadura que brilhava ao sol e lhe conferia a aparência de herói. Mas por causa de sua eterna prontidão acabou se distanciando das pessoas que amava, descuidando-se de sua própria vida e família, ao ponto de não saber mais como despir-se daquela forte couraça ao chegar em casa. Não a tirava mais para comer, para dormir, para nada! Com o passar do tempo, aqueles ferros enferrujados e grudados em seu corpo acabaram lhe impedindo de executar até os mais simples movimentos, como beijar o filho, acariciar o rosto da esposa, ou dar um sincero sorriso para ela. E quando andava pelas ruas, vivia sempre pedindo desculpas aos outros, porque com uma armadura tão pesada e desajeitada estava sempre a pisar, esbarrar, derrubar e machucar as pessoas.

Ao falar de um imaginário cavaleiro medieval que tem dificuldades para tirar a sua própria armadura, Fischer está falando de nós mesmos. E nos tornamos iguais àquela personagem quando, presos aos compromissos e responsabilidades do mundo moderno, nos portamos com arrogância e com frieza de sentimentos, incapazes de baixar as armas mesmo na segurança do lar, machucando aos que estão próximos e nos esquecendo daqueles a quem amamos.

Existem armaduras que carregamos desde o momento em que nascemos, para nos protegerem dos ambientes hostis que enfrentamos durante a vida. É certo também que precisamos usar armaduras, do contrário não conseguiríamos travar nossas inevitáveis batalhas contra o inimigo (Efésios 6.11-18). E não há outra maneira de resistirmos no dia mau, a não ser que estejamos preparados e adestrados no manuseio completo deste equipamento: verdade, justiça, zelo pelo evangelho, fé, salvação, palavra de Deus, vigilância e persistência na oração.

Entretanto, toda esta "roupa de batalha", torna-se demasiadamente pesada e insuficiente para o tratamento com as pessoas comuns. Por isto que o apóstolo Paulo recomenda aos cristãos também usarem "roupas leves", que são para o tratamento íntimo e diário com todos os que são de casa (Colossenses 3.12-14):

a) "vistam-se com um profundo amor que os faça ter misericórdia pelos outros";

b) "vistam-se de compaixão por todas as pessoas";

c) "vistam-se com um caráter de bondade";

d) "vistam-se com a mansidão para exercitar a tolerância com os outros";

e) "vistam-se com a humildade de quem não se acha superior a ninguém";

f) "vistam-se com a paciência de quem suporta todas as coisas";

g) "vistam-se com o perdão para praticá-lo mutuamente, como o exemplo de Cristo";

h) "vistam-se ainda, sobre tudo isto, com mais amor… que nos fará perfeitos" e, finalmente, quando já estiverem vestidos e prontos, um último item de toda esta indumentária:

i) "deixem que a paz de Cristo vos domine".

As pessoas falam o tempo todo, mas raras vezes investem o tempo necessário para ouvir e compreender o outro. Ouvir também significa olhar as pessoas nos olhos e descobrir o que elas amam de verdade. É preciso tirar a armadura que nos acompanha e demonstrar alguma vulnerabilidade, se queremos de fato deixar que as pessoas se aproximem de nós. Precisamos compartilhar os nossos sonhos e desejos para que assim os outros vejam o nosso coração.

Observe por um instante a lista de discagem rápida do seu celular. Ali estão as pessoas mais próximas de você... talvez as mais importantes de sua vida, neste momento! Tome uma atitude agora mesmo. Vista-se para elas com a melhor roupa cristã, aquela que nunca sai de moda.

E que a paz de Cristo domine os nossos corações.

Paulo Henrique Oliveira Costa

Paulo Henrique Oliveira Costa é pesquisador especialmente interessado no estudo entre as tensões provocadas pelo que as Ciências postulam e comprovam, através dos seus experimentos científicos; pelo que a Filosofia elabora, através da lógica e da razão em diversas áreas do pensamento humano e, também, pelas convicções que as religiões e o Cristianismo nos proporcionam, através da Fé. Tendo optado por uma formação profissional em Tecnologia da Informação, área em que exerce suas atividades, nunca se afastou completamente do seu gosto pelo conhecimento e pela pesquisa, despertado em casa pelos pais. Em 2009, lançou seu primeiro livro: Alegria - Restaurando o Entusiasmo para Viver, pela Editora Fôlego, onde propõem uma alternativa viável para superarmos as fraquezas e as dificuldades nos tempos atuais, restaurando o otimismo, a esperança, a liberdade, o perdão, a saúde e a disposição para o serviço, através de uma verdadeira alegria. É casado e pai de três filhos.

Contato: [email protected]

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